Espiritualidade e a
noção do tempo
Como
todos espiritualistas sabem, Emmanuel – que foi o espírito mentor de Chico
Xavier – atualmente está reencarnado, na condição de adolescente, em uma cidade
no interior do estado de São Paulo. Entretanto, cerca de 30 antes de
reencarnar, por volta de 1972, ele deixou-nos um interessante relato sobre a
situação do planeta Terra, que já naquele tempo se apresentava como hoje, com a
mesma desordem de uma casa em reformas. Vale a pena relembrar:
Calamidades
, flagelos, conflitos, lutas, provas!… Os quadros do mundo moderno, porém, não
expressam um retorno ao primitivismo ou exaltação da animalidade. Achamo-nos em
plena via de burilamento e progresso. A Terra assemelha-se hoje a casa em
reformas. Tudo ou quase tudo aparentemente desajustado para a justa
rearmonização. Na altura atual dos conhecimentos humanos não será recomendável
uma revisão de valores por parte homem, considerando-se o homem na sua condição
de espírito imperecível?
Conceitos
enunciados pela civilização cristã, em vinte séculos, são agora testados,
acordando as criaturas para a responsabilidade de viver nos padrões da
imortalidade que nos é própria. Desnível espiritual na família, criando
perturbações, compelem aqueles que a integram para a conscientização da regra
de ouro. Abre-se mais amplamente a escola da experiência, a fim de que
aprendamos a respeitar os entes queridos, tanto quanto anelamos ser
respeitados. Desentendimentos aqui e além requisitam a presença de construtores
da segurança geral.
Matriculemo-nos
na concorrência ao título de pacificadores. Incompreensões se alongam em todos
os caminhos, com acusações recíprocas entre grupos e pessoas. Salienta-se
o ensejo de mecanizarmos o perdão, imunizando-nos contra revide ou
ressentimento. A felicidade e a paz nos processos de vivência comum reclamam a
abnegação de quantos se declaram a favor do mundo melhor.
Surpreendemos
nisso expressivo concurso de valores pessoais, lançado aos cultivadores do bem,
na base da legenda evangélica: “Quem deseja ser o maior que se faça o servidor
de todos”. Ergamo-nos para a vida sustentando a luz da esperança. Evidentemente
não temos a moradia planetária sob sentença de extermínio. Continuamos todos
resguardados pelo equilíbrio das leis universais. O que existe presentemente na
Terra é o chamamento cada vez mais vivo ao testemunho individual de compreensão
e aperfeiçoamento, com multiplicadas oportunidades de trabalho em louvor de
nossa própria renovação. (Do livro Chico Xavier pede Licença, cap. 27, obra de
autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.)
Ressaltemos,
porém, que do ponto de vista espiritual, a noção de tempo é bem diferente da
nossa. Como diz a Bíblia, “no tempo do Senhor um dia tem mil anos e mil anos
tem um dia”. A grave crise que nos acomete deve ser encarada como um chamamento
vivo ao testemunho individual de compreensão e aprimoramento, com vistas à
nossa própria renovação, visto que na vida tudo passa, tudo é transitório, tudo
tem um objetivo. E nós sabemos exatamente qual ele é: aprendizagem, resgate de
erros cometidos nesta ou em outras vidas, perdão incondicional, evolução
constante e sobretudo muito amor crístico.
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