Estudo aponta que 79%
da população não é capaz de utilizar conhecimentos científicos na prática.
A pesquisa Indicador de
Letramento Científico (ILC), divulgada ontem pelo Instituto Abramundo, revelou
que a maior parte dos brasileiros sabe pouco sobre ciências. De acordo com o
resultado da consulta, 79% têm conhecimentos científicos básicos, mas não são
capazes de usá-los para entender plenamente a realidade que os cerca. O teste
envolveu questões com situações cotidianas, como ler e interpretar uma bula de
remédio, entender a importância de um pneu de carro não estar careca e
conseguir explicar os efeitos do uso de antibióticos.
Os resultados finais do
ILC foram apresentados na Reunião Ordinária Itinerante do Conselho Nacional de
Educação (CNE). O ILC avaliou 2.002 pessoas de 15 a 40 anos, com, no mínimo,
quatro anos de estudos. Elas responderam a 36 itens, entre fáceis e difíceis,
sobre a aplicação da ciência no dia a dia e em situações mais complexas.
Para o presidente do
Instituto Abramundo, Ricardo Uzal, o resultado em ciências no Brasil está aquém
do de outros países, com impactos no desenvolvimento econômico do País e na
falta de crescimento por aumento de produtividade.
Educação básica
Para Usal, o resultado
mostra também problemas na estrutura educacional, principalmente da educação
básica, que trata as ciências de forma marginalizada. “O governo e a iniciativa
privada são responsáveis pela busca de soluções para a educação em ciências”,
acrescentou o presidente da Abramundo.
Com base nas respostas,
os participantes foram divididos em quatro níveis. No primeiro, o mais baixo,
estão 16%, que são capazes de localizar apenas informações em textos simples,
em situações cotidianas. No extremo oposto, nível 4, estão 5% considerados
eficientes. São pessoas que dominam conceitos e termos científicos e são
capazes de aplicá-los em situações simples e complexas.
A maior parte dos
participantes está no segundo nível (48%) e no terceiro (31%), considerados,
respectivamente, letramento rudimentar e letramento científico básico.
Os participantes têm
desde o 5º ano do ensino fundamental até o superior completo. Os resultados
mostram que há deficiências também entre aqueles com nível educacional mais alto,
que correspondem a 23% da amostra. Entre esses, 11% atingiram o nível mais alto
de letramento, 48% estão no nível 3,37% no 2 e 4%, no nível mais baixo.
Interesse
Apesar do baixo
desempenho, a pesquisa mostra que os brasileiros se interessam pelo conhecimento
científico. Dos entrevistados, 72% concordaram, total ou parcialmente, que a
ciência ajuda a compreender o mundo; 62% disseram se informar sobre as
novidades no campo da ciência e tecnologia. Metade afirmou se informar por meio
de jornais impressos ou internet.
Em relação ao trabalho,
68% concordam, total ou parcialmente, que quem tem formação na área científica
tem boas oportunidades de trabalho.
O ILC é uma iniciativa
inédita do Instituto Abramundo, em parceira com o Instituto Paulo Montenegro,
do Ibope, e a organização não governamental (ONG) Ação Educativa. A base da
avaliação foi o Indicador de Alfabetismo Funcional, realizado pelo Ibope e o
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
As entrevistas foram
feitas no Distrito Federal e em 211 municípios das Regiões Metropolitanas de
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza,
Salvador, Curitiba e Belém.
Prova Brasil
Em 2013, questões de
ciências foram incluídas na Prova Brasil, aplicada a cada dois anos. A prova de
ciências foi aplicada de forma amostral a alunos do 9º ano. Um grupo de alunos
do 3º ano também fez a prova de ciências em 2013, na Avaliação Nacional da
Educação Básica (Aneb).
Esses resultados não
foram utilizados no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), que considera as provas de português e matemática.
Agência Brasil.
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