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sexta-feira

Educação e violência



A violência têm aumentado, exponencialmente, nos últimos tempos. São roubos, assaltos, raptos, assassinatos, etc. Uma escalada que vem solapando a segurança dos cidadãos  brasileiros cada vez mais.
Precisamos considerar a relação da educação brasileira com o crescimento da violência e do consumo de drogas em nossas cidades.

Quanto mais a educação se deteriora, quanto mais o ensino brasileiro é sucateado, mais a proliferação de bandidos e consumidores e traficantes de drogas se intensifica.

Se a falência da educação de nosso país não viesse crescendo nas últimas décadas, se tivéssemos uma escola pública bem tratada pelo poder público, com manutenção dos prédios escolares, equipamentos para um ensino eficaz e eficiente, qualificação de professores e salário digno para esses heróis anônimos que preparam nossos filhos para a vida adulta, não teríamos tanta falta de esperança e de respeito ao próximo.

A escola deteriorada faz com que gerações inteiras tenham menos instrução e menor capacidade de chegar ao ensino superior, implicando tudo isso em menor qualificação profissional e, consequentemente, menor poder aquisitivo. E parte dessas pessoas que não conseguem ascender na sociedade, assistindo à corrupção e impunidade por parte de políticos e “autoridades” deste país, acaba enveredando pelo caminho do crime.

Então a educação – e quando digo educação estou incluindo aí o ensino público – do Brasil vem num decrescendo há muito tempo, o que resulta em gerações cada vez menos educadas. E a educação que as novas gerações recebem de pais que já vieram de geração defasada em relação à educação tratada com descaso pelos nossos governantes, tem cada vez menos qualidade, declínio esse agravado pelo sistema de ensino cada vez mais precário.

É hora do poder público dar alguma atenção à educação brasileira, ao sistema de ensino brasileiro, para termos um país com menos violência, com menos crimes, com menos corrupção.

 Um povo instruído, um povo mais culto, mais inteligente produzirá mais, terá melhor qualificação e uma vida mais digna, não precisando enveredar para uma vida de crime. Saberá votar melhor e colocar representantes decentes no poder, para que esses nossos representantes cuidem melhor da coisa pública, melhorando a educação, a saúde, a segurança em nosso país.

É uma bola de neve no sentido positivo, exatamente no caminho contrário daquela que está rolando atualmente.


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terça-feira

A verdade pertence a alguém?


A indagação sobre o que é a verdade acompanha a humanidade há muito tempo. A ciência, a religião e a filosofia têm discutido incessantemente esse assunto. Na filosofia, por exemplo, desde os pré-socráticos até hoje; passando por Platão, Descartes, Nietzsche, Heidegger e muitos outros. Nenhuma dessas compreensões de verdade é tida por definitiva, absoluta e universal. Porém, parece que a atual noção de verdade está distorcida e relacionada diretamente a um exercício de poder, ou seja, a verdade é aquilo que é dito por quem tem o poder de dizê-la.

Em uma relação de subordinação, por exemplo, a verdade é o que é dito por quem manda; no conflito, a verdade é o que é dito por quem tem o poder da decisão. Nesse sentido, para o senso comum dos juristas, a verdade estaria com o juiz que decide a causa e, portanto, revela a verdade naquele caso concreto. Assim, a verdade definitiva estaria com o Supremo Tribunal Federal que, necessariamente, será o último a julgar (quando o processo chega até lá) e, portanto, “diz” a verdade definitiva, mesmo que seja pelo uso de seu poder de “errar por último”. Contudo, essa decisão, mesmo que errada, seria a verdade dita por quem tem o poder de dizê-la.

Por outro lado, na comunicação social, a verdade está com quem tem o “poder da comunicação”, ou seja, da fala, nos meios de comunicação.

