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sábado

Estupro e aborto: uma relação muito polêmica


Freud explica...
No caso, não é Freud quem explica, mas o psiquiatra Carlos Hecktheuer. Conforme o psiquiatra, o estupro é sim uma atitude doentia, patológica. "Trata-se de uma agressão e de uma violência. É uma atitude anticivilizada, um comportamento desviante", confirma. Segundo o médico, os traumas de uma pessoa que sofreu estupro são vários e variam de acordo com a idade em que ocorreu. "Alguém que não está preparado psicológica e fisicamente para o relacionamento sexual passa a ver a relação como uma ação violenta, a sexualidade como algo violentador, abusivo, machucador", afirma.

Hecktheuer acrescenta que as conseqüências são muitas, não apenas físicas, como também biológicas, funcionais e psicológicas. "O ato sexual deixa de ser visto como um ato amoroso, carinhoso, gratificante, prazeroso", afirma. No caso de uma menor que tenha sido estuprada e gerou um filho, o psiquiatra salienta que essa criança não tem o conhecimento sobre o que é ser mãe, sobre a maternidade. "Uma criança de nove, dez ou 12 anos, por mais que funcionalmente possa gerar um filho, não tem a dimensão psicológica sobre o fato", confirma.

Há ainda casos em que a mulher resolve seguir com a gravidez indesejada, seja fruto de estupro ou não. "O fato de desejar engravidar, procriar, é algo muito individual, principalmente, cabe à mulher aceitar, desejar que seu corpo passe por isso". O psiquiatra comenta que, além da mulher, o companheiro também precisa querer a gravidez, porque o pai é importantíssimo na formação do ser humano. "Uma gravidez indesejada pode gerar uma pessoa insegura, talvez se sentindo pouco amada, pouco querida, pouco aceita", disse. Independentemente das circunstâncias, o aborto causa danos físicos e também psicológicos à mulher. "O procedimento provoca uma grande ferida no útero, nas emoções, no sentimento e no comportamento", afirma.

O psiquiatra salienta que tanto levar adiante uma gravidez indesejada quanto abortar são escolhas muito difíceis. "Não importa o que se diga, o aborto sempre provoca uma perda. Mas também é um alívio perder o que não se quer ter dentro de si. Pode ser um alívio no primeiro momento, mas sempre ficará a dúvida, a incerteza", finaliza.
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