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quinta-feira

O efeito pedagógico das punições


Soube que há famílias preocupadas em educar os filhos para responderem por seus atos doa a quem doer. Sem essa de passar a mão na cabeça. Não sabem o alívio que senti. Por momentos, considerei que alguns danosos exemplos nas altas esferas poderiam criar uma sensação de impunidade difícil de ser revertida. Que nada. Cito alguns casos:

Juquinha, cinco anos. Peraltice: apanhou uma tesoura na gaveta da cozinha e cortou os cabelos da irmã mais velha enquanto ela dormia no sofá. Foi pego em flagrante pela vítima e escapou do linchamento por intervenção da mãe, que marcou o julgamento para a hora em que o pai chegasse do trabalho. Condenado em primeira instância, apelou para os avós. Depois, esperto, foi usando as mais diversas manobras protelatórias, todas (bem) legais. Porém, não pensem que o moleque saiu ileso. Nada disso! Pouco antes dos 17 anos, passou uma semana in-tei-ra sem videogame.

Maricotinha, sete anos. Peraltice: reuniu os vizinhos do prédio para juntarem fezes de cachorro na calçada e, depois, foram jogar a carga preciosa no pátio da dona Alzira, moradora do apartamento térreo. Acabou delatada pelo Dudu, quatro anos, que não soube explicar por que razão estava com as mãos fedendo. Ele, e todos os demais, safaram-se das carraspanas acusando a danada. A menina apelou o que conseguiu. Nem assim saiu impune: quando estava no terceiro semestre da faculdade de direito, foi obrigada a passar um mês sem ir na casa dos amigos. A lamentar apenas o fato de ela nem morar mais na mesma cidade, o que maculou um pouco a decisão da mãe.

Pedrinho, 12 anos de idade. Peraltice: falsificou a assinatura do pai nos boletins escolares durante os primeiros trimestres, mantendo escondidas suas péssimas notas. Contou com a animosidade do casal em processo de separação para ir se escapando. Flagrado diante da iminente perda do ano, soube usar com maestria a polarização entre os julgadores – mais preocupados em mútuas acusações – para adiar a sentença por bastante tempo. Sem chance de leniência, foi avisado que não passaria o verão na praia com os avós. Aos 23.

Ana, 15 anos. Peraltice: falou que passaria o final de semana com a Rita e foi para a casa do Ricardo. Castigo: os pais a proibiram terminantemente de namorar o rapaz. Quando do já inapelável veredito, na hora de se fazer cumprir, Antônio Carlos Jr., filho da Ana, perguntou quem era Ricardo. Ninguém lembrava.

Em todos os casos, o castigo deixou uma importante lição aos peraltas. Não é?


 

terça-feira

Dilma defende reajuste para professores em meio a polêmica no RS

Observada por Tarso, Dilma cobrou no Piratini melhores salários para os professores
 
Em meio a uma mobilização de professores estaduais no Rio Grande do Sul, a presidenta Dilma Rousseff defendeu nesta segunda-feira, em Porto Alegre, o aumento da remuneração do magistério. Ela fez a afirmação durante discurso sobre a destinação dos royalties do petróleo para a educação ao lado do governador gaúcho, Tarso Genro (PT), que enfrenta constantes atritos com a categoria. 
 
Dilma disse que a aplicação dessa verba no setor, já definida em lei, foi um dos "momentos mais importantes do País" e que é preciso buscar um padrão de remuneração "similar" ao dos países desenvolvidos. "Temos que colocar [recursos] no pagamento melhor dos professores. Porque, sem isso, o Brasil não será uma nação desenvolvida", afirmou.
 
Os professores do Estado encerraram na sexta-feira passada uma greve de duas semanas por melhores salários. O pagamento do piso nacional do magistério é uma das principais polêmicas do governo Tarso. 
 
O governador prometeu o cumprimento da lei do piso na campanha eleitoral de 2010, mas, ao assumir o governo, foi à Justiça questionar o modelo da remuneração. Ele afirma que houve uma mudança no cálculo dos reajustes do salário nacional que faz com que os Estados não tenham condições de arcar com os custos. 
 
Na semana passada, um grupo de professores fez um protesto na frente da casa de Tarso em Porto Alegre e acabou dispersado por PMs com gás lacrimogêneo. Sem ter suas reivindicações atendidas, os sindicalistas encerraram a greve, mas prometeram manter a pressão sobre o governo.
 
