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sábado

Uso obrigatório, só que não


Não sei se só acontece na nossa casa, mas temos tomadas incompatíveis com os aparelhos elétricos que usamos. Mesmo tendo adaptadores, não sei por que, quando um aparelho novo entra em casa é uma corrida para conseguir usá-los.
 De repente nos vemos procurando miudezas e as compramos sem muita preocupação para saber o que está por trás da máquina que responde a lobbys poderosos, capazes de mobilizar instituições, para a criação de normas absurdas e perniciosas. Imagino quanto se fatura se cada casa tiver que comprar um adaptador só.
Em 1998 fomos obrigados a comprar um kit de primeiros socorros, sem o qual não poderíamos rodar por aí.
Convenceram-nos de que a bolsinha cheia de coisas de uso em ferimentos poderia salvar vidas.
Quando estávamos equipados e cheios de certeza de que aquilo fosse útil e que estávamos dentro das normas, o equipamento foi considerado inócuo e seu uso facultativo. E nós não fomos à rua protestar, por que temos que trabalhar para a próxima investida da falta de efetividade na criação de leis do nosso país.
Pois de janeiro em diante procuramos por extintores novos para os nossos carros.
Lembro-me da nossa corrida em busca do que nos salvaria de multas e de danos maiores caso houvesse um incêndio no carro. Houve filas e as lojas tinham listas imensas de espera por eles. Grande parte de nós ostenta o novo extintor como uma novidade salutar, o que nos consola quando pensamos na despesa que a nova norma nos causou.
Desde ontem o extintor em carros é opcional. Não aquele extintor novo, mas qualquer extintor. Estamos a duas semanas da entrada em vigor da norma que nos obrigaria a trocar um extintor por outro, novinho.
O Conselho Nacional de Trânsito está acostumado a nos dar trabalho. Além do Kit de primeiros socorros a obrigatoriedade (desde 2013) da ativação de um rastreador nos carros, o que os encareceu, é motivo de contestações na Justiça e pedidos de ressarcimento pelas despesas. Os órgãos de defesa do consumidor agora têm um novo objeto para trabalhar, que é essa nova norma dos extintores.
Os caminhoneiros, verdadeiros escravos do tempo e da ganância, ainda sofrem pela falta de fiscalização da Lei que determina o descanso de 11 horas a cada 24 de trabalho.
 Os mototaxistas ainda não fizeram o curso de segurança no trânsito, fixado desde 2010 como obrigatório, para quem transporta passageiros e para os motofrentistas, que fazem entrega de mercadorias.
Acho que alguém está rindo de nós, que nos submetemos docilmente como ovelhas em direção ao aprisco, que acreditamos seja de paz nas estradas, de segurança para nossas famílias.
Deixamo-nos conduzir ao sabor de autoridades que respondem a pseudo estudos de segurança e da indústria, que tem participação como cúmplices e indutores dessas políticas que nos oneram e tornam patente que somos propriedade dos que confiscam nosso tempo e nossos corpos, em favor de interesses inconfessáveis.
Nos próximos dias vou reler Foucault, que detalha o processo de apropriação de nós por parte do poder. Ele tem muito a nos dizer, para que entendamos por que somos sempre a bola da vez. 
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