Nos últimos dias, há uma grande discussão na mídia sobre a questão que envolve o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 37; onde se discute o poder ou não de investigação do Ministério Público. Porém, não é propriamente a questão de mérito dessa discussão que agora abordo, mas como esse assunto está sendo tratado pela mídia.

Os grandes meios (partindo novamente daquelas 6,5 grandes empresas de comunicação) têm adjetivado essa PEC como sendo a “PEC da impunidade”. Ora, se a imprensa diz que ela é a PEC da impunidade é porque ela assim o é, certo? Como a imprensa diria alguma coisa que não é verdadeira, não é mesmo?

Mas será que, efetivamente, todo o legislador que votar nesse sentido, de fato quer a impunidade? Será que antes de qualquer adjetivação a imprensa não desempenharia melhor a sua função se proporcionasse um sem número de debates sérios sobre o assunto? Onde se questionasse sobre o que efetivamente nossa Constituição dispõe sobre o tema? Ou sobre que tipo de poder investigatório queremos em nosso país? Quais são os interesses coorporativos, conceituais, jurídicos e sociais que estão dando suporte a cada uma das propostas defendidas?

Por outro lado, se poderia questionar se é correta e séria a adjetivação feita dessa forma, e se os grandes meios de comunicação estão realmente fazendo um papel de “meio” com espaços para um debate amplo, franco e consequente.

Há muito que as grandes empresas de comunicação se autointitulam “porta vozes” da opinião pública, porém, sem auferir qualquer opinião propriamente pública, limitando-se a produzir e publicar uma opinião sua, como sendo pública. Portanto, uma “opinião publicada” e não pública.

Assim, fica a questão sobre o que é a verdade; qual a verdade dos fatos? Qual é a verdadeira opinião pública sobre determinado assunto? Não temos a resposta, mas uma coisa é certa: a verdade não pertence a quem pretende ter o seu monopólio, a quem pretende “possuir a verdade” somente porque tem o “poder de dizer” o que pretende que seja a verdade.

Não podemos simplesmente nos curvar sobre a verdade imposta, sobre o que já está pensado; temos de produzir o nosso próprio pensar. Pensar é criar, por isso é preciso pensar criativamente o próprio pensar e não repensar o que já foi pensado (seguindo o mesmo raciocínio, exatamente para nos convencer da “verdade” do que já foi pensado e dito por outros).

PS. Essa reflexão também vale para as “informações” referente aos protestos que se multiplicaram nos últimos dias; suas motivações e a repressão policial!


