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quarta-feira

A corrupção e os jovens de 1964!

fantástico registrar: os adolescentes brasileiros da década de 1960 foram à luta contra o arbítrio, enfrentam todo tipo de percalço e chegam ao poder central. A garotada do “abaixo a ditadura”, do “povo unido, jamais será vencido”, do “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, do “é proibido proibir” chegou aonde um dia desejou estar. Muitos tombaram no caminho – tinha-se consciência desse risco – mas a realidade é que essa geração que foi às ruas está hoje no poder, é bom que se diga.

Hoje, para ilustrar, fico me perguntando: a partir do golpe militar de 1964 até a redemocratização do país, na década de 1980, quantas reuniões foram realizadas por tais adolescentes para decidir o tipo de Brasil a ser consolidado caso chegassem ao poder após derrotarem os ditadores? Milhares! São raros os recantos da Pátria – no campo e na cidade – onde não tenha ocorrido reunião, a maioria clandestina, com tal objetivo.

Quando minha memória se aviva nessa linha me emociono, pois não falo por ter lido nos livros. Reuniões foram feitas aos milhares para inflamar cada um e todos sobre a necessidade de não esmorecer diante do arbítrio que às vezes parecia ser eterno, intransponível. Lembro-me de muitos que, exaustos e com essa sensação tomando conta de seus seres, abdicaram desse caminho e foram cuidar de suas vidas.

Foram variados os temas dessas reuniões, pois se tratava de fazer o novo Brasil e nada mais complexo do que isso, embora na adolescência tenhamos aquela certeza que ilumina com segurança e deixa qualquer adulto com cara de ignorante. Claro, falávamos em democracia – às vezes para dourar a pílula – mas questões como éticas, honestidade, preceitos morais raramente deixavam de estar em pauta.

A sensação de que, naquele tempo, o Brasil tinha sido engolfado pela corrupção faziam com que colocássemos o tema como a prioridade das prioridades. Sim, dizíamos, no dia que chegássemos ao poder acabaríamos com a corrupção que só traz infelicidade, desanimo, angustia. Lugar de corrupto e de corruptores é na cadeia, vociferavamos, com a boca cheia. Lembro-me de ter ouvido a expressão “o verdadeiro revolucionário vai combater a corrupção doa a quem doer” várias vezes de lideres que chegavam dos grandes centros para nos trazer instruções de como agir a cada momento.

Pois é, quem diria, nós, os adolescentes de 1960, chegamos ao poder. Chegamos ao poder central em Brasília, estamos no lugar aonde, teoricamente, há força para fazer tudo o que gostaríamos de realizar quando estávamos na clandestinidade. E chegamos pelo voto democrático. E daí? Daí que reproduzimos o que havia de pior nas elites corruptas que combatíamos, botamos a mão em dinheiro publico com a cara deslavada traindo nossas promessas em busca de um Brasil decente.



Diante de escândalos que pipocam às centenas como mensalão, privataria, petrolão, patrocinado por ex-adolescentes que estavam nas ruas arriscando a vida para um dia acabar com a corrupção, cabe a pergunta: o que falhou, o que deu errado entre a luta difícil, cheia de riscos e a chagada aos salões acarpetados, cheios de mordomias?

Quem explica que o jovem de 1964, inundado de idealismo, que arriscou a vida, que foi torturado, que foi preso, se torne no adulto de hoje com cara de pau suficiente para patrocinar um dos períodos mais tristes da nossa história do ponto de vista ético e moral? Como esses adolescentes se atolaram na corrupção e se lambuzam com tudo o que condenávamos na maldita “direita” que condenamos com tanto rigor tão logo chegam ao poder.

É terrível tudo isso. Também no Brasil a utopia do homem novo fracassou. O que nos levou às ruas em 1964 morreu em algum momento depois de uma efêmera vitória. O que nos levou às ruas contra a ditadura morreu e no seu lugar veio algo que nos encastela em apartamentos tríplex para sermos iguais aos que condenávamos.

O que nos levou às ruas em 1964 precisa ser resgatado em 2015, este é o novo desafio.

Ivaldino Tasca.



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sábado

Por que a evasão do Ensino Médio não para de crescer?

O escritor carioca Carlos Heitor Cony, integrante da Academia Brasileira de Letras, declarou que, aos 20 anos, sabia latim e era capaz de recitar trechos inteiros do Pro Milone, de Cícero, mas que era incompetente nas coisas práticas e necessárias. Ele não sabia sequer tomar um bonde.

