Ele faz parte do corpo feminino. Sua função é
essencialmente protetora, serve para rebater todas as intempéries, provenham
elas do clima ou das tempestades da mente. Ele é mais um dos mistérios do corpo
da mulher que, nas palavras do maledicente Millôr, é um monte de carne com dez
buracos, enquanto o homem, em desvantagem, só dispõe de nove.
Dizíamos que ele
protege, mas não só, ele também embeleza, o que o torna um fator de equilíbrio
da própria autoestima, condição que demonstra que ele não é nada desprezível.
Dizem os pesquisadores que a mulher dele lança mão em
quaisquer circunstâncias, nas quatro estações, seja dia, seja noite, faça chuva
ou faça sol. Por ser o centésimo, não se pense que ele é menos representativo
que os noventa e nove órgãos que o antecedem, bem ao contrário.
Segundo alguns, ele mereceria mesmo o primeiro lugar nessa
orgânica lista feminina, pois além de trazer-lhes ampla segurança, é o único
componente do seu ser que é por elas lembrado diuturnamente.
Sobre os demais órgãos elas podem passar por alto, sobre
ele, não. Mais ainda, ele guarda a curiosa propriedade de estimular nelas o
sentido bíblico da compaixão: os cuidados para com o próximo se lhes é
multiplicado, enquanto nos homens se dará no máximo modesta soma, por carecerem
do órgão estimulante.
Historicamente, a atenção, os cuidados, a onipresença dele na vida da mulher passa de mãe para filha desde tempos imemoriais.
Egiptólogos de avançada acreditam reconhecer sua presença
em registros da escrita cuneiforme, ao que parece com as mesmas funções
contemporâneas, o que não é nada surpreendente, dizem, dada a função
materno-protetora, presente desde o nascimento de cada uma e desde que Eva saiu
do paraíso.
O centésimo órgão: o casaquinho.
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