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sábado

Professores em fuga...



Não constitui surpresa saber que caiu o número de formandos em cursos que preparam docentes. O desinteresse dos adolescentes pelo magistério não se revelou repentinamente. É reflexo de um processo que vem se corporificando há muito tempo no exercício do magistério, aliado à decadência do ensino público monitorado por políticas públicas equivocadas.

Como professora de escola pública nas décadas de 1970, 80 e 90, fui testemunha da aplicação de leis, regimentos e normas pretensamente democráticas, inovadoras e revolucionárias, impostas ao professor como panacéias solucionadoras de todos os problemas educacionais. A escola transformou-se em entidade predominantemente assistencialista e ao mestre era atribuída toda a responsabilidade pelo insucesso do aluno ─ a reprovação, se ultrapassada determinada porcentagem, era sinônimo de incompetência didática. O professor foi perdendo sua autonomia e, sem ela, sente-se desprestigiado, desmotivado e desestimulado e seu aluno percebe esse desencanto.

Para esse processo de desconstrução, vários outros fatores contribuíram. Entre eles, ainda da perspectiva do docente, destaco o tratamento dispensado aos cursos de formação de professores da Educação Básica. Aos docentes que atuavam nesses cursos recomendava-se, não oficialmente, agir com complacência e não exigir muito do aluno na atividade didática. Isso porque o perfil da clientela, segundo orientadores e diretores de escola, era formado por adolescentes menos favorecidos economicamente e com poucos subsídios culturais e que, muitas vezes, ignoravam o alcance de sua vocação.

Não seria essa uma forte razão para se elevar o nível desses jovens, futuros mentores da fase mais importante e decisiva do ensino, a alfabetização? O que pensar de cursos de graduação em Pedagogia que serviram durante algum tempo de meio de aquisição de maior remuneração para docentes e acesso à classificação privilegiada na atribuição de aulas?

Via e vejo nessa atitude facilitadora e desvirtuada uma contradição que só poderia resultar no quadro preocupante que hoje mobiliza institutos de pesquisas, educadores e especialistas em educação para tentar revertê-lo. A ausência de atração pela carreira docente entre estudantes do Ensino Médio soma-se ao desalento do magistério e cria uma lacuna perigosa na formação de outros profissionais? Quem irá orientá-los? Qual é a saída desse labirinto?

É óbvio que há soluções e elas já foram apresentadas por pesquisadores abalizados como Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas. Agora falta aplicá-las. Os professores estão fugindo não por covardia, mas em busca da própria dignidade.


Por. Profª. Vera Lúcia Pereira dos Santos.

terça-feira

Gravidez na adolescência: como orientar os filhos?



Muitas mães só reparam que os filhos já têm vida sexual ativa quando surge uma gravidez precoce na família. Segundo a Organização das Nações Unidas, o Brasil tem a segunda maior taxa de gravidez entre menores de 19 anos. É preciso ficar mais atenta. Albertina Duarte Takiuti, ginecologista especializada em adolescentes, em São Paulo, diz que a melhor prevenção está no amor e na segurança dos pais. Saiba como conversar sobre o tema e como reagir caso isso aconteça com seus filhos.

Como conversar com os meninos sobre sexo
As dúvidas mais comuns que os meninos têm são sobre masturbação, tamanho do pênis, impotência e ejaculação precoce. Na vida dos meninos, não existe um "ritual de passagem" para a vida adulta, como a menstruação é para as meninas. Quando os meninos percebem, eles já são adultos. Mas os meninos têm tantas dúvidas sobre sexo quanto as meninas e também precisam ir ao médico. As meninas devem ir ao ginecologista e eles, ao urologista.

Como orientar as meninas sobre gravidez
As dúvidas mais comuns das meninas são sobre masturbação, a "tabelinha" (método de prevenção de gravidez contraindicado para quem ainda tem o ciclo menstrual irregular), se a primeira vez dói e se elas transam do jeito certo. Quando as meninas começam a apresentar as primeiras mudanças no corpo, esta para a chegada a primeira menstruação. Quando essas mudanças começarem, a menina deve fazer a primeira consulta no ginecologista. É importante que a mãe leve sua filha ao consultório, mas não permaneça na sala durante a consulta para que ela se sinta mais à vontade.