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sábado

As políticas educacionais e o último decênio


Muito tem se falado em educação, sobretudo nos últimos anos, quando o Brasil passou a desenvolver políticas públicas voltadas para a educação universalizada – ou seja, que atendam plenamente da fase infantil até a jovens e adultos.
 Hoje, segundo o Unicef, o Brasil superou o índice de mais de 97% das crianças, entre 7 e 14 anos, matriculadas em escolas. A contar em números, desde o Fundeb, sobretudo nos últimos 8 anos, o país passou a atingir metas satisfatórias mínimas em qualidade de ensino. Se continuarmos nesse ritmo, o analfabetismo poderá ser erradicado em menos de 30 anos e chegaremos, nas próximas duas décadas, a números semelhantes a algumas nações do Primeiro Mundo no quesito “qualidade do ensino”.
 Alguns pontos, entretanto, merecem demais aprofundamentos.
As modificações sugeridas pelo MEC, como o aumento de um ano no ensino fundamental, são válidas, mas o que se deve ressaltar, antes de tudo, não é o tempo que se passa na escola, mas o que se é ensinado e debatido dentro dela.
Poderá ser a melhor experiência pedagógica, se a escola conseguir “educar para o coletivo”. Nove anos, a integrar aí a pré-escola, é uma política positiva, desde que a escola e seu corpo docente estejam preparados para apresentar uma proposta viável que justifique o aumento do número de horas em sala de aula.
Os números do Ideb (Índice para o Desenvolvimento da Educação Básica), referentes a 2009, mostraram que os anos iniciais obtiveram média 4,6, seguido pelas séries finais (4,0) e, por fim, o Ensino Médio, com apenas 3,6%. Nesse último caso, reside a maior fonte de preocupação, porque entre 2005 e 2009, houve crescimento de apenas 0,2%.
O governo afirma, entretanto, que a contar do atual ritmo de desenvolvimento, até 2021, o país atingira a média 6, da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que inclui países como Canadá e Suécia, por exemplo. Um caminho foi trilhado: o de aumentar significativamente o acesso à educação: Entre 1995 e 2005, segundo o Ipea, as matrículas nas escolas municipais aumentaram de 14,1 milhões para 23,2 milhões.
Nos últimos anos, entretanto, as pesquisas em educação proporcionaram uma abrangência no que concerne à reestruturar o ensino.
Debates sobre a sexualidade e inserção de deficientes se intensificaram, bem como outros surgiram, no caso do bullying. Em 2008, a lei 11.645 tornou obrigatório o ensino de História e cultura dos povos originários e afrodescendentes.
 Enquanto na década de 1990, os neoliberais passaram a “educar para o mercado” e enfatizar a iniciativa pessoal e o empreendedorismo econômico como similares, agora a tônica passa a ser a tentativa de uma educação mais humana e solidária. Isso se dá, obviamente, por uma outra proposta de sociedade: se antes a meta era crescer economicamente, agora é o desenvolver-se socialmente.
Ao instituir o piso nacional, demos um primeiro passo como sociedade, na recuperação salarial dos professores. Porém, ainda há demandas que cabem ao Estado e aos profissionais.
O Primeiro deve proporcionar que os professores tenham plena realização profissional, fiscalizando estados e municípios na obrigatoriedade de suas metas diante do FNDE; aos professores, que sejam agentes do futuro, passando de professores à educadores, como desejava Paulo Freire. E nisso, adentra o papel da sociedade civil organizada, que deverá exigir de si mesma e de ambos os lados, o cumprimento das obrigações de cada parte.
Antes das metas do primeiro mundo, necessitamos atingir metas qualitativas próprias. Aquelas que edifiquem a sociedade e o bem comum, melhorem o presente e construam o futuro.
 Fabiano da Costa e Meila Mauren Velho de Souza.( Professor e Pedagoga)
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sexta-feira

Opinião do professor: “Educação de ocasião é um perigo”


Quem almoça fora todos os dias sabe que aquela comida variada e colorida de restaurante cai bem, e muito. Mas só nos primeiros dias. Depois, de um certo tempo, vem aquela vontade de comer um bom feijão com arroz, delicioso e que nunca enjoa. Perdoem-me os donos de restaurantes pela analogia; o propósito dessa crônica é outro. Não comida, mas educação.

Veja bem, não sou nenhum cinquentão na educação, mas tenho já uma considerável estrada no ofício de professor. Tenho acompanhado o andar da carruagem e visto como as abóboras têm-se acomodado. Nos últimos anos, o ensino no Brasil amarga resultados de último mundo. Volta e meia, lá vem alguma reforma na educação, com a defesa de que é preciso melhorá-la. E até agora, de mudanças em mudanças, ainda estamos andando em círculo, apenas. E não faltam teóricos a dizer isso, a sugerir aquilo, a colocar o professor, um herói quase anônimo, como, muitas vezes, o perfeito vilão. Boa parte dessa gente jamais pisou em uma sala de aula ou recebeu uma formação voltada para o final feliz de uma história que na verdade não existe. É gente que nunca teve uma arma apontada, que nunca sofreu ameaça de vida, que jamais ouviu palavras obscenas, que nunca fora espancado, que não conviveu com drogados...

