Muitos foram os contratempos na história das
descobertas e das explorações. Muita gente morreu na tentativa de encontrar
lagos, passagens e tesouros que simplesmente jamais existiram. Outros, como
Burke, Wills e Scott, deram a vida no ensaio de ousar chegar a lugares nos
quais homem algum antes chegara.
Na corrida espacial aconteceu pontualmente o
mesmo. Não faltaram desastres de diferentes magnitudes e graus de letalidade,
mormente como produto da conjugação de erro humano e ruptura tecnológica ou,
não raro, por culpa de negligência lastimável em razão de cortes de custos em
setores equivocados.
Assim, o revés com a primeira sonda
interplanetária não tripulada norte-americana foi extremamente oneroso e quase
impôs o fim prematuro da nascente exploração do espaço sideral por Tio Sam.
Em fins da década de 1950, quando se inicia
a tresloucada corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética, a
Nasa apresenta planos mirabolantes para uma série de sofisticadas sondas
espaciais interplanetárias, denominadas Mariner. O projeto, orçado em mais de
500 milhões de dólares, contará, para o lançamento das sondas, com um novo e
moderno foguete: o Atlas-Centauro.
A Mariner I tinha destino certo: explorar o
planeta Vênus, futuramente Mercúrio e Marte. Dotada de aletas com células
solares para a captação da energia solar durante a jornada, a Mariner I
dispunha de instrumentos para estudá-la. Lançada em julho de 1962, cerca de
quatro minutos após o disparo, o lançador executa manobra não programada e
começa a desviar-se da rota.
O oficial da Nasa responsável pela segurança
do lançamento tem menos de um minuto para decidir entre interromper o
lançamento, e destruir milhões de dólares em equipamentos, ou permitir o curso
do voo, e correr o risco de uma sonda espacial errante cair em área populosa ou
em rota de navegação.
Decisão tomada: abortar a missão! Analisadas
as causas do acidente, verifica-se que o programa de orientação do computador
de bordo registra um erro minúsculo, mas fatal. Falta-lhe um elemento: um
hífen! Sim, um hífen não fora incluído na expressão "R-dot-bar sub
n", quando o correto seria "R-dot-bar sub-n", no qual n
significaria: valor ajustado da derivada de raio.
Pois é, a primeira tentativa de voo
interplanetário dos Estados Unidos - pasmem! - fracassara pela falta de um
hífen. O custo da brincadeira: US$ 80 milhões! Caramba! Trata-se do hífen mais
oneroso da história! Felizmente para a Nasa, primeira tentativa de voo
interplanetário dos Estados Unidos - pasmem! - fracassara pela falta de um
hífen. O custo da brincadeira: US$ 80 milhões! Não estivesse ela em condições
de lançamento, além do imenso vexame técnico e político, a enorme perda
financeira teria sido a pá de cal no nascente programa interplanetário
norte-americano, antes de ter realmente iniciado.
Sessenta dias após, a Mariner II é lançada
com sucesso, completa a missão e salva a pátria.
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