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sexta-feira

Onde a religião se perdeu?



Quando ouvimos falar em religião, somos transportados para o mundo místico repleto de crenças, milagres, impossibilidades e figuras alegóricas, que residem em nosso consciente coletivo. Às vezes, cremos nessas figuras por amor e devoção, às vezes por temor. Quantas foram às ocasiões em que nos defrontamos com pessoas dizendo que todas estas histórias são bobagens e que é impossível acreditar nas figuras de Adão e Eva, e como um homem teria poder em abrir os mares. Pensemos...

Será que não existe uma mensagem escondida em todas as crenças e religiões? Será que a religião não se perdeu exatamente por não saber explicar qual seu verdadeiro papel? Explico:

Você conhece a história do anjo da luz, o mais belo, de nome Lúcifer? Pois é, aquele que caiu do céu por desobedecer à gestão do Criador, por se considerar tão ou mais competente que o Próprio? Lúcifer abdicou do “Nós” em detrimento do “Eu”.

Agora pense: Se isso é apenas uma história e se Lúcifer (Satanás) realmente não existiu, quem sabe um bem-aventurado não tenha resolvido criar essa historia para materializar a vaidade e o orgulho, veneno da alma, através de um símbolo medonho de chifres e rabo, evitando, assim, que cometêssemos este mesmo pecado, e, consecutivamente, a necessidade de nos confrontarmos com o senhor das trevas.

E a desobediência de Adão e Eva? Talvez seja outra história criada pelo homem para expressar o prazer em detrimento dos valores morais e éticos, e que não necessariamente o sexo seja algo punitivo e proibitivo, mas que ele pode ser um gatilho do prazer em detrimento das regras de boa convivência e pensamento coletivo.

Cristo, quem sabe, não tenha nascido de uma virgem (um milagre para aqueles tempos), mas talvez esta fosse a forma mais eficaz de dizer que ele não foi fruto do sexo, considerado como pecado assim como na história de Adão e Eva. E se Cristo veio de uma virgem, não teríamos um messias criado do erro e melhor o aceitaríamos. É irrelevante discutirmos se ele é filho de uma virgem ou não, a mensagem é outra.

O príncipe Sidarta, ao fugir de seu castelo e conhecer as dores do mundo, buscou o isolamento, a perfeição de espírito, sendo imortalizado na imagem de Buda, abandonando, assim, tudo aquilo que nos prende ao mundo terreno.

Quando a religião islâmica reserva as virgens no paraíso, simbolicamente, a religião não está reservando sexo com virgens, mas sim o prêmio da pureza, pela boa conduta na terra, contrariando o “erro” de Adão e Eva.

E por que não dizer que Maria Madalena era a simbologia do reconhecimento do erro e da redenção? Também uma alegoria. “Quem não pecou, que atire a primeira pedra”. Lembra-se dessa frase?

Se todos nós nos sentimos invejados e não invejamos ninguém, a conta não fecha. Onde está a outra metade?

Aproximadamente, 400 anos após o primeiro testamento, um monge escreveu sobre as tentações mais perigosas da alma humana, e, aproximadamente, 200 anos depois, um papa de nome Gregório ter reexaminado o documento, o converteu no que conhecemos hoje como os sete pecados capitais, considerados como efeito destruidor de nossas almas. São eles: luxúria, inveja, gula, preguiça, avareza, ira e soberba.

Talvez esses pecados não sejam pecados por si só. Quem sabe os grandes mestres não tenham vindo apenas para nos dizer que estes sentimentos nos destroem por dentro, sem que tenhamos tempo de notar.

Na obra “A Divina Comédia”, Dante Alighieri, incrivelmente, narra a primeira parte que chama de Inferno, em requinte de detalhes, com muito fogo, dor e corpos nus em sofrimento, e ao ler cada canto da obra, constatamos a existência dos pecados que residem em cada personagem.


Não importa se chamamos este local de inferno, hades, sheol, limbo ou umbral. Talvez seja papel da religião nos orientar de que, o local que Dante Alighieri tão bem descreveu, não esteja lá fora, abaixo do solo ou em outra dimensão, mas dentro de um lugar que quase nunca procuramos: Dentro de nós!

 Robson Profeta.

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