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terça-feira

Vaidade na terceira idade

Mulheres com 60, 70, 80 e 90 anos são incentivadas a cuidar da aparência como forma de manter qualidade de vida.

Quem pensa que apenas os jovens, no auge da idade, estão preocupados com a aparência, se engana. As mulheres de 60, 70, 80 e 90 anos querem ficar bonitas também. Cuidar-se significa manter a própria dignidade. Com foco nisso, o Complexo Gerontológico Sagrada Família – uma das unidades da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) – montou há nove meses um salão de beleza que atende, de segunda à sexta-feira, moradoras da Instituição de Longa Permanência, das Casas Lares e do Centro Dia.
E o espaço tem sido uma prova de que não existe idade para manter a vaidade. Responsável pelo atendimento, a cabeleireira Luciana Rodrigues dos Santos, revela que nas segundas-feiras é comum ouvir suas clientes dizerem que o final de semana demorou a passar e que elas não viam a hora de arrumar as unhas e os cabelos. “Elas se sentem importantes e respeitadas ao escolherem a cor de um esmalte, um corte ou uma tonalização para os cabelos,” conta. Com o secador e uma escova nas mãos.
 Luciana revela que se diverte enquanto ouve pacientemente cada uma de suas clientes. Todas têm uma história para contar. “Elas são umas figuras!,” diz.
Entre as clientes de Luciana está Antônia Luisa Gouveia, de 66 anos. Portadora do Mal de Parkinson, ela depende de uma cadeira de rodas para se locomover. Sorridente, conta que foi morar no Complexo Gerontológico há mais de 20 anos e que fica na porta do salão, quase todos os dias, esperando para ser a primeira atendida. Ela não gosta de maquiagens, mas adora um esmalte vermelho e os cabelos escovados. 
“A idade vai chegando e a gente tem que se cuidar, tem que se gostar,” diz.
Aos 82 anos Maria Benedita Miranda ama sapatos, pulseiras e anéis. Quando perguntada sobre se pode tirar uma foto, ela logo responde: “espera, tenho que ajeitar os meus cabelos.” Os fios estão totalmente brancos. Para evitar que fiquem amarelados e sem brilho, dona Benedita conta com a ajuda da cabeleireira Luciana e de um shampoo neutralizador. 
Quanto a esmaltes, nas mãos e pés, nada de “basiquinho.” Ela gosta mesmo de cores fortes, como o vermelho-beterraba. Maria Benedita já foi manicure e afirma que “as mãos são o cartão de visita de uma mulher”. E assume: “Eu não fico sem creme. Quem é mais feliz tem mais ânimo para ser vaidosa, e quem é vaidosa é mais feliz. O importante é se gostar.”
Vaidade e saúde
A vaidade é tão importante para a saúde na terceira idade quanto exames periódicos e exercícios físicos, dizem especialistas. Andréia de Souza Readaelly, psicóloga do Complexo Gerontológico Sagrada Família, diz que o cuidado com a aparência é fundamental para a saúde dos idosos porque está associado à saúde psicológica. Ao cuidar-se, a pessoa com mais de 60 anos lembra que ainda está no mundo. “Trabalhar a vaidade, a estética e a higiene traz reflexos diretos na autoestima e isso é um recurso terapêutico,” diz. 
Andréia lembra ainda que quando um idoso não quer se cuidar pode ser um alerta, pois corre o risco de ser um dos sintomas de depressão. “Nessa faixa etária, ela tende a ser mais grave, e muitas vezes até fatal.”
Andréia comenta que a implantação do salão de beleza no Complexo traz uma dose de carinho à rotina dos moradores da Instituição de Longa Permanência, das Casas Lares e do Centro Dia. As que estão acamadas e não podem se locomover recebem, no quarto, a visita e os cuidados da cabeleira Luciana, que por já ter sido instrutora de cursos profissionalizantes da área da beleza tem um jeito diferenciado para lidar com um público tão especial.
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