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sábado

Um ato pedagógico para a vida


Este é um momento difícil para aqueles que não querem ser apenas professores, mas educadores. Calma, me explico: o professor decora conteúdos, faz um teatro em sala de aula e, mais do que assimilar conteúdos, acaba fazendo do aluno um depósito de informações em todas as áreas. Ao contrário, o educador tem a preocupação de fazer com que crianças e jovens garimpem e moldem a sua inteligência a partir de suas próprias descobertas, mesmo que incentivadas pelo ambiente educacional.

Pode não ser a melhor das definições. Mas quando vejo que as diversas instituições faliram em atender aos jovens (inclusive as religiosas), fico com a impressão de que congelamos valores de outras gerações - as nossas - e as queremos ver reproduzidas nas atuais. Não vai dar certo. O diferente do hoje é que os jovens não têm e não querem ter os mesmos parâmetros. A geração dos pais atuais faz a passagem entre um tempo que poderíamos chamar de analógico, para aquele que se vislumbra para os nossos jovens, o digital.

Quais são, mesmo, as mudanças? No frigir dos ovos, não são muitas, mas esperam que os pais e educadores (o das salas de aulas, mas também treinadores esportivos, provocadores de cultura, das artes etc) sigam um princípio que um anônimo postou nas redes sociais: “Troque suas folhas, mas não perca suas raízes... Mude suas opiniões, mas não perca seus princípios”. Não há criatividade que nos leve a abrir mãos de nossas raízes e, mesmo com o passar dos tempos, os princípios continuam os mesmos, talvez sendo necessário que encontremos outras formas de expressá-los.

Recentemente, postou-se nas redes sociais uma campanha com a seguinte motivação: “a criança agredida, hoje, é o agressor de amanhã... Não dê continuidade a ciclos de violência”. Li em algum lugar - não sei o autor - "quando se estende uma mão para agredir, a outra está sobrando. Estenda as duas e dê um abraço. Na maior parte das vezes, quando você pensa que uma criança fez algo errado ela apenas está pedindo um instante da sua atenção”!

O que uma coisa tem a ver com a outra? A agressão, na maior parte das vezes, não é física, mas moral e psicológica, mesmo em casa, também com aqueles que nos são próximos. Aprender a respeitar a capacidade de cada um cumprir seus ciclos e tentar encontrar formas de realização que, muitas vezes, fogem ao convencional, pode ser um caminho muito mais difícil, mas, certamente, com maior possibilidade de que um ato pedagógico se transforme em novo jeito de viver.


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quinta-feira

A educação e o valor do professor


Nós professores somos convidados a participar do fantástico mundo do ensino. Mundo este onde vivemos muitas alegrias, conquistas e, também, muitas decepções. Porém, o professor precisa entender qual é o seu real valor na vida de um educando.

Além de o professor, principalmente na educação infantil e nas séries iniciais, ser um dos primeiros modelos que os alunos têm a seguir, ele também influencia muito na formação deste aluno e nas suas atitudes a partir das aulas assistidas na escola.

Muitos professores não aceitam que a turma questione os seus ensinamentos, que coloque em dúvida os critérios escolhidos para determinar certos conceitos ou então que não compartilhe da mesma opinião que eles.

Entretanto o professor precisa entender que o verdadeiro profissional da educação, que visa o desenvolvimento do aluno como um todo, não pode simplesmente querer que seus alunos reproduzam o conhecimento por ele transmitido.

Nós seres humanos, temos características muito particulares e diferentes. Devido a isso, não é possível se acreditar que absolutamente toda a turma concordará com o ponto de vista do professor.

Um exemplo ao qual devemos tomar é o de Platão e Aristóteles. É sabido por todos que Platão foi o grande mestre de Aristóteles, ele foi seu professor por mais de vinte anos. Entretanto, Platão e Aristóteles discordavam de muitas coisas e mesmo assim, se respeitavam muito. Platão, na condição de mestre de Aristóteles poderia ter imposto que este aderisse às suas concepções de mundo e não permitiria então, que seu discípulo fundasse uma escola contrária às ideias de seu “tutor”.

Desta maneira, Platão nos ensina, através do exemplo, que o professor cumpre efetivamente o seu papel, quando ao invés de impor conceitos aos alunos, oportuniza que este desenvolva o seu próprio conhecimento. Através da construção do próprio conhecimento é que o indivíduo poderá modificar as suas estruturas internas criando o novo conhecimento que realmente faz sentido para ele.

