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domingo

Síndrome de pânico atinge homens e mulheres de diferentes faixas etárias.


Psicólogo diz que síndrome não tratada pode desencadear outras doenças

A visão pode ficar turva, enquanto uma repentina dormência ajuda a paralisar o corpo; a ação é interrompida; os motivos do distúrbio moram nas percepções de quem o carrega
O pensamento em desequilíbrio, entre a lucidez e o desespero. Em situação de pânico, o que a mente absorve é logo multiplicado ao físico. Os sintomas são concretos. A visão pode ficar turva, enquanto uma repentina dormência ajuda a paralisar o corpo. A ação é interrompida. Os motivos do distúrbio moram nas percepções de quem o carrega. Apesar de insistente, a doença não é invencível. Afrontá-la é o passo inicial para atravessá-la. É, sim, possível viver sem medo.
A cada crise, os minutos são prolongados pela apreensão - um ataque pode durar de 20 a 40 minutos. Então, o alívio. Similar à maneira que chega, o pânico parte. Ele pode ser identificado por palpitação, sudorese, calafrio, náusea, tontura e medo - de perder o controle e de morrer. Conforme explica o psicólogo Luciano Souza, professor do curso de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), para ser caracterizado ataque de pânico, pelo menos quatro das reações físicas devem acometer - simultaneamente - o paciente.
Homens e mulheres de diferentes faixas etárias podem ser vítimas de uma crise. “Um pânico não tratado pode desencadear outras doenças”, atenta o psicólogo. Ele destaca a depressão como uma das enfermidades mais comuns a serem desenvolvidas, em função de impactos e perdas que o pânico causa. Pois, neste sentido, a autoestima de quem sofre os ataques é uma das primeiras a ser abalada pelas mudanças que a doença provoca.
Entre julho de 2012 e julho de 2015, uma pesquisa sobre saúde mental, coordenada pelo professor, avaliou a condição de 925 pacientes que buscaram atendimento na Clínica de Psicologia da UCPel. Pelo menos 10% delas - 92 - foram diagnosticadas com Síndrome do Pânico. Mais de metade deles, 48 pacientes, também portava depressão. Já em 26 pessoas foi identificado transtorno bipolar. O levantamento também apontou outros dados: 29,8% abusam de álcool e 25% são dependentes de outras substâncias químicas. A pesquisa ainda demonstrou que 71 pessoas com pânico (77,2%) são mulheres, com cerca de 36 anos. Apenas 21 homens (22,8%), com idade aproximada aos 32 anos, tinham pânico.
Episódio x Síndrome

Quando o problema não interfere no estilo de vida da pessoa, não é diagnosticada síndrome, mas ataque de pânico - pois a primeira consiste, em geral, ao portador alterar a própria rotina, guiada pelo medo. A Síndrome do Pânico pertence ao grupo dos Transtornos Fóbicos-Ansiosos, junto a outros distúrbios, como agorafobia, fobias sociais, fobias específicas, transtornos fóbico-ansiosos, ansiedade generalizada e transtorno misto ansioso e depressivo. São condições diferentes e que podem desafiar o paciente de maneiras também diversas. O que as liga é o medo, que de alguma forma está presente.
O médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Everton Perse da Silva, afirma ser comum receber chamado de pessoas que acreditam estar à beira de ataque cardíaco - quando, na verdade, é uma manifestação de pânico. “Chegamos a atender o mesmo paciente várias vezes em um mesmo dia”, relata.
 O caminho para curar o transtorno é buscar tratamento psicoterápico. Para isso, é preciso quebrar resistências. “As pessoas ainda acham que psicólogo ou psiquiatra é coisa de ‘louco’. Mas o pânico é um problema como qualquer outro” - Silva compara o transtorno às doenças clínicas, como diabetes, que carecem de acompanhamento e medicação.
De acordo com o médico, a maioria dos casos de pânico é controlada somente pelo diálogo. Conforme o estágio, o paciente pode precisar de remédios durante algum período. O especialista, inclusive, já foi vítima da doença. Em uma noite de verão, em casa, observava a filha de, na época, três anos dormir. Subitamente, foi atordoado pela sensação de que morreria e não assistiria ao crescimento da pequena. Silva não tinha qualquer razão para justificar a reação - simplesmente, aconteceu. 
Em sequência, foi até um pronto atendimento, pois acreditava sofrer de problema cardíaco. Os exames não apontaram nada. As pernas trêmulas logo denunciaram que estava passando por um episódio de crise de pânico. “Eu, como médico, me dei conta. Aí, comecei um tratamento que durou seis meses”, lembra.
Tratamento
Para a qualidde de vida, é importante receber auxílio de profissionais da saúde mental, como psiquiatra e psicólogo. A terapia comportamental é uma das linhas defendidas pelos profissionais que alegam a importância da psicoterapia, para haver uma melhora real do paciente com o distúrbio do pânico. Essa técnica tem como objetivo permitir ao portador do transtorno o autoconhecimento, para que ele possa compreender quais acontecimentos em sua vida desencadeiam os ataques.
O tratamento é feito por etapas, de maneira gradual. Nele, a pessoa se depara com as situações que a aterroriza. Aos poucos, há um fortalecimento, que futuramente permitirá o enfrentamento de suas limitações, sem traumas. O comportamento do paciente, então, mudará diante do que o atrapalha de viver plenamente - seja no trabalho, nas relações interpessoais ou consigo mesmo.

A terapia cognitiva e comportamental é outra possibilidade. Ela consiste nos métodos de visualização, técnicas de respiração e relaxamento, a fim de evitar os sintomas físicos do transtorno. O método também faz uso do enfrentamento aos medos, para eliminar os ataques de ansiedade. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), é possível receber diagnóstico e, de acordo com o que apontar, encaminhamento para atendimento gratuito, na clínica da UCPel.

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