Olha bem esse sistema que está aí no Estado. Irá aniquilar a evasão escolar? Irá detonar a reprovação? Creio que não. Não sou pessimista, mas conheço o cotidiano de escola e sala de aula. Pelo jeito, as coisas vão piorar. Se antes os alunos já tinham dificuldade de dar conta do que estudavam, agora vão ficar enredados numa teia de emaranhados a resolver durante o ano, levando-os à impotência e ao abandono da escola.

 E os professores? Precisam trabalhar em várias escolas e turnos para alcançarem a lajota que se quebrou, sem tempo, nem disposição por causa do corre-corre e da pressão de trabalho decorrente dos inúmeros problemas enfrentados todos os dias. Então, como vão interagir e planejar se o sistema é engessado? É uma contradição ter um tipo de organização escolar e viver em outro de modo surreal. Se até os tablets tiveram apagão, como essa proposta poderá funcionar?

Por isso, meus amigos, chega de conversa mole. Melhor um feijão com arroz e bem-feito. O ensino precisa ser simples, descomplicado e eficiente. A questão é mais que defender ideologias curriculares de esquerda ou de direita. É defender o que funciona e traz resultados. Os governos estufam as escolas e as universidades de gente como se fosse sobrecarregar um carro de 50 hp com uma dezena de pessoas. Impossível! O motor arria. Nem vai na banguela. Quem sabe turmas de até 20 alunos? Professores com turno de planejamento e outro para trabalho em sala de aula? Aulas de reforço semanal para ajudar alunos quando o sinal de alerta piscar nas avaliações? Quem sabe total informatização das escolas? Investimento na estrutura física? E por que não e, principalmente, melhores salários aos professores? É hora de parar com esse discurso de “trabalhadores” da educação, para trocar por “profissionais” da educação, como de fato merecemos ser reconhecidos, até porque pelo que mostra a história, trabalhadores comem carne de segunda e os profissionais, de primeira. Pode ter certeza que essas sugestões dão mais certo que ideias mirabolantes.

Alguém pode dizer que sou retrógrado, um saudosista, um tradicional de jaleco... que isso importa? Então me digam de onde surgiram tantas mentes magníficas? Que impulsionaram o conhecimento e a tecnologia até o mundo atual? Era tudo gente do tempo da tabuada, da cordialidade e da reverência nas relações. E a escola funcionava melhor.

Perdeste a fome? Que tal um feijão com arroz, um pedaço de carne, uma salada?

Volnei Ceron dos Santos, professor e especialista.

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quarta-feira

Família e Escola, uma parceria necessária


Quando pensamos numa configuração familiar de “antigamente”, logo nos vem à cabeça a família patriarcal, na qual o pai era o grande provedor e o polo dominante e a mãe, subalterna, ocupava a posição de cuidadora da família.

Mas, os tempos mudaram muito e hoje, em nossa sociedade, além da presença das famílias nucleares, temos várias outras configurações familiares. Temos, por exemplo, famílias reconstituídas, com filhos e filhas, mães e pais divorciados ou recasados; famílias monoparentais, nas quais apenas o pai ou a mãe assume responsabilidade com os filhos; famílias unipessoais, caracterizadas pelo fato de a pessoa viver sozinha por opção ou por necessidade; famílias binucleares, nas quais filhos de pais separados vivem sob guarda compartilhada; famílias homoafetivas, formadas por casais do mesmo sexo com filhos; uniões consensuais, nas quais os casais não formalizam sua união; e casais sem filhos por opção, entre outras. Finalmente, como aumentou muito o número de casais que se separam, também cresceram as famílias monoparentais sustentadas por mulheres.

Diversas causas – sociais, culturais, econômicas, afetivas e até tecnológicas – explicam essas novas configurações. Mas, o fato é que essas mudanças nos colocam novos desafios, entre eles o resgate da participação da família na vida escolar de seus filhos. Pois é sabido que, quando os pais não acompanham nem participam das atividades dos filhos na escola, estão de certa forma ajudando a aumentar a evasão escolar; o absenteísmo; a falta de comprometimento com os estudos; e as dificuldades de aprendizagem, entre outros problemas que contribuem para o fracasso escolar.

