O homem se julga merecedor dos favores de Deus e conta com eles,
com mais persistência, nos momentos ruins. Sempre acontece assim. Presta-se a
sacrifícios em troca da paz doméstica, da saúde que se esvai, da perda de
alguém significativo, querido, ou ante um golpe inesperado. Tocado pela dor,
torna-se mais vulnerável ao reconhecimento de suas faltas e esforça-se por
vencê-las, em troca de benesses.
Os templos, monumentos representativos da fé humana, em sua
maioria surgiram por causa de calamidades públicas, de sofrimento difíceis de
suportar. Uma espécie de “mea culpa”, em que a ostentação arquitetônica ou
artística possa reverenciar a divindade.
Em todas as culturas verificamos essa expressão da religiosidade
exteriorizada através de belos monumentos. Registram a fé exercida em forma de
escambo. Oferendas humanas carregadas de esplendor material.
A oferenda de Deus às questões
dos homens se faz evidente à medida em que eles se transformam. É
assim que observamos a ocorrência do sofrimento como material didático.
Oferecido, na hora oportuna de reparação dos erros perpetrados, dá concretude
às súplicas sinceras do presente e propicia um futuro menos calamitoso.
De forma pedagógica, através da dor, são domadas as paixões. Estas,
na avaliação da sabedoria divina, servem de motivação para mudança. O que
parecia ser um estorvo passa a funcionar como alavanca para novas situações.
Para entender melhor o móvel da paixão como pedra de escalada, leia o livro: “E
a Vida Continua” do Espírito André Luiz pela psicografia de Chico Xavier,
editado pela FEB.
Neste trabalho reconciliador, as tramas arquitetadas pela
aventura humana ganham nova roupagem e se transformam em script instigante
para entender as nuances do cenário da
paixão. Vale registrar que o enredo já foi transformado em filme e fez sucesso
significativo.
O homem quer ser feliz e lhe é mostrado como, através do
aprendizado e prática da paciência e da resignação. É levado ao fogo que queima o egoísmo, fornalha
que funde o orgulho e extingue a indiferença.
O aprendizado pela dor tem se revelado escola eficiente onde se
aprende a depurar as sensações e tomar
conhecimento das verdades eternas.
Realmente, não cai uma única folha de uma árvore sem que a
Suprema Misericórdia não tenha ciência do ocorrido.
Aqueles que se encontram à beira do caminho, perdidos, sem rumo,
petrificados pelas ilusões, doentes da alma, acabam por se renderem quando
cansam de sofrer. O socorro vem, porque, quem busca, acha. Aí começa a
edificação espiritual porque o amor entra pela brecha da humildade.
Dessa necessidade de superação surge a afirmativa do Cristo,
como chamamento perene: – “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” João 16:33
Vencer o mundo não é simplesmente vencer no mundo. Traz uma
exigência maior. Indica quando o Cristo surge, como sol vivificador, na alma
humana. Momento especial em que tudo se modifica.
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