O que fazer ao descobrir que sua filha esta grávida?
Se você descobriu que sua filha está grávida ou que seu filho vai ser pai, não dê bronca, dê amor: é o que eles mais precisam. O mais importante é não forçar o casal a ficar junto, só se eles desejarem e tiverem maturidade e condições financeiras para viver.

Por que os adolescentes procuram sexo cada vez mais cedo?
Hoje, os adolescentes começam a vida sexual entre os 14 e os 16 anos. As gestações cada vez mais precoces têm justificativas:

1. Os adolescentes não têm intimidade com o parceiro e não sabem se impor. Eles são inexperientes e imaturos no tempo de convivência com o parceiro: o conhecem por poucos dias, ou até poucas horas, antes do ato sexual. Com essa falta de intimidade, fica difícil dizer para o outro: "sem camisinha não transo".

2. Adolescentes também sofrem pressão dos amigos. Os jovens são pressionados pela turma, pela cultura e pela sociedade. Muitas adolescentes, com medo de serem rejeitadas pelos amigos, cedem às pressões do parceiro.

3. Falta de autoestima das garotas: quando a filha não é elogiada pela família, acaba procurando aprovação em outras pessoas, que podem se aproveitar dela.

4. Insegurança exagerada: a gravidez na adolescência continua acontecendo não por falta de informação. Os jovens conhecem os métodos para evitar, sabem usar a camisinha e tudo o que envolve a sexualidade. O problema é a insegurança típica dessa fase. "Brigar quando a filha diz que já transou, dizer 'o que você fez menina?' não adianta", diz a médica Albertina. Em vez de proibir, os pais precisam dar atenção, conversar, expressar seu amor aos filhos. "O adolescente é carente como um bebê. Ele precisa se sentir amado tanto quanto um recém-nascido", orienta a médica.

Fonte: M de Mulher


Muito importante aquela conversinha com nossos filhos, não achas?

quinta-feira

A atratividade da carreira docente


O Ministério da Educação apresentou um projeto estabelecendo os objetivos da educação para a próxima década (2011-2020). O texto traz várias metas que pretendem alterar a realidade das escolas no sentido de qualificar o atendimento, principalmente no ensino básico. Todas as metas poderão ser atingidas desde que haja políticas públicas consistentes, continuidade dessas políticas e investimento na formação e valorização do quadro de professores.

O objetivo de assegurar a todas as crianças e jovens o ensino básico e permitir que cada um conclua o processo de escolarização básica pode continuar sacrificando a qualidade em função da quantidade.
Todavia, sabemos que a realidade da escola poderá ser mudada se, sobretudo, as metas propostas estiverem apoiadas na confiança, na ação e no empenho dos professores. Isto significa que, se os professores não acreditarem na força e na seriedade das políticas educacionais e não as efetivarem no contexto das escolas, o Plano Nacional de Educação será apenas mais um plano bem-intencionado, porém ineficaz. Deve existir um projeto social e político que aponte, por meio de ações concretas, o desejo de se transformarem significativamente as metodologias e os conceitos que hoje determinam os fazeres escolares.

Ninguém ignora que é a intervenção pedagógica adequada dos educadores que faz quase toda a diferença na escola. Todos defendem que a atividade docente está cada vez mais complexa e exigente; no entanto, também é consensual a ideia de que a carreira docente com um estatuto social decadente, uma formação fragilizada e uma remuneração baixa não atrai à profissão os estudantes mais qualificados nem anima os melhores profissionais a manter-se nas escolas públicas.
Em um tempo em que nós, a sociedade como um todo, e as autoridades educacionais buscamos uma escola que atenda mais e melhor à população que dela faz uso, é imprescindível que medidas palpáveis sejam estabelecidas a curto e médio prazo, a fim de tornarmos a carreira docente um pouco mais atraente.