Precisamente com o objetivo de resgatar esse elo entre Família e Escola foi criado um programa chamado Pró-Família Harvard, desenvolvido pela empresa Planeta Educação. Esse programa é baseado em um projeto criado pela Universidade de Harvard, em Boston (EUA), denominado Havard Family Research Project e adaptado à realidade brasileira.

O conceito orientador do Pró-Família Harvard é simples: ao invés de culpar uns aos outros, professores e pais atuam como parceiros, de maneira a estabelecer relações e a construir confiança mútua, utilizando o tempo de convivência para dividir sonhos, expectativas e experiências, visando o sucesso social e acadêmico dos alunos.

Com metodologia inovadora, profissionais devidamente preparados visitam as residências dos alunos. Nessas visitas, o Agente Educacional conversa com a família, orientando pais e responsáveis sobre a importância da participação deles junto à escola. São oferecidas às famílias dicas simples e práticas, mas que fazem toda diferença na hora do estudo da criança em casa. Coisas como a importância da participação da reunião de pais; de ter um local adequado para realização da lição de casa, de se determinar um horário para estudos, entre outras. Em contrapartida, escola e professor recebem um retorno sobre cada aluno, com a realidade de cada criança ou adolescente. Com esse retorno, pode-se entender melhor a dinâmica familiar de cada aluno e, dessa forma, mudar o olhar e ter um diferencial no trato com esse aluno. Com a visita, a criança se sente mais importante, melhora sua autoestima e, comprovadamente, melhora seu comportamento e desempenho acadêmico no ambiente escolar.


Orientadora Educacional na empresa Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br); Formada em Serviço Social pela Univap, com larga experiência em trabalhos relacionados à Educação.

domingo

Para reduzir índices de reprovação no RS


No final da tarde do dia 6 de junho, participei de um evento organizado na Coordenadoria de Educação da cidade na qual nasci e trabalho. Era a entrega dos tablets aos professores da Rede Pública Estadual de Ensino.

Como um dos convidados (havia outra professora), fui, recebi o tablet, tiramos fotos com o secretário estadual de Educação, Jose Clovis Azevedo, e a coordenadora e, então, começou uma roda de conversa. Algumas pessoas falaram, incluindo o Secretário. No entanto, algumas questões pontuadas pelo secretário me incomodaram um pouco. Eis alguns fatos ditos:

1° - Para o secretário, precisamos reduzir os índices de reprovação no Ensino Médio;

2° - Alguns países da América Latina, como Uruguai e Argentina, e países europeus possuem índices de reprovação/evasão escolar menores que o Estado do RS;

3° - Se há reprovação, a culpa é do professor, pois se o estudante reprovou é por não ter havido aprendizagem e o responsável pelo processo de aprendizagem é quem? O professor, claro.

Mediante estas falas, minha indignação foi grande, tanta que escrevo esse desabafo. Primeiro, eu concordo que é necessário reduzir os índices de reprovação e evasão na escola pública. Não pense o Secretário que meus colegas e eu adoramos reprovar alunos, mas temos que convir que o processo avaliativo hoje estabelecido é excludente por si só e não leva em consideração fatores externos (ex.: fatores emocionais/pessoais que prejudiquem o desempenho de um aluno numa prova, por exemplo).

Ainda, duvido muito que a tal da cultura de que "professor bom é aquele que reprova" seja ainda dominante na classe. Acredito que isso foi, por alguns, superado e esse discurso não é bem assim. Sabemos disso...

Outro ponto que me impressionou foi o fato da comparação absurda com países latino-americanos e europeus, uma vez que estamos tratando de realidades diferentes, sujeitos diferentes, culturas diferentes. Oras, não sejamos tolos! Ou, então, teremos também que comparar o quanto esses países investem na Educação Básica e o quanto o Rio Grande do Sul investe. Mais: quanto os professores recebem de remuneração em cada um desses países. Não façamos comparações descabidas!

