Orientações dadas pelo secretário
contradizem dicas de especialistas em segurança, que sugerem jamais reagir
Em uma entrevista dada à rádio Guaíba, da Capital gaúcha, o secretário
de Segurança Pública, Wantuir Jacini, deu a entender que, em função da crise
por que passa a segurança no Rio Grande do Sul - principalmente, após a adoção
de parcelamento de salários que atinge, entre outras categorias, a Polícia
Civil e a Brigada Militar -, as pessoas "mais desprendidas" poderiam
combater bandidos pelas ruas.
A entrevista foi ao ar no programa Conexão Guaíba, daquela rádio. O
secretário era questionado sobre como as pessoas deveriam proceder caso fossem
vítimas de violência, como roubos e furtos. Em resposta, disse que a legislação
"dá respaldo" para que os cidadãos se defendam e prendam os
agressores, fazendo, assim, o papel das polícias.
“Concordo que a sociedade não tem esse preparo, no entanto, a lei
permite que qualquer cidadão prenda em flagrante quem estiver cometendo crimes.
A obrigação é da polícia, não estou dizendo que todo cidadão faça isso, mas as
pessoas mais desprendidas que fizerem, estão respaldadas pela lei. Melhor seria
não atuar, mas se for inevitável, que atuem”, afirmou Jacini.
O secretário falou ainda sobre a nomeação de policiais civis e militares
que já foram aprovados em concurso público, para garantir um número maior de
servidores da segurança, ou mesmo manter o número, já que muitos que entram
substituem aqueles que deixam o serviço, por aposentadoria ou outros motivos.
Mas, segundo ele, "não existe previsão [de chamar os aprovados], em função
das medidas de contenção de gastos [determinadas pelo governador José Ivo
Sartori].
Contradição
A sugestão do secretário Jacini contradiz frontalmente o que
especialistas e autoridades policiais sempre disseram sobre como uma vítima
deve reagir durante um assalto.
Na própria página da Brigada Militar, as orientações são no sentido de
jamais reagir. Entre as recomendações, estão:
·
Jamais reaja; a reação pode
causar sua morte;
·
procure manter a calma diante de
uma arma, mesmo que isso pareça difícil;
·
acredite sempre que a arma do
bandido é verdadeira, e que está carregada;
·
não faça movimentos bruscos e
procure alertar o assaltante dos gestos que pretende realizar, como pegar uma
carteira, por exemplo;
·
tenha consciência de que há
possibilidade de existir outra pessoa dando cobertura ao crime;
·
lembre-se que o bem maior é a
vida; bens materiais podem ser adquiridos novamente.
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