Através de uma palavra de conselho, de esperança e encorajamento, proferida no momento certo, é a própria caridade de Deus que se manifesta em nós e por meio de nós.
A era da
comunicação de massa dilatou ao máximo o uso da palavra, positiva e negativamente.
Nesses tempos de informações frenéticas, devemos fazer a pergunta: nós, seres
humanos, servimo-nos da palavra escrita ou falada pra comunicar vida e verdade
ou, ao contrário, para propagar a morte e a falsidade?
De frente
a esse questionamento, faço uma autoavaliação e convido você, leitor, a fazer o
mesmo. Uma avaliação providencial, considerando este tempo quaresmal que
atravessamos, o qual, sabemos, é um caminho de conversão, uma renovação
espiritual para todos da Igreja. Então, surge uma questão essencial: quais têm
sido minhas palavras e quais os efeitos que elas têm causado ao meu próximo?
Tempos
atrás, publiquei no meu blog um artigo chamado “As palavras têm poder”. Esta
reflexão recorrente me faz acreditar que ganhamos muito ao fazer uso correto
das palavras. Quantos lares de família, negócios, empresas, lindas amizades
foram desfeitos pelo mau uso das palavras? Muitos.
O Pe.
Raniero Cantalamessa, em seu livroO Mistério da palavra de Deus diz que “o
abuso da palavra pode transformar a vida de uma pessoa em um inferno”. Por
outro lado, todos nós podemos construir um céu na vida das pessoas com quem
convivemos. Uma palavra de sabedoria pode salvar uma vida.
Através
de uma palavra de conselho, de esperança e encorajamento, proferida no momento
certo, é a própria caridade de Deus que se manifesta em nós e por meio de nós.
Essa prática, esse exercício contínuo de proferir boas palavras, que são dardos
certeiros no coração das pessoas, é uma das necessidades mais primordiais da
Igreja.
Enquanto
as palavras positivas geram vida, ânimo e coragem, as palavras negativas criam
ódio, a vingança e até a morte. Sim, a morte. Pois palavras negativas nos
enchem de pequenas mortes; mortes diárias. Morte da nossa fé, da nossa
benevolência, da nossa compaixão. É por isso que, quando nos deparamos com
situações adversas, sobre as quais não temos controle, o importante é silenciar
e jamais maldizer.
O Papa
Bento XVI, em uma de suas audiências de quarta-feira, no início da quaresma,
destacou que este é um tempo de decisões maduras,“um período suficiente para
ver as obras de Deus; um tempo no qual é necessário decidir-se e assumir as
próprias responsabilidades”.Somos muito responsáveis pelas palavras que saem de
nossas bocas. Pouco a pouco, nossas palavras se transformam em quem somos.
Deus nos
fala na Bíblia que sua palavra, uma vez proferida, jamais volta vazia. “Assim
será a minha palavra, a que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia,
antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. (Is.
55:11-11)”. Estou certo de que, ouvindo e obedecendo à palavra de Deus, nossas
próprias palavras cada vez mais serão benignas e despojadas de escárnio e
maldade.
Tanto a
palavra negativa quanto a positiva são dardos que atingem não somente as pessoas
ao nosso redor, mas sobretudo a nós mesmos.
Que ao
longo da nossa caminhada possamos, por meio das nossas palavras, faladas ou
escritas, transformar o mal em bem, o ódio em paz, a tristeza em alegria.
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