Para finalizar, me admira que a pessoa que ocupa o cargo mais importante da Educação no Estado diga algo desse tipo: "se o aluno reprova, o culpado é o professor". Ora, eu reconheço que tenho parte influente no aprendizado dos estudantes, mas vamos levar em consideração que existem outras tantas variáveis nesse processo e que não são exclusividade do trabalho docente.

Para finalizar, digo que enquanto a prioridade na Educação estiver relacionada aos números (índices de aprovação, evasão e reprovação), pouco será feito de mudança efetiva no ensino. Ou então, enquanto os números a ser analisados sejam os acima citados, creio que nada mudará.


Professor de Biologia da Rede Pública Estadual de Ensino

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terça-feira

Crianças: Quando o “não” deve ser evitado


Não corra, não faça isso, não pule aí... muitas vezes nos percebemos persistindo com os nãos repetidamente com a intenção de colocar limites, orientar e proteger os nossos filhos de situações ameaçadoras.

Geralmente costumamos fazer um mau uso do não, que deveria ser utilizado como um último recurso para evitar que ele se desgaste e perca a força com o tempo. Colocar limites e orientar vai muito além e o equilíbrio está em utilizar o não para coisas realmente importantes. Se alguém lhe pedir para não pensar em algo específico, o que lhe surge na mente? Provavelmente o que está proibido de pensar.

Estava relembrando um vídeo em que a neurocientista Suzana Herculano-Houzel explica de uma forma bem didática e clara o porquê das crianças não obedecerem aos nãos nas situações de comandos, como por exemplo: “Não pode subir aí”, “Não corra”. Em muitos momentos parece que elas nem nos escutam. A questão é que independente da fase que possamos estar nos referindo, do contexto e da personalidade de cada criança, temos que lembrar do que a neurociência nos ensina. “Existe uma parte da frente do cérebro, localizado bem atrás da testa chamado córtex pré-frontal, que entre muitas outras coisas é a responsável por impedir que a gente responda aos estímulos de maneira automática, sem pensar.” Segundo a neurocientista: “O problema é que esta parte do cérebro só amadurece na adolescência e enquanto não está madura a criança responde ao que vê e ouve fazendo o que dá na telha”.

Quando a criança escuta o “não toque” o seu cérebro se vê diante de um dilema, pois palavras como correr, pular e tocar ativam automaticamente estas ações e o cérebro se prepara para executá-las. Se a mensagem surge com um não na frente o cérebro não está maduro para bloquear a ação. Falar não pule, pode ser justamente um convite ao pulo. O que podemos fazer em relação a isto? Com estas informações inicialmente devemos nos colocar no lugar deles e pensar sobre as substituições, utilizando palavras como “parado” e “cuidado” por exemplo em uma situação ameaçadora.

Isto tudo envolve avaliar algumas crenças que temos sobre a relação pais e filhos e de refletir sobre outras maneiras de orientar os filhos, dar ordens e ditar regras. Primeiramente reavalie os seus hábitos e de que maneira os “nãos” são aplicados no seu cotidiano, controlando a impulsividade de dizer não o tempo todo evitando o dilema para as crianças. Em todas as situações as explicações do por que de não realizar determinado comportamento se faz necessária, de uma forma simples sem se prolongar demais e ao contrário de “não e pronto!”. Crianças e jovens precisam aprender a agir dentro dos limites estabelecidos com cuidado, para adquirirem uma estrutura segura para lidarem com as situações novas e desconhecidas.

 Por: Raquel Barboza Lhullier. Psicóloga, psicoterapeuta de crianças e adolescentes e especialista em Psicoterapia Cognitivo Comportamental
raquelbarbozalhullier@gmail.com

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