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segunda-feira

Célula-tronco é o futuro do tratamento dentário

Os tratamentos contra as doloridas cáries, maior problema bucal dos brasileiros, pode ter um novo aliado: as células-tronco. Estudos feitos na Universidade de Brasília (UnB) já conseguiram dar dois passos importantes nessa área. O primeiro deles foi estabelecer o melhor meio de cultura. O segundo, identificar e comprovar a existência destas células verificando seus aspectos morfológicos e de desenvolvimento.

De acordo com a cirurgiã-dentista Leliane Macedo de Souza, mestranda do Departamento de Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde (ODT), que desenvolve a pesquisa no Laboratório da Biologia Molecular da UnB , há uma expectativa de as células-tronco ajudarem a regenerar os tecidos que se perdem durante a infecção bacteriana.

Se essa capacidade for comprovada e reproduzida, a polpa retirada do dente nos tratamentos de canal também poderá ser regenerada. Assim, os tratamentos restauradores estarão aptos a utilizar células-tronco associadas a fatores de crescimento para melhorar a cicatrização e preencher as cavidades comprometidas pela cárie, evitando o uso de material empregado hoje, sujeito a infiltrações e desgaste.

“Esse estudo coloca a UnB e o Brasil na vanguarda de estudos com células-tronco adultas”, afirma Leliane. Hoje, o conhecimento científico na área já vem sendo desenvolvido nos Estados Unidos, em vários países da Europa (Itália, França, Inglaterra) e Japão, entre outros.

Os pesquisadores também vislumbram que a tecnologia vai ajudar a manter a integridade dos tecidos periodontais (gengiva), como já vem sendo utilizada para indução de reconstrução de tecidos da face perdidos por câncer ou traumas, tendo em vista a importância do tecido para a sustentação dos dentes. No futuro, cientistas vislumbram a possibilidade de produzir dentes inteiros ou porções para restaurações.

As células-tronco isoladas dos dentes podem se diferenciar em outros tipos celulares, além daqueles relacionados ao órgão dentário, como para o tecido adiposo (gordura), cartilaginoso, ósseo e até em tipos neurais. Por isso têm sido foco de grande interesse da comunidade científica mundial.

Multiplicação

O primeiro desafio da equipe era descobrir como multiplicar as células em laboratório, ou seja, cultivá-las. Existem diferentes formas de atingir esse objetivo descritas em trabalhos feitos no exterior, mas os pesquisadores da UnB queriam saber se seria possível alcançá-lo com os recursos disponíveis para o grupo no Brasil.

A dentista Juliana Bittar, formada pela UnB, analisou as várias possibilidades para identificar a mais eficiente e concluiu que era, sim, possível obtê-las. O estudo foi premiado em um congresso nacional da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO) e será apresentado nos Estados Unidos em outubro. Com o avanço dessa etapa, o grupo pretende desenvolver outras pesquisas. Porém, necessita de investimentos e apoio das instituições de fomento à pesquisa.

Caracterização
O segundo passo veio com a pesquisa de Leliane. Ela conseguiu identificar células-tronco em meio a inúmeras outras células que crescem em uma cultura. De uma maneira geral, a porcentagem de células-tronco é bem reduzida nos tecidos e órgãos já adultos. Representam menos de 1% do total de unidades.

A identificação de células tão raras no meio de outras mais abundantes somente pode ser determinada com a utilização de técnicas muito apurada. Esta foi a etapa desenvolvida na pesquisa desenvolvida por Leliane e sua equipe.

Para tanto, a dentista usou grupos de células cultivados nos períodos de 14 e 21 dias. Depois desse prazo, aplicou um conjunto de reagentes específicos para a identificação destas células, depois processados em equipamentos que geram imagens gráficas das quantidades e dos tipos positivamente marcados de células-tronco. O aglomerado se destacava do restante do material. Um deleite para qualquer pesquisador da área.

Com o objetivo de confirmar os resultados, cada experimento, que utilizou a polpa de dentes permanentes e de leite, foi repetido três vezes. Para realizar esses experimentos, o estudo usou enzimas, soluções e reagentes importados, de altíssimo custo, como por exemplo, um conjunto de enzimas para captar as células do dente (nervo), que custou o equivalente a 2.700 reais o grama.

Por isso, as pesquisadoras ressaltam a necessidade de mais investimentos e apoios nesta nova linha de pesquisa. O custo para realizar as pesquisas ainda é alto, mas Leliane acredita que, com o domínio das técnicas de produção, os tratamentos com células-tronco se tornarão acessíveis.

Fonte: UnB Agência

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