Confirmado. Tudo o que
a presidente Dilma Rousseff queria ao atrair para o recanto do seu lar todos os
governadores do país era pedir apoio a eles para a "travessia" e para
concluir o mandato em 2018. Ou seja, Dilma só queria tirar uma foto e dar um
grito de socorro contra o impeachment. Seria só patético, não fosse dramático
que uma presidente recém-eleita, com apenas meio ano de mandato, tenha chegado
a tanto.
De casaquinho azul
bebê, Dilma falava para os governadores (e para o público da TV oficial) em
"travessia", "democracia", "humildade",
"somar esforços", "cooperação" e "parcerias". Nos
sites, as manchetes eram outras, no tom cinzento e ameaçador da crise. O
déficit das contas públicas foi de R$ 8,2 bilhões num único mês, o de junho, o
que gerou um resultado negativo de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre. É o pior
resultado em toda a série histórica. Mais um recorde da era Dilma.
E não parou por aí,
porque os juros do cartão de crédito atingiram estonteantes 372% ao ano. O.k.,
todo mundo sabe que endividamento com cartão é fria, mas a chamada "nova
classe média" está meio perdida no paraíso com o aumento do desemprego e a
queda da renda e, no aperto, pode recorrer ao cartão e cair na esparrela. Sem
contar que os juros no cartão são só um aspecto dos juros escorchantes.
Bem, enquanto o mundo
real continuava produzindo uma notícia ruim atrás da outra, Dilma dizia aos
governadores que "é preciso ter humildade para receber críticas", mas
fazia justamente o contrário, de certa forma desafiando: "Eu sei suportar
pressão e até injustiça". Ou seja, preferiu encenar o papel de vítima, sabe-se
lá de quem e de que, a humildemente se assumir como algoz da economia.
E repetiu o cardápio de
sempre para tentar justificar a injustificável crise econômica: colapso do
preço das commodities, desvalorização do real, crise internacional ("que
continua não esmorecendo") e a seca. A consequência de tudo isso,
concluiu, foi uma forte queda na arrecadação de impostos e contribuições
sociais. Digamos que, sim, há verdade nesses fatores objetivos. Mas e o fator
Dilma Rousseff?
Ela não deu um pio
sobre a sua crença íntima de que um pouco de inflação não faz mal a ninguém, a
arrogância de ter baixado os juros artificialmente, a canetada que
desestruturou o setor elétrico, a troca do sistema de concessões para o de
partilha na exploração do pré-sal, a sinalização de uma guinada estatizante
para os investidores internos e externos. Como não fez nenhuma referência,
indireta que fosse, à corrupção deslavada que fragilizou a Petrobras e minou a
confiança externa.
Do ponto de vista
político, Dilma tentou mobilizar os governadores contra o Congresso, onde, como
advertiu, tramitam medidas com efeito direto sobre as contas tanto do governo
federal quanto dos estaduais. Teve até o cuidado de distribuir uma cartilha
elencando projeto por projeto do que a gente chama de "pauta-bomba",
aquela que finge que é para beneficiar categorias e pessoas, mas só serve para
azucrinar Dilma Rousseff.
Mas tudo isso é
detalhe. O fato é que Dilma convocou os governadores a Brasília com o único
objetivo de obter apoio político. Sem pronunciar aquela palavrinha maldita -
impeachment - nem fazer referências indiretas àquela data aterrorizante - 16 de
agosto -, a presidente mandou um recado subliminar para os governadores, ao
lembrar que ela, como eles, conquistou seu mandato democraticamente e vai
concluí-lo em 2018. Soou assim: se me derrubam hoje, amanhã podem ser vocês. O
pior, para todos eles, é que pode mesmo.
Marta e PMDB - O vice
Michel Temer deu dois conselhos sensatos para tentar melhorar a posição do PMDB
na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2016. A Paulo Skaf, sugeriu que
sondasse a seção paulista do partido sobre a entrada da senadora Marta Suplicy.
À própria Marta, que se articulasse com o PMDB, mas sem fechar as portas no
PSB. O seguro morreu de velho.
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