O relato de Cony levou-me a refletir sobre a função social do Ensino Médio nas escolas brasileiras, em um momento em que nos são apresentados dados que indicam a evasão dos alunos neste nível de ensino. 

Há debates que propõem princípios, fundamentos e procedimentos a serem considerados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar, objetivando a vinculação da educação escolar com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando o exercício da cidadania e proporcionando a preparação básica para o trabalho.

Diante dos encaminhamentos propostos, parece-nos que os conteúdos curriculares devem estabelecer a relação entre teoria e prática por meio de situações próximas à realidade do aluno, a fim de que a aplicação dos conhecimentos adquiridos na escola permita a compreensão crítica e a revisão das situações da vida cotidiana. Todavia, quando nos aproximamos da maioria de nossos alunos e, sensivelmente, ouvimos suas vozes interiores, escutamos uma queixa muito semelhante ao lamento de Cony.

Nossos jovens, geralmente, não conseguem fazer conexões entre o saber escolar e o exercício prático desse conhecimento. Esse é, a meu ver, um fator fundamental, dentre outros, que justifica a evasão dos alunos. Falha deles? Penso que não. Problemas complexos exigem reflexões não lineares e abertas.

 É preciso olhar para todo o contexto e buscar possibilidades.
Culpar somente os alunos é uma atitude reducionista. Disse Bertolt Brecht: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem". Da mesma forma, dizer da incapacidade, desmotivação, desencanto e desinteresse dos jovens com relação à escola é ignorar todo o entorno sociocultural que, intercambiando com o sujeito, o constrói. Olhemos para os fazeres pedagógicos, para as inferências didáticas, para o discurso e a postura educativa, para a organização do ambiente escolar, para a forma com que agrupamos os alunos, para os conteúdos que elencamos como fundamentais, para as avaliações que organizamos.

 Não seriam, também, responsáveis pela evasão dos jovens?
Vamos mais longe. Atualmente, em nosso país, existe fraca relação entre a conclusão da escolaridade e a inclusão no mundo do trabalho. Os sucessos sociais e profissionais estão diretamente relacionados com os saberes conquistados na escola? O que fazer? Nesse caso, manual de instruções não existe. Cabe-nos, como educadores, procurar caminhos de conexão entre o que ensinamos e o que faz sentido para o aluno e para a vida.

Tarefa fácil? Evidentemente que não. Aliás, muito difícil. No entanto, é possível, para aqueles que acreditam nas pessoas e têm como eixo balizador de sua vida a educação como ato social de mudança do mundo. Este é o desafio; afinal, o ato educativo é uma prática política que requer muita reflexão e coragem, já que no seu âmago reside a esperança da transformação. 

Transformação para quê? Para os alunos não ficarem assustados e confusos, na hora de tomar o bonde, ou pior, decidam pular dele porque não sabem para onde vai.


segunda-feira

A transformação do mercado de trabalho pela mulher

Durante muitas gerações, tudo o que se esperava de uma mulher era que ela ficasse em casa e cuidasse do lar. Trabalhar fora era sinal de extrema pobreza e condição inaceitável aos olhos da família. Ao longo da história, a transformação desse ideal corresponde a uma das principais evoluções da sociedade moderna.Dos anos 70 para cá, a diferença é gritante, as mulheres ganharam força e poder econômico, tornaram-se responsáveis por transformações culturais e mercadológicas, desempenhando as mais diversas atividades profissionais e diluindo o preconceito.


Mas, o que aconteceu no decorrer dessa longa e sofrida história para que se operasse tal transformação? A conquista do mercado de trabalho representou para a mulher um extenso percurso de suor e vitórias, e a evolução histórica de suas profissões e atividades talvez possa esclarecer melhor os bastidores dessa luta.

Nesse contexto, às vésperas da Revolução Industrial, a mulher das camadas populares foi submetida à produção fabril – divisor de águas na história das profissões femininas. A Era Industrial incorporou subalternamente o trabalho da mulher no mundo da fábrica, aproveitando suas facilidades com o manejo de tecidos e separando, definitivamente, as atividades domésticas do serviço remunerado fora do lar. Durante todo o século 18, as perspectivas de trabalho para as mulheres se expandiram, mas, em decorrência do alto contingente de operárias, os salários baixaram ainda mais. Da parte dos homens, temia-se que a instrução feminina resultasse numa queda salarial para todas as classes trabalhadoras. Não faltou quem as acusasse de roubar seus postos de trabalho.