Enquanto Platão nos mostra um exemplo do verdadeiro professor, Aristóteles nos dá uma mostra de como um aluno deve se portar. Os alunos devem se transformar em seres pensantes, não meros depósitos de informações. Uma informação só é pertinente quando se transforma em conhecimento e serve de instrumento para o indivíduo em sua vida cotidiana, afinal, não é à toa que a própria legislação diz que o ensino deve levar em conta os conhecimentos de mundo do aluno, para a partir dele, criar o seu conhecimento acadêmico.

Como o próprio Aristóteles disse, ele era amigo de Platão, mas muito mais amigo da verdade. Ele seguia com muito mais convicção aquilo que ele próprio acreditava e defendia do que aquilo que seu amigo pregava, embora sempre o respeitasse.

Educar e ensinar


Dizia Fulton Sheen, que quando se observa alguém de cabeça inclinada, enterrada entre mãos, logo se pergunta se está com dores de cabeça.                

Isso acontece, porque a sociedade deixou de pensar. Pensa que pensa, mas não pensa, como bem dizia o mendigo de Joracy Camargo.

Conhecemos, pelos meios de comunicação social, tudo ou quase tudo que ocorre no mundo - pelo menos o que lhes interessa, - mas desconhecemos o principal: que é: a felicidade da nossa família.

Devido à fraca atenção que prestamos a nossos filhos - porque temos estudos e carreira profissional, - estes tornam-se vítimas de depressões. Doença que outrora só atingia praticamente, adultos, é agora frequente na puberdade, assim como outros transtornos.

Responsabiliza-se a sociedade pela violência, agressividade e comportamentos incorretos, na escola; esquecendo que a sociedade não é mais que conjunto de famílias.

Não admira que professores, mesmo os mais dedicados, encontrem-se “ stressados”, já que a falta de educação reflete-se na escola.

A sala de aula transformou-se em campos de batalha. O mestre, outrora respeitado, passou a bobo de divertimento. Contribuiu, para isso, o facto de terem retirado autoridade ao professor, e considerarem que o adolescente é irresponsável, portanto, tudo lhe deve ser perdoado.

Mal vai quem quer impor ordem ou aplique castigo, por mais inofensivo que seja. Pais, advogados, inspetores e até políticos e jornalistas caiem-lhe, sem dó, em cima, responsabilizando-o por maus-tratos físicos ou psíquicos.

Tudo porque os pais não sabem, ou não querem educar. No receio de os traumatizar, satisfazem-lhes todos os caprichos e aceitam todas as birras.

Cabe aos pais e não à escola, educar. Esta tem por principal missão, o ensino. É em casa que a criança forma a índole e toma conhecimento de regras que lubrificam as relações interpessoais, e permitem-lhe viver em sociedade.

Não há, como se pensa, uma só forma de educar. Criança que nasça em família muçulmana, cristã, budista, hindu ou agnóstica, tem comportamentos e modos de pensar diferentes. Isso não impede de vir a ser cidadã exemplar, se for educada a respeitar os mais velhos e o semelhante.

A escola, ao educar, transmite regras estereotipadas. Cunha, do mesmo jeito, como o banco emissor imite moeda: todas iguais. Normas, que nem sempre são aceites pelos progenitores, que conservam opiniões, conceitos morais e até políticos, bem diferentes do mestre.

Educar é transmitir: registos, comportamentos, atitudes, conversas e imagens, que o adolescente, observa aos pais e à família.

Devem, pois, os pais incutir conceitos, normas de conduta, e até avivar sentimentos, dialogando com os filhos, ouvindo as inquietações e dificuldades que sentem.

Os jovens são estimulados pela mass-media, ao consumismo, a aceitar opinião em voga, pensar pela cabeça alheia, aceitar o que a lei permite, mesmo que seja perversa. Se é permitido, se se usa, posso seguir, - pensa o jovem.

A missão dos pais é estimular sentimentos altruístas; mostrar a diferença entre o bem e o mal; ensinar a pensar, baseado em valores recebidos desde a infância.

Se não se fizer assim, cria-se o delinquente, o adulto cata-vento, que gira ao sabor da corrente.

Só teremos sociedade sã, pacífica e justa, se soubermos educar desde o berço.

E essa educação só pode ser administrada pelos pais e não pela escola, e muito menos, pela lei.

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sexta-feira

Mais dinheiro para o ensino é uma importante conquista


Dentre os efeitos positivos da mobilização popular em curso no Brasil, está a sensibilização do Poder Legislativo para a proposta da presidente Dilma Rousseff, que havia sido rejeitada pelo Parlamento em 2012, de destinar ao ensino os royalties e participações especiais arrecadados com as futuras concessões petrolíferas. O fato de o Congresso Nacional ter aprovado o projeto com alterações, reservando 25% dos recursos para a saúde, não prejudica muito os efeitos práticos da medida, até porque foi mantido o aporte de 50% dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal na educação até que se atinja o índice de 10% do PIB. Espera-se que a matéria seja rapidamente votada no Senado e sancionada.

