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quarta-feira

Mudança no crime organizado


Em seu trabalho no Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, o pesquisador Bruno Paes Manso explica por que os homicídios na cidade de São Paulo caíram 76%, passando de 64,8 em 2000 para 15,4 por 100 mil habitantes em 2012. Esta redução pode ser explicada como um processo que passa por diferentes cenários na capital, desde a tolerância a assassinatos na década de 1960 até mudanças na forma de atuação do crime organizado.
Os resultados da pesquisa estão em seu livro Taxa de homicídios em São Paulo - Uma análise das tendências de 1960 a 2010, que será lançado nos Estados Unidos em 2016, pela editora norte-americana Springer.
Até a década de 1960, as taxas de homicídios sempre foram inferiores a dez por 100 mil habitantes. Eram homicídios por motivos passionais. As pessoas eram mortas dentro de casa, era marido que matava a mulher.
Mas a partir da segunda metade dos anos 1960, essa cena mudou. Surge a época do esquadrão da morte, da Polícia Militar e da Rota passando nas periferias, do extermínio de pessoas ameaçadoras ou vistas como potencial ameaça.
Nos anos 2000, as próprias pessoas que cometiam homicídios passam a rever o que está sendo feito, porque homens jovens da periferia estão vivendo uma situação de autoextermínio, segundo Manso.
Os criminosos começam a discutir esse processo até nas letras de hip hop e entre as próprias facções criminosas. Esta revisão cria a possibilidade de um novo contrato, feito dentro das prisões e gerado a partir do aprisionamento em massa. É neste momento que o PCC passa a mediar os conflitos, controlando as pessoas dentro e fora das prisões.
Surge então um novo tipo de crime - o tráfico de drogas. Diferentemente dos anos 1990, quando o roubo a banco era valorizado como crime em São Paulo, o tráfico de drogas estabelece a formação de parcerias e faz com que o diálogo seja necessário entre as pessoas que participam do crime.
O pesquisador lembra que, dentro das prisões, o tráfico é o principal crime que permite aos criminosos continuarem faturando. O celular transforma a prisão em um escritório criminal, gerando outro tipo de gestão do crime. Esta nova cena criminal provoca uma paz tensa.
Outros fatores que também contribuem para a redução do número de homicídios na capital são o envelhecimento das pessoas, a diminuição do número de armas em circulação, o aumento do aprisionamento e a melhoria das técnicas policiais.
Seu estudo, ao compreender a situação de São Paulo, estimula a pensar novas possibilidades de se resolver os problemas de violência, analisa o autor.
Agência USP.
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