Essa abertura do mercado desenvolveu a versatilidade e a flexibilidade de funções no perfil da mulher, visível ainda hoje em suas relações sociais. Em seu itinerário, ficaram acumulados os afazeres do lar e as atribuições do cargo nas fábricas. A ela cabia, agora, cuidar da prole, das obrigações domésticas e também do trabalho remunerado, acúmulo que positivamente influiu em seu caráter ousado e independente. No decorrer da história, a mulher se mostrou peça fundamental tanto no âmbito familiar quanto nas relações profissionais do mercado.

A grande conquista feminina no mercado de trabalho ocorreu somente com o início da Segunda Guerra Mundial, quando as mulheres se tornaram uma importante mão de obra para as nações europeias. A indústria bélica não poderia parar e ficou a cargo de muitas mulheres a fabricação de peças para armas, tanques e aviões. É verdade que essa pedra estava longe de encerrar o preconceito e superar as antigas contendas. Ainda assim, a mulher se firmava a cada ano como peça fundamental do mercado, assumindo profissões tidas como predominantemente masculinas. Já foi o tempo em que a mulher que trabalhava como motorista de ônibus, árbitra esportiva ou mestre de construção civil causava choque na sociedade.

Elas hoje estão em praticamente todas as áreas: na engenharia da computação, aeronáutica, polícia militar, política, no futebol, dentre outras tantas. Os anos 90, em particular, foram muito favoráveis para o fortalecimento da mulher profissional. Nessa década, a mulher viu aumentar o seu poder aquisitivo, seu nível de escolaridade, e conseguiu reduzir ainda mais a diferença salarial em relação aos homens. Hoje, o número de mulheres com formação universitária ultrapassa o saldo masculino. Elas estão crescendo cada vez mais no mercado de trabalho, conquistando lideranças e já assumem o comando das famílias.

As diversas alterações nos padrões culturais e valores referentes aos papéis familiares ao longo da história, intensificadas pelos movimentos feministas que impactaram os anos 70, resultaram no perfil da mulher atual, a cada dia mais produtiva, criativa e independente. O seu sucesso neste ambiente tão competitivo e hostil é resultado direto de sua vitalidade, competência, vigor e persistência na conquista de seu espaço.

Claiton Fernandez.

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sábado

Grupo internacional de cientistas redesenha a "árvore da vida" dos pássaros

Um grupo internacional de cientistas sequenciou o genoma de 45 espécies de aves, em um esforço sem precedentes para redesenhar a "árvore da vida" dos pássaros.




O projeto, que envolveu centenas de pesquisadores de 20 países ao longo de quatro anos, teve os resultados divulgados nesta quinta-feira (11), em 29 artigos científicos publicados simultaneamente, oito deles em uma edição especial da revista Science.



Supercomputadores foram usados para analisar a enorme quantidade de dados. Os resultados revelaram como vários ramos da família das aves divergiram em diferentes espécies, o que deverá ajudar a responder antigas questões sobre a evolução a partir dos dinossauros.



Segundo um dos cientistas que participaram do projeto, o brasileiro Claudio Mello, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon (Estados Unidos), pela primeira vez, dezenas de espécies foram sequenciadas dentro de um mesmo grupo de vertebrados. Ele afirma que a quantidade de dados obtidos permitiu traçar a árvore da vida (ou árvore filogenética) com confiabilidade inédita.



"As aves são um dos grupos mais diversos que existem, com cerca de 10 mil espécies. Essa diversidade tornava complexa a tarefa de entender as relações entre elas e, por isso, até hoje não tínhamos uma árvore filogenética confiável."



De acordo com Mello, ao acessar os dados genômicos completos de pelo menos uma ave das principais linhagens, foi possível reorganizar a árvore e compreender o parentesco entre as espécies. "A árvore da vida era baseada na similaridade de traços observados nas espécies, agrupando aves de rapina, aves aquáticas e assim por diante. Com os dados, conseguimos ver que várias classificações estavam erradas."



O estudo fortalece a teoria do "big-bang" da evolução das aves, que se diversificaram em muitas espécies em período considerado curto, entre 10 e 15 milhões de anos, após a extinção dos dinossauros, há cerca de 70 milhões de anos. "Muitos ramos surgiram quase simultaneamente. Isso aumentava a dificuldade para organizar a árvore evolutiva das aves. Agora, temos dados confiáveis que deverão gerar muitas descobertas nos próximos anos."

Fonte: Estadão Conteudo

quinta-feira

Como é a vida em um deserto

Não é nada fácil. Além do clima altamente seco e da água escassa, as mudanças de temperatura são enormes


Não é nada fácil. Além do clima altamente seco e da água escassa, as mudanças de temperatura são enormes: de dia, o calor é de rachar, acima dos 40 ºC; de noite, faz frio abaixo de zero. Mas, apesar de todas as dificuldades, milhares de animais habitam os desertos, que têm diferentes características dependendo da região do planeta onde se localizam.



