Há pouco tempo, o jornal britânico The Telegraph publicou uma
matéria revelando que as mídias sociais, especialmente o Facebook, vêm sendo
utilizadas para movimentar o mercado de ‘doação’ de espermatozoides.
O grupo “Sperm Donors” tem, por exemplo, quase três mil membros.
Um desses membros, um jovem gay de 26 anos, afirma ter contribuído para o
nascimento de dez bebês de nove diferentes mulheres que buscavam um doador nos
últimos 13 meses.
Na opinião do presidente da British Fertility Society, Adam
Balen, esse tipo de doação direta, sem assistência médica especializada, é
bastante perigoso, já que o sêmen pode conter todo tipo de doença sexualmente
transmissível.
No Brasil há pelo menos oito milhões de casais inférteis.
Apesar de já haver muito
brasileiro atento às facilidades oferecidas em outros países, vale dizer que a
doação de gametas (células reprodutoras) obedece aos preceitos da gratuidade e
do anonimato.
“Nem o doador conhece o casal ou a receptora a quem o sêmen foi
doado, nem tampouco os receptores terão acesso à identidade do doador. Sendo
assim, não haverá a menor possibilidade de reclamação, futuramente, de pensão
alimentícia ou responsabilidade social pela paternidade.
Esse anonimato só é
quebrado em situações muito especiais, em decorrência de motivação médica.
Ainda assim, a clínica de reprodução assistida faz toda intermediação nesses
casos”, diz Assumpto Iaconelli Junior, diretor do Fertility Medical Group.
Ainda com relação à doação de espermatozoides, o especialista
detalha mais os pré-requisitos para ser um doador. “Em média, cada doador
fornece seis amostras de sêmen. É necessário ter entre 18 e 40 anos, ser
saudável, concordar com o anonimato e em ser submetido a uma triagem rigorosa –
o que inclui uma consulta completa e gratuita, exame de sangue (realizado antes
e depois da doação) e coleta de sêmen entre dois e cinco dias de abstinência
sexual.
Somente depois de o material em quarentena ser liberado é que
poderá ser utilizado em técnicas de reprodução assistida. Doadores com doenças
genéticas, como hemofilia ou fibrose cística, por exemplo, são recusados”.
Iaconelli acredita que o Facebook poderia ser um meio eficiente
de alertar a população para a importância da doação de gametas de forma anônima
e dentro da legislação brasileira.
“Hoje, a maioria dos
doadores está envolvida direta ou indiretamente com um tratamento de
fertilização assistida. São casais ou parentes próximos que se dispõem a contribuir
com os bancos de gametas. Sem dúvida alguma, será bastante útil se conseguirmos
aumentar o número de doadores dentro dos parâmetros que a lei permite. Caso
contrário, veremos mais e mais receptoras se arriscando a contrair uma doença
grave, inclusive colocando em risco a própria vida e a do bebê, por conta das
facilidades permitidas em outros países”.
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