Você sabe se a areia onde seu filho brinca - ou onde você mesmo
pisa -, nas praias, nas praças dos bairros, nas áreas de lazer públicas e
privadas - oferece algum risco à saúde? A resposta é não. E são locais de
intenso fluxo de pessoas onde há risco de contrair doenças. Pontos que, a
partir de agora, com a proximidade do fim do inverno, tendem a ser cada vez
mais procurados.
O Rio de Janeiro já sabe o que há na areia de seus parques, praças
e creches das zonas norte, sul e oeste. E a notícia não é boa. Lá, a análise da
qualidade ambiental feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou
risco alto de contrair doenças nesses locais.
O resultado foi apresentado na
Praça do Leme, um dos pontos com as piores condições ambientais e muito
frequentado por crianças.
A coordenadora da pesquisa, Adriana Sotero Martins, disse que no
Brasil não existe parâmetro para avaliar a qualidade da areia. Nas análises
feitas no Rio foram encontradas altas concentrações de coliformes fecais, bactérias,
fungos e parasitas que podem causar micoses, infecções de pele, náusea e
vômito.
Foram feitos 15 pontos de coleta e apenas dois apresentaram
resultados sem risco. Nos demais foram encontrados parasitas que oferecem risco
à saúde pública, como o bicho geográfico. Para Adriana, seria importante uma
legislação que garantisse ao usuário, aquele que usa o serviço público ou
serviços de creche, por exemplo, que tem parquinhos e tanques de areia, a
qualidade da areia.
O estudo foi encomendado pela Comissão pelo Cumprimento das Leis da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e irá fundamentar um
projeto de lei para estabelecer o monitoramento semestral da areia.
O autor do
projeto e presidente da comissão, o deputado estadual Carlos Minc, ressaltou
que não há iniciativa nesse sentido no Brasil, um padrão de referência para
qualidade de areia. "A partir de que limite isso é perigoso para a saúde
das crianças e da população em geral? E depois se estabelece o que fazer para
prevenir: cercar com tela, borrifar semanalmente com alguma coisa de
cloro", justifica o parlamentar.
A proposta já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça
da Alerj e segue para apreciação das comissões técnicas. O projeto propõe que o
monitoramento fique a cargo do órgão ambiental estadual e que os responsáveis
pelos locais contaminados sofram sanções que vão de multa à interdição.
Uma ideia que, do ponto de vista da saúde pública, mereceria ser
analisada por estados e municípios. E quem sabe, copiada. Por aqui temos as
praias do Laranjal e do Cassino, áreas verdes com pracinhas, entre outros
locais onde a areia é pisada e manuseada todos os dias.
No ano passado o Diário
Popular publicou reportagem sobre os estudos periódicos da qualidade da areia
nos balneários da Lagoa dos Patos, feitos desde o início dos anos 2000 pelo
Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de
Pelotas (UFPel). Das 950 amostras coletadas em 2014, 10% registraram a presença
de parasitas.
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