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quarta-feira

O melhor companheiro de todos os tempos


A literatura clássica é imprescindível para todas as pessoas. É através dela que elaboramos sentimentos na medida em que nos transportamos para cenários e personagens. É uma forma solitária e divertida de promover as catarses de que necessitamos, para conseguir compreender o que acontece dentro de nós.

A leitura de romances ajuda, por tudo isso, a formar nosso caráter. Tenho especial predileção por livros escritos no século XIX de escritores como Dostoievski, Dickens, Tolstoi, Jane Austen. O livro que mais me arrebatou foi Os Sofrimentos do Jovem Werther de Goethe, do final do século XVIII.

O romance de Goethe é um relato composto por cartas que Werther envia para o editor Wilhelm, contando seus sofrimentos por amar Charlotte, a quem ele chama carinhosamente de Lotte, uma moça comprometida com outro homem. Sem pieguice, sem chatice nenhuma, ele derrama sentimentos pungentes em um pequeno livro, o primeiro do autor.

O amor nem tão platônico é mostrado com veemente desespero, os abraços e beijos precedem pactos de nunca mais se encontrarem em uma sucessão de acontecimentos que culminam no ato final, brilhantemente narrado, no qual Werther se suicida com um tiro na cabeça. O trecho a meu ver mais bonito, reproduzo com muito prazer: “Que me importa que Albert seja seu marido? Seu marido!... O casamento só vale para este mundo, e é só neste mundo que cometo um pecado, amando-a, desejando arrancá-la dos braços dele para estreitá-la nos meus! Um pecado! Que seja! Dele vou me punir.”

Os Sofrimentos do Jovem Werther foi-me oferecido por uma adolescente emocionada. Senti que estava ganhando um tesouro, tal a reverência com que Gabriela segurava aquele livro que acabara de ler. Disse-me que em 1774, por conta do romance, muitos jovens cometeram suicídio, o que causou muita polêmica e uma certa resistência ao autor.

Assim como a adolescente Gabriela, outros merecem entrar em contato com um romance como esse. Assim como a professora dela, que proporcionou tanta emoção aos alunos e alunas trazendo à luz uma obra desse calibre, tantos outros merecem ter nas mãos um clássico tão necessário para a iluminação educadora, afinal, amor e suicídio dão muito pano pra manga e necessitam ser discutidos e elaborados com seriedade.

Sei que livros são caros, que a correria do dia a dia é cansativo e que o dia deveria ter mais horas, mas podemos usar estratégias para permitir-nos o prazer da solidão, da degustação de frases geniais, de parar um pouquinho para sentir melhor as palavras.
Podemos, por exemplo, comprar uma edição mais barata, baixar pela internet, pedir um livro emprestado ou pegar na biblioteca pública. Quanto ao tempo, há muito sabemos que devemos brilhar mais do que nossas panelas, que roupa bem dobrada não precisa do ferro de passar, que o pó só deve ser removido se precisar mesmo.

A melhor medida para conseguirmos ler cem páginas por dia é esquecer que existem novelas. Ah, isto é libertação, acredite! Mas a melhor mesmo é tomar a decisão de ler mais. É aproveitar aqueles minutos de bobeira e pensar no quanto podemos ser melhores, mais interessantes, melhor falantes e, principalmente, curiosos. Quem começa não para mais.

O verão está aí com este horário esdrúxulo com o qual brigamos todos os anos, mas que permite chegar em casa à tardinha e dar um ótimo exemplo aos filhos, que precisam tanto ver adultos apaixonados por literatura. Que tal um chimarrão e um livro como companhia, sem esquecer de desligar o telefone? Aproveita, vai!

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