Pensar em
crianças, é pensar em seres humanos capazes, inteligentes e dispostos a
aprender, porém seres humanos distintos dos adultos.
A
infância representa uma fase de desenvolvimento intenso. Nesta fase, as
crianças estão conhecendo o mundo e conhecendo a si mesmas, buscando sua
compreensão. Esse conhecimento é adquirido através da exploração e dos
sentidos, como observação. Além do mais, como todos os outros seres humanos,
são seres relacionais, dependentes e também influenciados pelo ambiente afetivo
em que vivem.
Como o
senso crítico e a personalidade ainda estão em formação, as crianças utilizarão
do seu ambiente para a obtenção de informação e de modelos a seguir, assim elas
aprenderão a fazer as coisas, a falar, a se comportar e a interagir. A técnica
da imitação, muito utilizada por eles, nos mostra que aquilo que fazemos na
frente das crianças é mais significativo do que aquilo que falamos.
Ainda
assim, educar é preciso e isso não é uma tarefa fácil. Exige dedicação,
paciência e compreensão constante dos cuidadores. Mas é nesse contexto, muitas
vezes por falta de informação, que surge a famosa "palmadinha",
quando não outro tipo de agressão física ou ameaça. Você já parou para refletir
o que realmente está ensinando ao seu filho com isso?
Agressão
física, antes de mais nada, é um momento impulsivo, geralmente movido pela
raiva ou pelo desespero, descontrole, de ter algo que você quer e impor ou
expor isso ao outro fisicamente. Levando em consideração ao que foi dito
anteriormente, e se você estiver transmitindo a ideia para o seu filho de que
está tudo bem em agredir alguém para obter aquilo que quer? Existem diversas
pesquisas afirmando que a agressão física na educação infantil só traz
malefícios. Já foram identificados, por exemplo, traços de agressão no
comportamento infantil e deficiências no desenvolvimento cognitivo e
comportamental das crianças agredidas pelos cuidadores. Quanto mais intensa a
agressão dos cuidadores, maior o nível do comprometimento infantil. Lembremos,
porém, que nossa mente se manifesta por níveis conscientes e inconscientes, e
que também é possível que algumas consequências permaneçam em áreas de nossa mente
pouco acessadas ou visíveis.
Dar uma
palmada pode até fazer com que a criança pare com determinado comportamento
naquele momento, mas isso é apenas uma repressão física e não um ensinamento
profundo do que é certo e do que é errado. Se ainda assim não está claro, eu
pergunto: Como você se sentiria se a professora ou a babá do seu filho o
agredisse? Você ainda consideraria como uma prática saudável, como uma
profissional capacitada para cuidá-lo?
O
comportamento de testar da criança, muitas vezes, é reflexo de sua
experimentação com o mundo externo. É fundamental que o cuidador não leve para
o lado pessoal, como uma afronta. A partir desse teste, a criança busca
entender o funcionamento do que há ao redor dela. Ela quer aprender, quer saber
o que acontece. É importante que você mantenha a coerência nas suas palavras, e
isso também significa ser consistente nas suas atitudes. Ela o está observando
e aprendendo com você! Ser incoerente, mostrará que você quebra com a sua
palavra, e a deixará confusa em relação às regras e aos limites estabelecidos.
Quando
você perceber algo de errado, se questione, em primeiro lugar se o
comportamento que você esperava está de acordo com a fase de desenvolvimento da
criança. Em segundo lugar, pense qual é o melhor tipo de intervenção que você
pode fazer, pense nas suas alternativas e opte sempre pela mais gentil e
pacífica - tenha em mente que firmeza e agressividade são coisas distintas. De
preferência, converse com a criança, de forma calma, clara e objetiva sobre o
que acabou de acontecer. Não priorize o discurso naquilo que ela não deve
fazer, mas no que ela pode fazer. Também fuja de frases que reforcem o erro ou
que desmereçam a criança por algo que ela tenha feito. O fato de ela ter errado
em alguma coisa não significa que seja burra ou incapaz, por exemplo. Falar
isso a ela é desmerece-la como todo, o que pode gerar inseguranças futuras,
sentimentos de desvalia e uma visão distorcida de si mesma.
Como
citado acima, somos seres relacionais e isso significa e reflete mais na vida
do seu filho do que você pode imaginar. É preciso que se tenha paciência para
ensinar e explicar às crianças o que se mostra necessário. Converse e mostre o
que a criança deve e pode fazer, e saiba que a educação é um processo, e é
construída diariamente, tijolinho por tijolinho. A criança não tem obrigação de
pensar como o adulto, mas o adulto deve, em sua condição de maior maturidade,
flexibilizar-se para conversar com a criança de modo que ela possa entendê-lo,
possibilitando o contato destes dois mundos - adulto e infantil - de forma
harmônica e construtiva.
Lembre-se: gentileza gera gentileza. O amor e
o carinho serão sempre as melhores ferramentas para uma educação saudável.
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