Quando pensamos que o mundo já deu o que tinha que dar e que não há mais
o que fazer, surgem os adultos para nos animar e ensinar alguns caminhos novos
e possíveis dentro dos educandários. Não estou falando simplesmente de alunos
comuns (como muitos que "zumbinam" em nossa realidade e que ficam nos
corredores das escolas somente para preencher vagas ou garantir certo benefício
social).
Falo do EJA (Educação para jovens e adultos), homens e mulheres sem
tempo a perder, pois como já escreveu Sêneca: "[...] ninguém pensa que
alguém lhes deva algo ao tomar o seu tempo, quando, na verdade, ele é único, e
mesmo aquele que reconhece que o recebeu não pode devolver esse tempo de quem
tirou". Roubar o tempo do outro sempre custa caro, ele não pode ser
devolvido, ele se perde.
Não pense que, ao expormos isso, estamos denegrindo ou atacando algum
grupo social. Isso nem nos passa pela cabeça, a verdade é que queríamos
garantir a todos uma educação de qualidade e que formasse, no mínimo, cidadãos
críticos e civilizados. Contudo, não se espantem, já que nem sempre a realidade
corresponde ao que queremos ouvir.
Lógico, sempre é mais fácil delegar aos
professores a educação de nossos filhos. Jeitinho brasileiro, esta histórica
maneira cega de isentar nossas responsabilidades para que possamos assistir a
nossas novelas em paz.
Sorte que, ainda, temos noites mais claras ao "noturnarmos"
com alguns estudantes que não têm mais tempo a perder. Gente madura e com essa
maturidade, vêm encantar e ajudar a fazer da Escola noturna um lugar iluminado
e nobre, como outrora. Amigos que trazem uma educação forte e de outros tempos
para encantar e melhorar o nosso. E é justamente por isso que são merecedores
de toda nossa dedicação e ouvidos, pois, quando eles falam, aprendemos junto e,
inclusive, alguns são tão sábios que não têm nenhum medo de aprender também:
são ricos que nos enriquecem.
Sim, meus nobres, precisamos desenvolver outros ouvidos. Não
desenvolvendo, todos nos perderemos pela matemática macabra que nos envolve, a
matematização do que é humano. Explico: muito número para pouca qualidade. Por
estes e outros motivos que nos motivamos ao entrar em uma turma repleta dessas
pérolas bonitas e que vêm de um tempo onde a escola ainda era um ambiente de
respeito e sabedoria.
O correto seria até que alguns desses alunos fossem professores de
certos pais, que reclamam sem saber nada sobre o que são seus filhos longe de
seus olhos e dentro dessas instituições tão "sagradas" a que chamamos
comumente de escolas.
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