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terça-feira

Aumento de uso de agrotóxicos preocupa

Tema foi debatido durante reunião da Comissão de Meio Ambiente, na Câmara Federal
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo; de 2008 até hoje, dobrou a quantidade do produto comercializada no país. Só em 2014, foram 520 mil toneladas usadas nas lavouras. Os dados são de estudo do IBGE, apresentado na última semana em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.
Márcio Freitas, Coordenador Geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, afirmou que o Brasil sempre esteve entre os maiores consumidores de agrotóxicos, desde os anos 50. Ele garantiu, no entanto, que os órgãos reguladores, como o Ibama, o Ministério da Agricultura e a Anvisa, são bastante rigorosos na hora de conceder o registro desses produtos.
Segundo Freitas, o Ibama faz um estudo sobre a toxicidade do defensivo agrícola, o que gera uma classificação. A grande maioria dos produtos usados no país, segundo ele, são da classe 3 e da classe 2, que têm nível intermediário de periculosidade.
“Nós temos sempre um perigo associado ao agrotóxico e o que nós fazemos no Ibama é avaliar a toxicidade a organismos não alvo – peixes, minhocas, organismos que garantem a fertilidade do solo”, explicou.
As culturas que mais usam agrotóxicos são tomate, batata e os cítricos – como laranja e limão. Essa classificação, conforme o representante do Ibama, vai ter repercussão na regulação do uso do produto e nas suas restrições.
Novas tecnologias
Júlio Sérgio de Britto, que é Coordenador Geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, destacou que, sem o controle de pragas, a produção agrícola no país poderia cair pela metade. Ele afirmou que o Ministério da Agricultura incentiva o uso de agrotóxicos biológicos, que são menos agressivos à saúde humana que os químicos tradicionais.
“Há uma busca maior de eficácia de produtos agrotóxicos e busca de novas tecnologias para controle de pragas, de defensivos naturais, biológicos. Só este ano, tivemos 20 produtos biológicos registrados para uso na agricultura”, informou.
O autor do requerimento para audiência, deputado Nilto Tatto (PT-SP), acredita que o Brasil deve incentivar práticas mais modernas para evitar perda de competitividade no setor agrícola. Ele destacou que alguns países, como a Dinamarca, já exigem alimentos que sejam produzidos sem o uso de agrotóxicos.
“Daqui a pouco, não teremos mercado para nossos produtos da agricultura porque estamos cada vez mais produzindo e consumindo veneno”, alertou.
Já o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Átila Lira do PSB do Piauí, destacou a importância de divulgar para a sociedade os dados sobre agrotóxicos.
“Para justamente fazer o papel educativo de seleção de alimentos, porque temos hoje vários estudos mostrando que esses agrotóxicos passam para esses alimentos e passam para o organismos humano”, disse o deputado.
Durante a audiência, os debatedores pediram especial atenção ao projeto de lei em discussão na Casa (PL 3200/15) de autoria do deputado Covatti Filho (PP-RS) que flexibiliza a comercialização de agrotóxicos e poderia tornar a regulação do setor menos rigorosa.
Agência Câmara.
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