I made this widget at MyFlashFetish.com.

quinta-feira

Células-tronco ajudam a entender características da bipolaridade

Estudo identifica alterações em neurônios ligadas ao transtorno. A descoberta pode levar a novos tratamentos para o problema.

O avanço das pesquisas com células-tronco pode representar um grande passo para o entendimento e o tratamento de um problema que acomete cerca de 15 milhões de brasileiros: o transtorno bipolar, distúrbio caracterizado por alterações de humor extremas, em que o paciente vive fases alternadas de depressão e euforia. Pesquisa realizada pela Escola de Medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, permitiu aos cientistas identificar diferenças em neurônios de pessoas que sofrem com a condição. Além disso, foi possível observar a maneira como as células nervosas se comunicam e como respondem ao lítio, substância comumente usada em tratamentos psiquiátricos.

Para isso, os cientistas começaram com a produção dos neurônios por meio de um método bastante conhecido, no qual células da pele são transformadas em estruturas pluripotentes (com potencial para se converterem em qualquer tipo celular) e, em seguida, estimuladas até se transformarem em células do sistema nervoso. De forma ainda inicial, foi possível observar comportamentos diferentes entre os neurônios normais e os de pessoas com o transtorno, principalmente nos sinais de cálcio, cruciais para o desenvolvimento do neurônio e de suas funções.

Além do resultado, o método utilizado pelos norte-americanos representa um grande avanço para a ciência, garante o médico hematologista Nelson Tatsui, do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Há 20, 30 anos, era uma verdade absoluta na medicina que, uma vez a célula tornando-se adulta, nunca seria possível regredi-la ao estágio embrionário. Nos últimos anos, algumas pesquisas, como essa, têm usado esse artifício, que abre muitas possibilidades para entender melhor várias doenças, como o transtorno bipolar e outros distúrbios psiquiátricos”, explica o médico.

Ao regredir os neurônios obtidos a partir das células-tronco, foi possível analisar o comportamento das novas células em reação com o lítio, comumente receitado a pacientes psiquiátricos. “Dezenas de doenças psiquiátricas são diagnosticadas, mas não há ainda uma especificidade genética. Ao apresentar a pesquisa, o laboratório teve muito cuidado para comprovar que a célula era mesmo embrionária antes de ser transformada em tecido neurológico”, comenta Tatsui.

“Aos poucos, por meio de pesquisas criteriosas em laboratório, as células-tronco vão se revelando não como uma cura milagrosa, mas oferecendo mecanismos para entender melhor doenças que, até então, eram tratadas de formas inespecíficas.”


Comente este artigo.

Nenhum comentário: