Um movimento dinâmico de
construção e reconstrução de si mesmo
Educar as crianças e os jovens é uma
nobre missão e um grande desafio que pais e educadores enfrentam no seu dia a
dia, nesta sociedade globalizada, em que os relacionamentos se tornam cada vez
mais complexos, as individualidades prosperam e costumes antes muito
valorizados deixam de ser, contribuindo para uma certa anestesia social, um
descompromisso com o outro, um descompasso relacional.
Por isso, é sempre bom procuramos
valorizar, priorizar, enfatizar aquelas posturas que dão norte saudável aos
relacionamentos, e contribuem positivamente para que a vida seja mais leve,
mais agradável e com mais qualidade.
Jung MoSung escreveu que é preciso
assumir um sentido para a sua vida para que as coisas e pessoas possam ser
“organizadas” dentro de sua visão do mundo. Sem um sentido último da vida, nós
não conseguimos estabelecer uma certa direção para a nossa vida. E acrescenta
que é por isso que pessoas que não encontraram o sentido para a sua vida se
sentem perdidas e têm muita dificuldade em articular os fatos e experiências da
sua vida. (Educar para reencantar a vida – 2007)
A alegria é a força que contagia as
pessoas e melhora os ambientes, tornando-os lugares de aconchego,
ternura, carinho, e valorizando as maravilhas da criação e da cultura humana,
exaltando os acontecimentos que aquecem o coração e conduzem à paz.
Paulo Freire acrescenta que “a minha
abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de viver.
Justa alegria de viver, que, assumida plenamente, não permite que me transforme
num ser “adocicado”, nem tampouco num ser arestoso e amargo.”. (Pedagogia da
autonomia – 2000)
A amorosidade é, também, tema
recorrente em Paulo Freire, que relacionando amor e diálogo, escreveu:
Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. (…) Ao fundar-se no
amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal,
em que a confiança de um polo no outro é consequência óbvia. Seria uma
contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não provocasse este
clima de confiança entre seus sujeitos. (Pedagogia do Oprimido – 1987)
Mas, por que relacionar “alegria“,
“amorosidade” e “diálogo” com “sentido de vida”?
Sentido de vida não se “busca”.
Sentido de vida se constrói. Para se construir um projeto de vida deve-se
sonhar, planejar e viver em um movimento dinâmico de construção e reconstrução
de si mesmo.
Nada disso se faz sem a necessária
alegria que deve estar sempre presente nos encontros, nos reencontros, na
partilha, na convivência fraterna, no respeito mútuo, ou seja, nos diálogos. O
afeto, a alegria, o sorriso nos lábios, o brilho no olhar são fatores
catalisadores de relações sadias, autênticas, amorosas, construtivas e sementes
de reciprocidades promissoras.
Precisamos de líderes cristãos que
realmente vivam a Boa Nova e sejam verdadeiros discípulos missionários de Jesus
Cristo, para juntos promovermos as mudanças que a sociedade requer. Isso se faz
melhor com alegria, amorosidade, diálogo e, principalmente, com sentido de vida
bem construído na nossa individualidade; desta forma, poderemos colaborar para
um sentido mais significativo de vida para todos.
A educação, na escola e na família,
entre outras finalidades, deve ajudar o educando a criar, a inventar, a
construir um sentido para a sua vida e a torná-lo uma pessoa do bem e
comprometida com a construção de uma sociedade melhor.
Assim, talvez, tenhamos menos jovens
procurando sentido para suas vidas na adesão a propostas inconfessáveis e ou
socialmente destrutivas.
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