Com isso, as imensas reservas de petróleo a serem prospectadas a partir de agora no Brasil, embora se esgotem um dia, terão impacto perene sobre o desenvolvimento, pois não há investimento mais importante do que no ensino, base para todos os avanços, inclusive na saúde. Não há maior patrimônio para uma nação do que a boa formação educacional e acadêmica de seu povo. Hoje, por ainda não termos democratizado a qualidade do ensino básico gratuito e o acesso a boas universidades, estamos pagando um alto preço, na forma do chamado apagão profissional, com a carência de recursos humanos qualificados em várias áreas, para fazer frente à expansão de nossa economia.

É fundamental, portanto, que o Brasil saiba utilizar com eficácia e inteligência o vultoso montante financeiro que passará a contemplar a educação. Nesse sentido, uma das prioridades é a solução do maior problema do setor: a falta de incentivo aos professores, especialmente da Educação Básica, constituída pelo Ensino Fundamental e o Médio. Os seus salários, na média da realidade nacional, não são adequados. Ademais, lhes faltam capacitação permanente e a respectiva avaliação periódica. Todos esses fatores têm impacto negativo na qualidade da educação ministrada às nossas crianças e jovens.

Por isso, o Brasil está muito aquém dos índices razoáveis de aproveitamento, como se pode observar numa síntese dos problemas que enfrentamos nesse campo tão decisivo: ocupamos o 53º lugar, num universo de 65 países listados pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), da 7ª série em diante, coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); apesar das políticas públicas que incentivaram a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, mais de 700 mil  ainda estão fora da escola (IBGE); o analfabetismo pleno, mais o funcional, atinge cerca de 30% da população com mais de 15 anos; 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização não conseguem ler e 20% dos jovens que concluem o Ensino Fundamental e que moram nas grandes cidades não dominam a leitura e a escrita (fonte: Movimento Todos pela Educação); e elevado número de jovens fora do Ensino Superior.

Não podemos perder a oportunidade histórica de solucionar definitivamente essas questões graves, que se constituem em dos indicadores que nos separam das nações desenvolvidas. Se fizermos isso com sucesso e bons resultados, o nosso petróleo, mesmo depois de esgotado, será eterno, pois se constituirá no combustível do conhecimento. Esse avanço evidencia que as reivindicações populares têm resultados nas democracias. Por isso mesmo, é preciso repudiar a violência, os saques e a baderna, crimes que apenas prejudicam a mobilização cívica da sociedade.


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terça-feira

A sustent-habilidade!



Há quase 30 anos, em 1987, na Comissão Brundtland, definiu-se o termo sustentabilidade que se resume em algo como “desenvolver-se sem tirar as condições das gerações vindouras de o mesmo realizarem”. Tanto tempo depois, onde chegamos? O que é desenvolvimento sustentável? Como medir? Alguém responda, por favor! Pois é, está faltando habilidade pra nossa sustentabilidade.

Adicione-se a isso fatores dinâmicos tais como, mudança de preços relativos de alimentos, crescimento da população global em 40% desde que o termo foi cunhado, Reunificação da União Soviética, Separação de Eritreia da Etiopia, Reunificação da Alemanha (1990) e fim do Apartheid (1990), Guerra do Golfo (1990), Guerra da Chechênia (1994), Guerra da Bósnia (1995), Segunda Guerra do Congo (1998), 3,8 milhões de mortos no que ficou conhecido com a Guerra Mundial Africana, Genocídio de Ruanda (1994), Afeganistão (2001), Iraque (2003), Síria (2011) - apenas para citar alguns.

Não dá pra negar que o mundo é outro hoje e continuar perseguindo a sustentabilidade concebida há tanto tempo é um equívoco. Aliás, essa sustentabilidade não existe além do conceito. A organização global avançou em termos sociais e ambientais nos últimos anos e não porque se busca a sustentabilidade, mas porque algumas sociedades tiveram a habilidade de entender que vivemos em um mundo onde, apesar de uma vida não ter preço, tem custo.

O principal aspecto a compreender é o de como valorar os custos implícitos que são indevida e indistintamente pagos por todos e direcioná-los aos seus verdadeiros responsáveis. Difícil? Não! O que é um crédito de carbono senão um instrumento que permite a transferência de propriedade do direito de emissões? Ou seja, a precificação de uma externalidade negativa pela sua evicção?

