Uma pesquisa feita pela Ipsos Public Affairs
e encomendada pela organização não governamental (ONG) Repórter Brasil revelou
que 70% dos brasileiros sabem que ainda existe trabalho escravo no país. Já 17%
disseram que não existe e 12% responderam que não sabem.
Entre os entrevistados com mais de 60 anos,
61% disseram que o trabalho escravo ainda é praticado no Brasil. No grupo de
jovens com idade entre 16 e 24 anos, 65% demonstraram ter menos conhecimento do
assunto. Foram entrevistadas 1.200 pessoas em 72 cidades e feitas três
perguntas opinativas sobre trabalho escravo.
Na pesquisa, 27% das pessoas ouvidas
disseram não saber o que é trabalho escravo e 24% responderam que salário
abaixo do considerado justo não configura trabalho análogo à escravidão. Entre
os fatores que configuram trabalho escravo estão servidão por dívida, condições
degradantes de trabalho, trabalho forçado e jornada exaustiva, itens que foram
reconhecidos por (19%), (8%), (7%) e (1%) dos entrevistados, respectivamente.
Para a pesquisadora Fernanda Sucupira, da
ONG Repórter Brasil, em entrevista publicada pela Agência Brasil, o patamar de
pessoas que sabem que existe trabalho escravo é elevado e fruto da
conscientização alcançada no decorrer dos últimos 20 anos por meio das
campanhas e medidas de combate ao problema, mas, ao mesmo tempo, há uma parcela
significativa da população que precisa ser sensibilizada.
Nas perguntas abertas viu-se com preocupação
a resposta "não sei" quando perguntou-se o que é trabalho escravo. Há
um nível elevado de consciência de que existe, mas as pessoas não sabem o que o
define e como se caracteriza.
Segundo a líder de Projetos de Proteção da
Fundação Abrinq, Andréia Lavelli, ainda existem muitos mitos em relação ao
trabalho infantil, incluindo a descrença de sua existência, devido à
banalização. É comum ouvir, por exemplo, que é melhor que a criança esteja
trabalhando para ajudar família do que estar na rua.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (Pnad), no Brasil são cerca de 3,331 milhões de menores
trabalhadores, na faixa de cinco a 17 anos.
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