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sábado

Vamos falar de Educação: para você, palavras são só palavras?



Falando ou escrevendo a língua materna estamos desenvolvendo uma técnica de usar representações simbólicas para descrever nossas manifestações e, se acrescentarmos ou excluirmos algumas letras, isso não é um impedimento para sermos compreendidos.
Além do que a língua é um organismo vivo, camaleônico e novas palavras tomam forma, antigas palavras mudam sua ortografia e outras são "importadas" para a nossa língua.
 Assim, as palavras são decodificadas mesmo quando alteradas. Às vezes elas provocam seus embrólios, digo, imbrólios, ou melhor, imbróglios. Isso mesmo causam-nos confusão, isso pela forma que as palavras têm suas grafias - por exemplo: pharmácia e imbróglio, a primeira já foi considerada brasileiramente correta e modificada para farmácia, esse ajuste fez-se por conta de "ph" ter som de "f", logo não há porque usar o "ph".
Já a segunda ainda oficialmente tem a grafia composta pela letra "g", que em bom português deveria ser lida exatamente como se registra, mas, escreve-se em italiano (imbróglio) e lê-se em português (imbrólio). O que é uma anomalia e, logo, logo será escrita sem "g". Por quê? Porque lemos sem "g".
Esses imbróglios serão corrigidos com o tempo, porém, há quem defenda, como eu, que não há "erro" na escrita em nenhuma das variantes, mas, as adequações norteiam o sistema de linguagem. O porquê disso está ligado às convenções sociais, que permitem o falante de sua língua materna usar as variações para se fazer entender.
O que importa é o significado das palavras nas comunidades linguísticas que as usam. Particularmente, fujo do dicionário várias vezes para me comunicar e faço uso das mais diversas variações, claro, na informalidade da oralidade me arrisco mais. Todavia, em alguns escritos nem tanto.
No caso de artigos de jornais ou matérias de comportamentos, esportes, culinária dentre outros, as variações linguísticas são usadas para chamar a atenção do interlocutor. O motivo é o efeito que o texto quer causar. Por outro lado, limitar-se apenas ao uso do dicionário não é o suficiente para se fazer entender; na necessidade de construir uma comunicação mais barulhenta o locutor usará até mesmo as figuras de linguagem.
Claro, que em textos de caráter formal (acadêmicos ou endereçados a órgãos públicos e autoridades) a formalidade exigirá o uso da gramática padrão. Portanto, essa flexibilidade no uso da escrita é primordial.
A linguística é como o gênero dos seres vivos. O homem e a mulher, como os demais animais de sexo opostos têm comportamentos distintos e suas aparências físicas não são os elementos norteadores para considerar o gênero. Ou seja, para entender o masculino e o feminino, não basta afirmar que os órgãos genitais seriam o suficiente.
Do mesmo modo, a forma gráfica que se expressa a palavra pode não seguir a regra da língua padrão. Aliás, trilhar esse caminho de questionamentos dos nossos signos e seus significados sem nos apoiarmos em boas leituras de consagrados linguistas é um risco que corremos. O risco ao qual me refiro é de pseudointelectuais apontarem erros em tudo. Ignorando as possíveis formas de comunicações.
Contudo, no Brasil, está se formando uma corrente em prol do entendimento da língua materna. E não somente os professores de Português voltaram seus olhos para a linguística, também os homens mais elevados das cortes da Justiça brasileira entendem que a linguagem é morfologicamente confusa, e desatrelar o rebuscamento facilitará a comunicação; segundo eles, a palavra escrita deve ser abrangente e eficaz. De outro modo, quanto mais o indivíduo buscar o domínio de sua língua, mais terá competência para trilhar por todos os caminhos textuais.
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