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quarta-feira

Estou cansado



Toda a vez que nós professores articulamos para pedir aumento de salário ou pagamento do piso da categoria, que, aliás, é uma ilegalidade o não cumprimento de uma determinação do Supremo Tribunal Federal, que já fez o apontamento definitivo a favor deste pagamento, logo vêm as críticas. Somos chamados de vagabundos, que não queremos trabalhar, que não ligamos para os alunos, que somos irresponsáveis, pois iremos atrapalhar as férias dos alunos e, obviamente, dos pais.
Há outros que dizem com um tom mais ameno, mas não menos ácido, que  somos uma espécie de sacerdotes, somos vocacionados , somos o baluarte da melhoria deste País, que exercemos uma função carregada de vocação e que temos responsabilidades maiores que nossa miserável condição.
Há outras vozes que se levantam a nosso favor, entendendo que qualidade em Educação passa também  por uma remuneração adequada e condizente com a enormidade de responsabilidades que temos com a sociedade gaúcha. Embora,  historicamente, é  relegado a um plano muito inferior as dificuldades dos profissionais em Educação, pois não há interesse efetivo daqueles que manuseiam, se apropriam da máquina  pública, ou seja, a classe política, aqueles que são chamados de “gestores públicos”.
Agora, estamos em greve mais uma vez, mas não por valorização da categoria, mas, sim, por nosso provento mínimo, querem que cheguemos  ao fundo do poço, ao fim, à derrota total, querem nos massacrar como educadores, como profissionais, como pais e mães de família. E óbvio que não há a mínima possibilidade de conseguirem. O servidor público não é culpado pelas sucessivas e históricas administrações que sempre gastaram mais do que arrecadavam. Hoje, o que queremos é o pagamento integral de nosso salário e mais nada, hoje queremos o mínimo para o nosso sustento, hoje queremos o mínimo para nossa alimentação, queremos o direito constitucional do recebimento integral de nossos míseros salários.
O professor tem Ensino Superior completo, estudou como qualquer universitário e, aliás, está sempre estudando, reciclando-se. Professor tem que estar sempre atento às inovações tecnológicas, às novas linguagens. Professor tem que ter conhecimento mínimo de psicologia infanto juvenil, para conseguir equilibrar reações que vão da suavidade à explosão temperamental e hormonal que transbordam pelos poros destes jovens que, em alguns  casos, têm uma agressividade muito maior que gerações anteriores. Jovens que estão sem um mínimo de limites, onde tudo é permitido e regras são desconhecidas ou desrespeitadas a todo tempo. O respeito à autoridade do professor é quase inexistente, não fica nem a consideração.
Professor  é conselheiro, também é  pai e mãe, é um amigo que chora com seu aluno e ri com ele também. Professor aprende com o aluno o tempo todo. Aprende a ter paciência, ser mais despojado, não levar tudo a sério, mas também aprende com seus sofrimentos e angústias. Em muitos momentos, somos seu ombro amigo, seu confidente, sua ajuda, às vezes, somos sua última esperança. E temos que estar preparados para tudo isso.
Professor com quarenta horas, no Estado, não tem menos do que 300 alunos  fazendo  trinta aulas por semana, além de existir a hora-atividade, a qual corresponde a mais uma carga horária que ficamos à disposição para reunião pedagógica, reunião de equipe multidisciplinar, conselhos de classe e etc... professor, hoje, é multidisciplinar, exemplo: se este é professor com graduação em história, ele, automaticamente, torna-se habilitado a ministrar aulas de todas que abrangerem as ciências humanas( filosofia, geografia, sociologia e história). Estudar para mais de uma habilitação, preparar e aplicar trinta aulas por semana, corrigir mais de 300 trabalhos, mais de 300 provas por trimestre, e o governador do Estado pede paciência e entendimento? Por favor, senhor governador! Somos nós que devemos ter paciência? É o senhor que tem que ter o entendimento, afinal, se propôs e foi eleito para  isso e agora, o que oferece para nós? Nada, ou melhor, uma migalha do que já é migalha. Estou cansado...



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