Paz.
Essa é a palavra que muitos de nós, adultos, desejamos quando pensamos em
nossas férias, seja ao procurar por uma viagem, ou mesmo se ficarmos em nossas
residências. Sentimos uma certa necessidade de recarregar as energias nesse
período, espairecer a mente para retomarmos com mais força e prontos para
encarar mais um ano de trabalho. Isso não é exclusividade de quem vive nos
grandes centros, mas de qualquer pessoa que tenha os dias agitados e veja as
férias como um momento de diminuir o ritmo da atividade física e mental.
Certamente, paz, recarregar as energias e diminuir o ritmo da
atividade não são as aspirações mais desejadas dos nossos filhos quando pensam
nas férias deles, seja no final do ano ou agora, em julho. No atual momento do
ano, porém, o clima não é de férias “generalizadas”, uma vez que as escolas
costumam se manter ativas, inclusive para oferecer cursos e opções de
atividades para abrigar alguns desses estudantes (no Brasil, de acordo com o
último Censo, são 50 milhões de crianças e jovens na Educação Básica). Muitas
dessas escolas oferecem passeios em parques, visitas a teatros, viagens,
acampamentos e, sobretudo, dentro de suas dependências, cursos de
aperfeiçoamento, atividades esportivas, entre outra série de atividades
interessantes e representativas, úteis para a formação dos estudantes.
Os pais, por sua vez, necessitam continuar trabalhando e, ao
mesmo tempo, cuidar do tempo em que seus filhos estarão sob sua atenção e
quando não estiverem presentes. Isso sob um olhar prático, num aspecto
logístico. Basta perguntar para qualquer criança o que ela deseja nas suas
férias: somente ficar com os amigos da escola ou também curtir os pais? E esses
pais, o que têm feito para se manter junto aos filhos?
Uma pesquisa recente nos EUA, feita pela Universidade de
Washington, revelou que 44% dos pais submetidos à prática de cuidado dos
filhos, enquanto utilizavam smartphones, não conseguiram responder aos pedidos
das crianças. Um claro exemplo de como estar ausente em corpo presente. Um
detalhe importante na pesquisa: apenas 28% deles utilizavam esses equipamentos
para trabalhar, mostrando que, mesmo em um momento descontraído, dividir a
atenção dos filhos com um celular na mão quer dizer, praticamente, não dar
atenção à criança.
Isso mostra o quanto às vezes podemos estar sendo negligentes,
ainda que bem intencionados, com a educação de nossos filhos. Educar não é
apenas dar estrutura e pagar cursos e passeios. É, acima de tudo, dar toda a
sua atenção, participar, brincar com eles.
Por isso, agora não é hora de recarregar as energias físicas, de
buscar calmaria, paz. É hora de nos doarmos um pouco mais, de sermos um pouco
mais pais de nossos filhos, de tentar terceirizar o mínimo possível os cuidados
para com eles, de brincar e se divertir, de sermos plenos enquanto estivermos
juntos.
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