As inconstâncias econômicas, em especial no Brasil,
estimulam as pessoas a buscar por estabilidade. Jovens que buscam sua colocação
no mercado de trabalho, ou mesmo em suas jornadas acadêmicas, ouvem a todo o
tempo frases como: "Busque um bom emprego!", "Faça um bom
concurso!", "Não corra riscos!". Ainda que a intenção destas
frases seja, por parte de quem as pronuncia, uma tentativa de poupar as pessoas
queridas de frustrações, elas podem acabar tendo o efeito justamente inverso.
O potencial empreendedor é algo inerente à natureza
humana. As grandes realizações da história da humanidade demonstram isso.
Existem dois enormes riscos que corremos ao estimular a busca pela
estabilidade: o de frustrar aqueles cujos objetivos de vida destoam dessa ideia
e o de privar a sociedade dos feitos que podem advir de iniciativas
empreendedoras, que jamais existiriam caso seus autores vivessem a vida nessa
busca.
O que está em discussão aqui é uma questão de distintos
perfis pessoais. O que é mais importante: ter um emprego ou gerar empregos?
Diferentes respostas surgirão a partir das convicções de cada um.
Por isso, ao aconselhar alguém a não correr riscos,
podemos estar influenciando uma pessoa a seguir por um caminho diferente
daquele que faz sentido para ela. Porém, utilizando argumentos como
"crise", "insegurança" e "escassez", não é
difícil influenciar qualquer pessoa.
Será mesmo que todos concordam que o padrão de felicidade
profissional é ter um emprego com jornada de trabalho de oito horas diárias, de
segunda a sexta-feira (de preferência de meio turno!)? Será mesmo que o único
caminho é concluir algum curso superior e procurar uma carreira estável,
independentemente do nível de autorrealização que isso propicie?
Não estamos falando aqui que todas as pessoas devam ser
empresárias. O que estamos colocando em discussão é o que acontece com quem
quer ser empresário. Façamos o exercício de imaginar, enquanto alunos, quantas
vezes ouvimos a frase: "Tire boas notas ou não terá um bom emprego!".
Agora façamos o exercício oposto; imaginemos quantas
vezes, na mesma circunstância, ouvimos: "Você pode abrir um negócio e
gerar empregos!". Percebe a diferença?
Existe um cenário social que desencoraja quem quer viver
uma vida profissional diferente do padrão. E coragem é tudo que é preciso para
que o primeiro passo, que pode levar a grandes feitos, seja dado.
Formar empregados é uma expertise brasileira. Todas as
escolas e universidades trabalham nesse sentido. A família e o círculo de
amizades também desempenham bem este papel. Porém, não somente de empregados
vive uma nação.
É preciso diminuir
os índices de desemprego, aumentar o produto interno bruto e retomar o
crescimento econômico do país? Uma nação composta somente por bons empregados
dificilmente alcançará tais objetivos.
É necessário encorajar aqueles que têm como sonho abrir
negócios e que enxergam vários motivos para não ser empregados. Você não
precisa concordar com esses objetivos, não tem problema. Mas, por favor, não
mate nossos empreendedores. O futuro do país depende deles.
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