Por Folhapress
 
 
 

segunda-feira

A Educação no discurso e na prática


O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, certamente desagradou os professores com seus pronunciamentos recentes. Ele afirmou que é necessário haver um amplo diálogo com a categoria para reduzir o número de falta dos profissionais ao trabalho e evitar períodos de greve longos demais, prejudiciais aos estudantes.

 O ministro esqueceu-se de colocar o ponto de vista do professor em sua fala.

 A maioria da categoria só falta por questões de saúde, em grande parte relacionadas ao estresse da sala de aula e à falta de condições de trabalho.

Mais: as greves, longas ou curtas, ocorrem por motivo importante. A principal bandeira dos professores hoje, o Piso Nacional do Magistério, não tem sido atendida país afora. Veja-se o caso do Rio Grande do Sul, por exemplo.

Mercadante, claro, defendeu o direito à greve.

 Disse, porém, que é preciso estabelecer um “diálogo aberto” e um “esforço coletivo” para tratar do tema. “Os períodos de greve estão ficando longos demais para o prejuízo que trazem à escola. Muitas vezes, as manifestações precisam encontrar caminhos mais criativos.

 O direito de greve é um direito fundamental, e lutamos por isso, mas temos tido greves muito prolongadas em que os danos são irreparáveis e as crianças não têm como se defender”, disse o ministro à Agência Estado.

Mercadante considera alto o número de faltas dos docentes da educação pública.“Precisamos fazer uma campanha, ter um diálogo com os professores para diminuir as faltas." Para ele, não é possível aceitar os indicadores de faltas registrados hoje no país.

"É verdade que as condições não são as melhores, que os salários não são adequados, que é preciso melhorar a segurança na escola, [melhorar] a carreira", reconheceu o ministro.

"No entanto, o que a criança perdeu naquele dia de aula ela nunca mais repõe”, afirmou. Segundo Mercadante, mesmo que a aula perdida seja reposta posteriormente, o estudante sofre uma perda irreparável no processo de construção do conhecimento.

O ministro não deixa de ter razão quanto às consequências das greves prolongadas. Contudo, não se pode examinar a questão por apenas um lado.

Ao fazer isso, Mercadante praticamente rotula de irresponsáveis os professores. E “eles” não são irresponsáveis como governo?. Ao contrário.

 Em tempos nos quais todos celebram a volta da população às ruas para reclamar seus direitos, é indispensável não esquecer que das ruas os professores nunca saíram....

Uma pedagogia para o homem


Seguidamente acompanho pelo facebook ilustrações que buscam a valorização do professor, para que também se valorize o processo educacional. Embora todos sejam bem-intencionados, não os compartilho, porque julgo que são equivocados. Da mesma forma, há um engano perigoso em se acreditar que um conjunto de meios eletrônicos pode substituir os elementos rotineiros de uma sala de aula nas diferentes etapas do aprendizado.

Recentemente, os diversos governos têm se preocupado em qualificar o ensino exigindo formação superior para os professores. Desta forma, aumentou o volume daqueles que obtêm graduação superior, em detrimento da qualificação para aqueles, que faziam do magistério (em nível de segundo grau), um ponto de partida para o grande desafio que é entrar em sala de aula e dar conta do recado.

As “pedagogias” do terceiro grau deixaram de lado a preparação prática, que, em muitos casos, estando no meio dos alunos, prova a velha máxima: “Na prática, a teoria é outra!”. Não há uma receita única para lidar com uma classe de 20, 30 ou 40 alunos. Aprende-se no “olho no olho” que se trata de indivíduos, cada um necessitando de certo tipo de motivação para encaminhar o seu aprendizado.

Eletrônicos podem servir como entretenimento. Veja-se uma sala de aula de curso superior em que, muitas vezes, um bom número de alunos encontra-se com seu notebook, tablet, smartphone acionados não nos conteúdos que estão sendo apresentados, mas viajando pela internet e pelas redes sociais. Neste caso, um professor pode se incomodar, mas precisa solicitar que, ou deixam seus brinquedos eletrônicos ou deixem a sala de aula.

Também nas redes, seguidamente há postagens falando a respeito da integração entre a educação que inicia em casa e se prolonga através da escola. A formação de uma criança tem que ter, obrigatoriamente, a cumplicidade entre aqueles que são os responsáveis primeiro - os pais - e os que dão ao processo formal a continuidade para o caminho do amadurecimento.

