O executivo brasileiro
tem desafios particularmente difíceis na hora de atravessar fronteiras mundo
afora. Além de o ensino de habilidades multiculturais no país ser ainda pobre,
o brasileiro está habituado a viver em um território de dimensões continentais,
com unidade linguística e religiosa, sem contrastes culturais gigantes – tudo
aglutinado por poderosas redes nacionais de TV.
Resultado: o brasileiro
pode abalar a estabilidade emocional facilmente – com prejuízos dos negócios –
em missões empresariais mais espinhosas, sobretudo em países culturalmente
muito distantes. Além disso, características culturais podem chocar os
visitantes, provocando distanciamento emocional e confusão, o que sem dúvida
atrapalha as negociações.
Outra característica
genuinamente brasileira é o otimismo desbragado. Que de certa forma pode ser
beneficente, pois influencia o consumo e a estratégia das empresas, que se
posicionam para o crescimento. Mas, por outro lado, manifestações de otimismo
podem incomodar e ser interpretadas como malandragem de quem quer mesmo é
dourar a pílula.
O brasileiro não sabe
dizer não e confunde os estrangeiros que, muitas vezes, imaginam um negócio
fechado, quando na verdade ele mal começou a ser avaliado. Esse traço cultural
é reforçado pelo perfil das empresas brasileiras, que delegam pouco poder aos
executivos, que acabam não sendo mais objetivos por não terem poder de decisão.
O executivo brasileiro
dos escalões sociais mais altos também tem o mau hábito de jogar a culpa de
tudo que dá errado em Brasília e, isso é irritante para quem vê de fora.
Péssimo em cumprir horários – algo especialmente desconcertante para quem
acredita que “tempo é dinheiro” –, o brasileiro, em contrapartida, é flexível e
ágil na hora de solucionar situações imprevistas, traquejo adquirido em anos de
economia de guerra, que tem valorizado o seu passe no exterior.
As características
gerais do País também podem de antemão deixar o visitante um tanto inseguro.
Sem dúvida, o impacto da cultura nos negócios ainda é muito significativo.
Apesar da nova geração de gerentes internacionais ser formada segundo os
preceitos da mesma filosofia administrativa, nem sempre eles conseguem falar a
mesma “língua”.
Mesmo que a etiqueta
cultural não seja levada muito em conta, alguns termos não são facilmente
compreendidos nos quatro cantos do mundo. O que se dirá então de sutilezas de
comportamento na mesa de negociação?
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