É preciso que os jovens sejam motivados a serem professores e encontrem incentivos e sentido no magistério. Uma profissão que não atrai os “bons” com certeza será ocupada por aqueles que, do ponto de vista profissional, não tiveram opções melhores. Assim sendo, estaremos encaminhando pessoas desmotivadas à carreira docente, sem empenho e, sobretudo, que não acreditam que podem. Por isso mesmo, elas provavelmente não farão a diferença, posto que não “escolheram”, mas foram social e economicamente “escolhidas” para serem professores.

Para inverter o “desprestígio” da carreira de professor é imperativo que se efetivem medidas claras de formação continuada dos docentes e, ao mesmo tempo, se definam com clareza novas condições para o exercício da profissão. O PNE 2011-2020 aparece em hora propícia e deseja o desenho de um novo projeto social para a escola pública. Todavia, o primeiro e mais importante passo para tal empreitada é devolver a decência à docência.


Francisca Romana Giacometti Paris.

terça-feira

Por que ensinar Música nas escolas?


Outro dia transitando pelas ruas do Rio Grande, ouvi um transeunte inflamado dizer ao seu colega em uma esquina: Para que aprender música na escola? O outro apenas sorriu como quem não deu real valor a pergunta ou que simplesmente não tinha a resposta para o amigo. Poderia ali elencar inúmeros motivos que vêm sendo disseminados ao longo de tempos, motivos estes que perpassam décadas, séculos, milênios, ora fazendo a música mudar de status como disciplina importante para a formação humana por questões filosóficas, ideológicas e culturais, o que
provavelmente, o interlocutor não teria compreendido em uma curta abordagem: a complexidade do tema.

Nos dias atuais, pelo senso comum a música esta associada à diversão, ao entretenimento, mas nós educadores musicais sabemos que ela é muito mais do que isto. Povos da antiguidade oriental já defendiam o ensino da música: Políbio atribuiu à música o poder de alterar o comportamento humano, o que parece que algumas ONGs redescobriram pelo menos dois milênios depois, já que as artes vêm resgatando jovens da marginalidade em vários projetos sociais, posso citar o afro-reggae e o Acema.

Platão por sua vez reconheceu nesta arte, grande influenciadora da forma de governo, o que nos faz lembrar que renomados músicos de que hoje são considerados ícones da música popular, foram extraditados em tempos de ditadura militar culpados de subversão por usar suas composições para denunciar abusos contra o povo, posso citar Gilberto Gil, Chico Buarque entre tantos outros. Na China Kung-Fu-Tse latinizado por Confúcio atribuía a música o poder de ordenar a moral do povo (moral no sentido de

valores e costumes), o que hoje, nós professores nos damos por conta ao ver nossos alunos rebolando Na Boquinha da Garrafa, vestindo-se à moda de grupos que tem por nome uma peça de roupa intima feminina ou que tratam as jovens por “cachorra” e então nos perguntamos “Por que deixamos de ensinar música na escola”?

Não prego aqui ser a música a salvadora da pátria, quem dera fosse! Como professora de música, devo anunciar as vantagens do ensino musical: a questão do trabalho em grupo em dias que vivemos na individualidade; do acesso e respeito à pluralidade cultural o que possibilitará reconhecer a negação da alteridade, quando desvalorizamos o que é do Outro em detrimento do que é nosso como vemos nas manifestações religiosas e artísticas populares; oportunizar uma fruição estética sem atribuir ao corpo status de objeto, o que acontece com nossas crianças que são diariamente bombardeadas pelos meios de comunicação com músicas de baixo calão e com mulheres com nomes de frutas, afinal, para nos divertirmos, não precisamos de termos e posturas rudes, agressivas e vulgares; enfim, possibilitar aos alunos a
apropriação de subsídios para poder escolher conscientemente o que é melhor para si e em consequência para os que os cercam para coexistir em um mundo melhor.

Não posso deixar de lembrar que a música é a arte dos sentidos, e através desta recebemos uma carga de emoções, sentimentos, sensações sem que percebamos, o que aos ouvidos desatentos e despreparados pode ser uma perigosa forma de recepção de conceitos e posturas que estão visíveis no comportamento dos jovens nas escolas.

Deixo aos que tem dúvida sobre a validação da importância da música na escola uma provocação: por que ensinar música mesmo?

Débora Jara. rofessora mestre.

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