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segunda-feira

Era uma vez uma escola chamada empresa!






Partindo da realidade que vivenciei dentro de duas instituições de ensino da rede estadual neste ano de 2014, me sinto em uma posição, até certa medida confortável para tecer algumas análises críticas sobre o citado sistema e suas formas de “gerenciamento de produção”.

 Na posição que me encontrava, professor da disciplina História, pude observar alguns mecanismos, que em meu olhar, julgo ineficiente para a efetivação do projeto de uma educação sem amarras institucionais e emancipadora dos discentes.

Entretanto, em um primeiro momento, me senti desconfortável com algumas atitudes do grupo gestor, pois, pude observar que mecanismos de controle e disciplinamento ainda reinam nas formas gerencias de ambas as instituições.

 Tais mecanismos são impostos de forma sutil e imprudente sobre os discentes, faço está observação a partir das sutilezas que estes mecanismos permeiam, infelizmente ainda é bem claro o status da posição hierárquica que os indivíduos assumem dentro das instituições, onde, o velho ditado, manda quem pode e obedece que tem juízo, ainda é disseminado por parte de alguns gestores educacionais e de alguns docentes.


 A visão que foi-se construída e constituída sobre os discentes e em relação ao papel da escola, se aproximam claramente de um “gerenciamento empresarial”, onde a busca incessante por “metas” a serem cumpridas sobrepõe-se à aquela que julgo o papel da instituição educacional e dos profissionais que gerem tais instituições, o papel emancipador, libertador, onde o indivíduo se livraria das amarras institucionais, propiciando assim um indivíduo pensante e crítico sobre o meio social que está inserido.

Dentro desta realidade que vivencie, pude observar que a instituição escolar, e seus gestores(docentes), detém de preocupações que em minha ótica não condiz com o papel da instituição, preocupações estas que vão da: preocupação se o aluno está ou não de uniforme ao preenchimento correto do diário por parte dos professores.

Evidentemente que é necessário uma “ordem burocrática” da instituição, mas o que me chama à atenção é a excessiva preocupação com detalhes que ao meu ver atrapalham o andamento do processo emancipatório do aluno. Tais preocupações, são simples exemplos do dia escolar, isso sem mencionar o jogo de poderes e interesses por parte do grupo gestor ao seu “alunado”.

Este jogo de poderes que me refiro está nas punições que os alunos podem sofrer se não cumprir algumas regras da escola, como por exemplo: estar dentro da sala quando o sino tocar, ou não levantar à mão para ir ao banheiro ou tomar água, talvez por grande parte dos leitores estes pequenos acontecimentos podem passar como rotineiros ou naturalizados, mas o fato é, que isso é uma prática de controle para uma provável reprodução no mundo do trabalho.

 Quando menciono que a instituição escola e seus gestores se portam de forma empresarial, me refiro a excessiva preocupação com as “metas” e o excessivo controle que a escola e seus discentes devem atingir, metas estas, que se aproximam à de uma empresa, pois se a escola não atingir determinados números de aprovações, notas e efetivo, a mesma ficará sem parte de algumas verbas estaduais e federais, ou seja, se a “empresa” escola não cumprir com as “metas”, a mesma ficará desprovida de recursos para a sua manutenção.

 No que se refere ao controle, se aproxima do que as empresas exigem do seus funcionários, já se tem diversos exemplos por parte de algumas confecções que limitam o tempo do seu funcionário de beber agua ou ir ao banheiro, sendo assim a escola se torna uma “empresa preparatória” destes futuros funcionários. 


Mas o que torna-se preocupante é a interiorização que, tanto gestores quanto docentes fazem sobre o cumprimento destas “metas” e mecanismos de controle, acarretando  assim uma gestão educacional de cunho empresarial; onde a preocupação de se formar indivíduos para a sociedade é suprimida pela preocupação da formação de indivíduos para o mundo do trabalho. 

Pois, os discursos que vivenciei se tencionam para esta formação para mundo do trabalho. Sendo assim, podemos utilizar há visão que Michel Foucault teceu sobre as instituições “A instituição escola foi denominada por Foucault (1987) foi como instituição uma de sequestro, juntamente com as demais instituições como os presídios, manicômios e quarteis.

A proposta que predomina nestas instituições é a de controlar, não apenas o tempo dos indivíduos, mas o corpo, absorvendo deles o máximo de tempo e força possível, com atitudes “invisíveis”, porém profunda”. Podemos assim concluir que, a educação “sonhada” por Piaget ou para Paulo Freire e por uma gama de intelectuais do tema, está longe muito longe de se efetivar, pois o problema não é somente o sistema mas sim os próprios agentes que os compõe e os gerenciam.

Poderíamos prolongar está discussão por várias laudas, entretanto nos privaremos apenas deste início de debate, mas que com certeza tem muito mas para ser explanado!


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