Os recursos financeiros, físicos e eletrônicos são muito bons. Mas são apenas instrumentos que se podem aperfeiçoar. Uma das postagens recentes era de uma sala de aula a céu aberto na África, em que um professor tinha uma parede meio destruída, um quadro-negro e cerca de 40 crianças sentadas em latas, tocos, bancos rústicos.

Ali está o autêntico espírito do que é ensinar: força de vontade. Tanto de quem se propôs a ser um educador, quanto daqueles que foram motivados, distantes do conforto, a empreenderem uma longa caminhada que os diferencie para os rumos que desejam tomar em suas próprias vidas.


Se desejar deixe aqui seu comentário.

quarta-feira

Infâncias sequestradas


Soluções mágicas não existem, aliás, as mesmas, resultaram nos índices que hoje fazem nossa sociedade declarar sua derrota perante os desafios da existência. Então, diante das propostas de mudanças velozes, junto, veio, por outro lado, ofertas cada vez mais nocivas a nossa sociedade, afinal, a ausência de comprometimento com as transformações sociais promoveram o crescimento vertiginoso da violência, do uso e consumo de drogas, da desagregação familiar, do sofrimento e dos elevados casos de suicídio infantil (que são ocultos), da pandemia dos transtornos de humor, principalmente, a depressão.

Aumentou o acesso aos prazeres rápidos e fugazes. Tornaram as crianças, os adolescentes, os pais e a sociedade reféns da tecnologia, pois assim, são mantidos contidos, isoladamente, em suas estações tecnológicas, em seus notebooks, seus Ipods, seus tablets, sem que olhem, vislumbrem e interpretem a realidade existencial, afastando-os, cada vez mais, da proximidade com o real e doutrinando-os a virtualidade, afinal, doutrinas, independente de quais sejam, sempre levaram o homem a um ilusório conforto social, acomodando-o e alienando-o em relação aos interesses de um sistema, cujas pessoas são apenas peças mobilizadas em favor das elites dominadoras.

É inadequada, inútil e completamente demagógica a intenção do Estado em distribuir computadores a seus alunos, sem que esteja definido um projeto pedagógico. Tecnologizar-se sem critérios e objetivos bem definidos, satisfaz apenas as necessidades de um sistema onde, cada qual, é apenas mais um na escala de consumo, e isso, aos olhos da comodidade que o Estado espera, é extremamente confortável aos múltiplos interesses que correspondem às expectativas dos que controlam os meios de produção, pois, quanto mais afastado o homem estiver de suas potencialidades intelectuais, desprovido da capacidade em não apenas pensar, mas, interpretar e analisar os fenômenos sociais, muito mais vulnerável estará em relação a manipulação política, econômica e religiosa.   

Então, tais estratégias de adoecimento social começam na escola, tornando nossas crianças, pequenas peças de sórdidos interesses ao serem classificadas como o futuro de uma nação.

Não, elas não são o futuro, mas sim, o presente mais real que existe, pois, se as analisarmos não nos depararemos com dissimulações, mas, infelizmente, com manifestações que expõem a miséria existencial, próprias aos adultos, refletidas em suas falas, olhares, gestos e emoções expressas através de mecanismos transferenciais, onde elas conseguem expor o mundo que são dentro do mundo que vivem.

Nossas crianças estão gritando por socorro em um mundo que não as vê em suas infâncias, mas, que tenta impor contextos que as afastem das expressões próprias das etapas inerentes a essa fase que tanto necessita de suporte para que elas próprias possam estruturar níveis de sustentação interna, cujo sentido será torná-las capazes em enfrentar as vicissitudes da existência.

Crianças apresentam o que são, sem que se preocupem se estão agradando ou não, e é justamente assim que deveriam ser estimuladas em suas vivências, transformando cada evento da vida nas possibilidades quanto à compreensão das adversidades que, no atual contexto, as afligem, as ferem e as tornam elevadamente ansiosas, agressivas, violentas, entristecidas em etapas posteriores, desprovidas de capacidades para poderem transpor os traumas provenientes de um Estado omisso em relação a necessidade de implantação de programas de prevenção a depressão e outros transtornos, desde a mais tenra idade.

Nossas crianças estão gritando por socorro, estão clamando por infâncias que delas são seqüestradas desde o ambiente escolar, até mesmo, nas relações familiares, afinal, hoje exigem que comportem-se como adultos, que tenham capacidade em compreender situações impróprias ao universo infantil, sendo então, subtraídas no tempo para serem crianças e arremessadas e cobradas em relação as responsabilidades próprias a adultos.