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sábado

A falência dos partidos e do modelo



Vai bem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando diz que o sistema político vigente fracassou e lembra que já pegou o barco com as dificuldades que hoje se multiplicam sob Dilma Rousseff.

Desde a redemocratização pos-64, com Sarney, vigora o toma-lá-dá-cá, difundido pelo famigerado Centrão, na Constituinte, atribuindo a prática ao “é dando que se recebe”, da oraçao de São Francisco. Irresponsáveis, os sucessivos governos democráticos, inclusive o de FHC, construíram suas bases eleitorais e parlamentares através do loteamento de ministérios, estatais e cargos.

A prática era inicialmente contestada pelo PT que, no entanto, a adotou e ampliou assim que chegou ao poder, como bem demonstram os processos do Mensalão e da Lava Jato.

 Tudo acabou caindo no colo da presidente Dilma mas, convenhamos, seus antecessores também são responsáveis e precisam ser investigados. Cabe até, a partir das afirmações de FHC, montar uma CPI, onde cada um diga o que fez para evitar ou agravar o problema.

A classe política das últimas três décadas tornou-se mal acostumada e precisa ser responsabilizada. Daí vieram os partidos de conveniência, de aluguel e outras distorções que deságuam na explícita prática do escambo sempre que o governo tem de aprovar projetos do seu interesse e, com isso, distribui ministérios, cargos de segundo escalão e outras benesses aos parlamentares dispostos a votar.

 Na esteira dessa prática, surgiram os ocupantes de cargos de livre nomeação, normalmente cabos eleitorais, amantes, parentes e amigos de políticos ou de seus amigos ou financiadores, que pulam de cargo em cargo na estrutura de governo sem qualquer necessidade de qualificação para a função, já que sua competência é aferida pelo voto do padrinho.

O Brasil necessita de uma absoluta reengenharia no método de montagem dos governos e da atividade parlamentar. O governo precisa ser enxuto, com todos os seus integrantes da folha de pagamento em funções definidas e de necessidade comprovada.

O parlamento tem de se comportar como o poder independente e harmônico descrito na Constituição. Seus membros, representantes do povo que os elegeu, têm de votar os projetos conforme o interesse público e não turbinados por verbas, cargos e outros bens injetados em seu curral eleitoral ou – o pior – em sua conta bancária.

FHC tem razão. O modelo, que ele não estancou e nem denunciou, está exaurido e não se deve tacar pedras na presidente Dilma. Deve-se, no entanto, apurar todas as denúncias e punir exemplarmente quem tenha as cometido ilícitos, seja a presidente, ministros, servidores, parlamentares ou quem quer que seja.

 É preciso acabar com a política menor do clientelismo e do favorecimento, construindo-se governos mais competentes, legislativo mais atuante e uma classe política que o povo tenha razões para voltar a respeitar.

 
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