O Saara, por exemplo, talvez o mais conhecido de todos, é uma imensidão de dunas com oásis em pontos isolados. Já os desertos do sudoeste dos Estados Unidos têm o solo de terra batida e uma vegetação em que predominam os cactos. Em cada um deles vivem animais específicos, que desenvolveram curiosos mecanismos fisiológicos e comportamentais para sobreviver. Raposas, morcegos, muitas cobras e a maioria dos roedores só saem das tocas à noite, quando a temperatura cai.



Outros bichos, como o chamado esquilo-do-solo (Spermophilus tereticaudus), encontrado nos desertos do México e dos Estados Unidos, entram em estado de estivação - nome dado à hibernação nas regiões quentes - quando o calor é excessivo e a vegetação está seca demais. Já os urubus-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura) - também do sudoeste dos Estados Unidos - urinam nas próprias pernas para se refrescar. "Quando o líquido evapora, carrega com ele uma certa quantidade de calor. É também pela mesma razão que vários mamíferos do deserto ficam lambendo suas patas", afirma o biólogo José Eduardo Pereira Wilken Bicudo, da Universidade de São Paulo (USP). Os bichos do deserto também adotam estratégias curiosas para driblar a falta de água. Muitos são capazes de tirar todo o líquido de que necessitam dos alimentos que consomem, principalmente cactos.



Até como aproveitar ao máximo qualquer tipo de umidade, por menor que seja, eles sabem. "Os ratos-cangurus (Dipodomys deserti) vivem em galerias sob o solo completamente fechadas, criando um microclima favorável à vida", diz José Eduardo. Assim, eles evitam que a umidade exalada pela respiração escape, podendo reutilizá-la, graças a sofisticadas estruturas nasais. Outros truques interessantes dos ratos-cangurus - e de outros animais capazes de sobreviver nos desertos mexicanos e americanos - podem ser conferidos nos destaques abaixo e na página da direita.



Orelhão refrescante



As orelhas desproporcionais e cheias de vasos sanguíneos das lebres da espécie Lepus californicus servem para liberar calor quando o animal descansa na sombra. Membros da mesma espécie que habitam regiões de temperatura mais amenas possuem orelhas bem menores



Urina reciclada



Além de viverem protegidos do calor em galerias subterrâneas, os ratos-cangurus (Dipodomys deserti) - roedores semelhantes a pequenas cobaias - possuem uma arma importante para sobreviver na aridez do deserto: rins altamente eficazes, dotados de tubos microscópicos que extraem a maior parte da água presente na urina, fazendo-a retornar para o organismo do animal



Economia Preciosa



Conhecida como roadrunner e popularizada nos desenhos animados do Papa-Léguas, a ave Geococcyx californianus é um dos mais famosos animais dos desertos americanos. Ela consegue reabsorver a água contida nas fezes antes de evacuar. Além disso, o excesso de sal do seu organismo é eliminado por glândulas nasais em vez de sair pela urina, preservando os líquidos internos



Peixe Milagroso



É difícil de acreditar, mas existem peixes capazes de viver no deserto. Um desses raros casos é o pupfish (Cyprinodon macularius ou diabolis), peixinho colorido de apenas 6 centímetros que vive em nascentes e lagoas de águas quentes. Quando o inverno se aproxima e a água esfria um pouco, ele entra em estado de dormência, enterrando-se no fundo da lagoa para ali permanecer até o começo da primavera



Lagarto ligeirinho



Os lagartos do deserto se mantêm em atividade até mesmo nos horários mais escaldantes do dia. Mas, para se defender do calor do solo - que pode superar os 60 ºC -, eles se deslocam em alta velocidade. O chamado lagarto-do-colarinho-vermelho (Crotaphytus collaris) chega a ficar de pé e se locomover apenas sobre duas pernas, uma raridade para esse tipo de réptil



Dublê de tatu



A tartaruga-do-deserto (Gopherus agassizii) é capaz de suportar temperaturas das mais elevadas graças a sua habilidade para cavar buracos e se enterrar neles. Ela chega a passar 95% de sua vida dentro dessas tocas. Avesso ao frio, o bicho entra numa espécie de hibernação durante o inverno, quando todos os seus mecanismos fisiológicos funcionam lentamente, economizando o máximo de energia



Mundo estranho.

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