Tem-se verificado no Brasil o adoecimento de professores de
todas as disciplinas, o que tem provocado prejuízos para todos, como a
desistência da profissão e com isso o aumento do déficit de profissionais para
atender a demanda. Uma das causas desse problema é aumento constante da
indisciplina dos alunos. E o pior é que nada vem sendo feito pelo Estado via
Ministério da Educação e muito menos pelas secretarias estaduais de educação.
A profissão de professor é a mais importante de todas. É ela que
forma todos os outros profissionais. Desde o mesmo professor ao médico,
advogado, engenheiro, etc.
Mas, o que o governo brasileiro tem feito nos últimos 20 anos?
Nada em termos de melhorar a educação no país. Pelo contrário, criam leis para
amparar mais ainda a rebeldia de crianças e adolescentes. O Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA) protege ao
extremo, a ponto de muitos se apoiarem neste documento para cometerem mais
delitos. Ou seja, crianças com direitos, porém, sem deveres, colocando a
sociedade em estado de alerta pela preocupação que tem causado.
Foi tirado dos pais até mesmo o direito de dar a necessária
“palmadinha” para a devida correção. O que só tira a responsabilidade dos
próprios responsáveis de educar. Estamos formandos jovens e adultos sem
limites. E o reflexo está bem estampado: a indisciplina.
E como lecionar para alunos indisciplinados, os quais já chegam
à escola com esta característica? Paralelo a esta situação há um outro fator
preocupante: falta de reconhecimento pela profissão, isto é, salários
defasados, riscos de violência e sobrecarga de trabalho (correção de provas e
exercícios, planos de aula etc.).
Uma professora entrevistada pelo programa Profissão Repórter
afirmou que “hoje os adolescentes só conhecem os seus direitos e ignoram ou
desconhecem os seus deveres… São extremamente irresponsáveis, mal- educados,
sem limites, sem alma, sem valores… E não existe uma lei que pudesse pará-los…
Não existe uma punição se quer… É um verdadeiro descaso. E o professor que
poderia ajudar na construção de um mundo melhor, está ficando extinto”.
O professor se dedica, prepara uma senhora aula e se entusiasma
para ministrá-la. Contudo, depara com um grupo que não quer nada com nada. E os
mesmos acabam contaminando os demais, transformando a sala de aula um caos.
A
lei diz que não se pode reprovar, pois se perde muito tempo com isso, desmotiva
alunos e gera gastos para o Estado. Este quadro desmotiva os professores. Não
que eles desejam reprovar alunos. Isso é questão de desrespeito e
desvalorização da profissão que leva muitos profissionais à desistência.
Quantos bons professores não mais estão na sala de aula por
conta deste quadro caótico? O quanto o país tem perdido com isso? É preocupante
o descaso das autoridades, que nada fazem. Preferem aumentar seus salários.
É claro que é preciso rever alguns pontos, por exemplo, os
cursos de formação docente, que não formam, apenas informam das licenciaturas.
Sim, é preciso melhorar a didática, porém, não basta ser eficiente. Segundo
disse um professor entrevistado pelo programa Profissão Repórter, “o professor
pode fazer a aula show, se fantasiar de palhaço, acenar bandeirinhas, que isso
não faz o aluno sentir interesse pelo aprendizado”.
Este é um dos grandes
problemas. O aluno não tem interesse, ainda mais agora com a internet, os quais
formam grupos e partem para a prática do Bullying endereçado a outros alunos e
mesmo para professores.
Outro professor entrevistado pelo programa resumiu algumas
(des)vantagens que é ser professor no
Brasil, principalmente na rede pública de ensino:
a) sofrer violência física e moral gratuita;
b) receber um salário de fome com direito a uma carga horária
abusiva;
c) conviver com pais hostis, protetores e extremamente
permissivos que irão à escola somente para defenderem seus filhos das faltas
horrendas que cometerem, dizendo que se tratam apenas de crianças;
d) sofrer bullying
proferidos pelos alunos;
e) conviver com a falta de respeito por parte de seus queridos
discípulos;
f) receber ticket de R$ 4,00, isso quando o governo resolve
pagar;
g) Aceitar a progressão continuada, ou melhor, promoção
automática (onde o aluno passa de ano sem saber nada);
h) conviver com
supervisores, diretores e coordenadores idiotas (pois sofrem “lavagem
cerebral”), que ferram com o professor com seus assédios morais;
i) Aplicar centenas de provas e trabalhos para corrigir nos
finais de semana;
j) Lecionar em escolas sem condições mínimas de funcionamento,
enquanto que o professor faz greve, apanha da polícia hipócrita e é
extremamente mal tratado pela mídia, inclusive sendo responsabilizado pela
decadência do ensino público;
l) Realizar concurso com provas ferradas. O professor que quiser
aumentar seu salário defasado há anos, terá que ser submetido a uma nova
avaliação, priorizando ainda, apenas 20% da categoria (será que o governador e
os parlamentares fizeram provinhas de promoção salarial por mérito para terem
esse gordo aumento nos vencimentos?);
m) Aguentar classes lotadas de alunos;
n) Saber que
parlamentares aumentam em 60% seus salários, perfazendo um total de R$
26.000,00 (enquanto um professor ganha aproximadamente menos de um salário e
meio base);
o) Conviver com ausência total do poder de compra, o que não deveria
acontecer aos profissionais de nível superior;
p) Inversão de valores e
intolerância por parte de uma sociedade psicologicamente doente, violenta e
hipócrita;
q) Conviver com o stress, Síndrome de Burnout, humor irritadiço,
perda da memória, queimação estomacal (azia), ulcera, cânceres, derrames e
infartos por motivo da baixa autoestima, fator que ocasiona fragilidades na
defesa do sistema imunológico do mestre;
r) Atrasar as contas de luz e água ou ser despejado do imóvel
por não conseguir pagar o aluguel, em suma, morarás em um bairro paupérrimo,
favela, de favores e assim por diante;
s) Andarás a pé;
t) Terá que engolir, sem questionamentos, a inclusão, de uma
maneira geral e sem preparo algum;
u) Ter que aguentar resoluções que partem para a caça as bruxas
e perseguem o professor que fica doente por motivo de exaustão e desgaste total
por advento das intempéries acima listadas;
v) Terá que lançar mão das soluções paliativas, para driblar a
falta de dinheiro, como empréstimos bancários e cartões de crédito (futuramente
estourados);
w) Desvalorização social
acentuada;
x) Nome no SPC e no Serasa;
y) Políticos que não vão dar a mínima para suas reivindicações;
z) Viverão no inferno ainda em vida!
Como resultado de tanto descaso, indisciplina e desvalorização
vem o adoecimento e a desistência da profissão. É preciso fazer algo, pois se
corre o risco de complicar mais ainda a já falta de qualidade na educação
brasileira.
E a tendência é se formar jovens e adultos sem limites, grossos,
piorando o quadro desalentador já estabelecido.
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