O que é uma medida de compensação ambiental senão uma forma de tangibilizar uma perda ou risco ambiental iminente através de uma ação mensurável? Sem querer exaurir todos os exemplos, prometo ser esse o último: o que é a proibição do fumo em locais públicos senão impedir que a saúde de não fumantes ou fumantes passivos, se torne em custo para toda a sociedade em virtude do mal hábito de alguns?

Assim, a sustentabilidade deve ter objetivos específicos que a possam medir. Qual o custo de não ser sustentável? Sobre quem recai e sobre quem deveria recair? Uma vez respondidas essas perguntas haverá como realocar os custos aos seus verdadeiros responsáveis. E, para isso acontecer, não adianta esperar que o senso de responsabilidade corporativa moderna seja suficiente. Há que haver regulação.

Assim, promover a sustentabilidade é uma obrigação do Estado, pois passa por redistribuir recursos e ônus entre os diferentes cidadãos e não é possível que a iniciativa privada promova isso por si só. Não é esse o papel da iniciativa privada na organização econômica em que vivemos.

Daí decorre a conclusão natural que qualquer que seja o esforço de uma corporação em busca da sustentabilidade, o objetivo maior é o resultado de marketing que isso pode gerar. Isso não é errado, ao contrário, já que procuram ocupar um espaço em que a sociedade não conseguiu se fazer presente como deveria para com seus cidadãos.

Entretanto, essa tentativa de promover a sustentabilidade é insustentável, pois só funciona enquanto interessar ao capitalista e, não raro, vai deixar de interessar. Piores são os casos daqueles que nem sequer promovem qualquer ação e promovem malabarismos de comunicação e marketing para demonstrar o compromisso com o meio ambiente pelo simples fato de atenderam à lei. Barbaridade, mas que acontece diariamente.

Essa reflexão nos leva à conclusão que a sustentabilidade é algo muito mais profundo e complexo que uma embalagem reciclável. E não me venham com a conversa de que pelo menos estamos fazendo alguma coisa.

Para se almejar a sustentabilidade há pré-requisitos: maturidade do representante popular e também do representado, avançado senso de cidadania e responsabilidade, clareza regulatória, ambiente democrático, instituições com mandato e mecanismos de apelo funcionais etc. Há que se desenvolver diversas habilidades. Só assim poderemos almejar a sustent-habilidade.
Por Felipe Bottini.
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segunda-feira

Cautela e... caldo de galinha


Uma das maiores virtudes do jovem é o ímpeto, uma desabalada convicção de que está certo, uma perigosa inclinação pela aventura, uma decidida vocação por sair do casulo e realizar as coisas.

Pais e avós, entre os quais me incluo, se apavoram com isso. Normalmente esquecemos que fomos jovens, principalmente quando isso represente mais de meio século... e portanto, aparentemente justifique o esquecimento.

Mas, o melhor é não esquecer.

Aliás, Cícero, o notável tribuno, escritor, filósofo e historiador romano, recomendava um simples exercício para manter a memória saudável, tão necessária para todos e mais ainda para quem já passou de quatro ou cinco décadas de vida: à noite, antes de dormir, procure escrever para registrar tudo o que fez desde a hora que levantou, descreva o dia inteiro desde que despertou.

Mas, se a juventude carrega virtudes tão fortes e decisivas que faz os futebolistas pensarem neles como “avantes”, “dianteiros” (ou forwards como se dizia quando o futebol chegou da Inglaterra) e na meia idade para os zagueiros (ou backs...) é fácil aplicar esta filosofia de vida para os fatos do dia a dia.

Então, quem assistiu muita coisa ao longo dos anos, primeiro pensa, vira e revira os acontecimentos, antes de tomar uma decisão ou manifestar-se publicamente.

Por isso que é difícil, no meio da confusão que se armou no país, pedir que todos tenham suas posições ou evitar que alguém rotule de covardia o que poderia ser chamado de prudência.

“Bem, mas assim o país não anda!” - argumentaria um jovem desses de hoje.

Que bom que existam, isso sim.

Mas, quem já viu tanta coisa, tem o direito de se demorar um pouco mais para apresentar suas conclusões.

Não é por nada que entre os aborígines brasileiros, existia o sistema de organização política e social, com as tribos mantendo o seu “Conselho de Idosos”.

Ou “mais velhos”, ou “anciões”, como se quiser, o que explicava plenamente a demora de um organismo desses se manifestar.

Isso é o que precisamos neste momento. Pois, se é verdade que foi a explosão popular que fez com que as coisas começassem a andar, também é certo, que um pouco de cautela e caldo de galinha são bem indicados para o momento que se vive.

Então, junto com a pressão para que as rodas girem e o carro ande, vamos prestar atenção para que não se cometam equívocos que possam gerar arrependimentos e sinalizem uma posterior “volta atrás”.


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