A
reincidência de ex-presidiários no Brasil ultrapassa 65%. Significa que 65 em
cada 100 ex-apenados devolvidos à vida em sociedade tornam a cometer crimes e
voltam aos presídios.
O dado
comprova, o sistema prisional brasileiro não está aparelhado à recuperação de
transgressores, tampouco consegue prepará-los - minimamente - para que se
convertam em cidadãos de bem, após quitarem a dívida contraída com a
coletividade.
Ao
contrário, as prisões são verdadeiras escolas do crime, formadoras de
homens-feras. As condições da maioria das penitenciárias mostram-se precárias e
inabitáveis, o detento se resume a um bicho enjaulado à mercê de normas que o
transformam em escravo de facções e das limitações impostas pelo sistema.
Evidente,
todo e qualquer criminoso deve saldar seus débitos com a Justiça. Durante o período
de detenção, no entanto, deveria ter condições mínimas de sobrevivência,
tratamento digno e opções de trabalho e estudo - mesmo o criminoso considerado
mais perigoso ou irrecuperável. Esta é a lei.
Descumprida. Como tantas outras. Resultado: ao
cumprir a pena, o indivíduo sai da cadeia pior do que quando entrou, geralmente
revoltado e propenso a recair, acuado pelas dificuldades, a discriminação e o
estigma de marginal.
A
sociedade arcou com os custos da permanência dele na prisão, após ser vitimada,
e tão logo se vê em liberdade ele a agride e lesa quem o sustentou, embora
precariamente, porquanto a ressocialização é falha e comumente inexistente.
O Estado
precisa repensar o sistema carcerário brasileiro. Faz-se necessário oferecer
oportunidade de trabalho ao preso, tornando-o útil a si e à sociedade, alvo da
infração que o levou ao encarceramento. A comunidade não é obrigada a financiar
os custos de delinquentes.
Por outro
lado, é um equívoco enjaular seres humanos, utilizar o erário para mantê-los, não
lhes oferecer condições mínimas de regeneração e depois libertá-los.
Isso,
considerando que, em quase 70% dos casos, eles reincidem, punindo novamente
quem os amparou e alimentou. Não é fato?
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário