O poeta carioca Eduardo Alves da Costa, no seu poema No Caminho com Maiakovski, de 1987, ressalta o quanto é duro para o ser humano, prezar a verdade. Enquanto a moral anda aos andrajos pelos corredores do Senado, uma elite escarninha desafia o amor próprio dos cidadãos mais humildes, invadidos pela indecência de quem se julga dono do poder. Por isso, o poeta cita a conhecida história da sofisticada escalada que violenta os bons costumes. "Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta, e já não podemos dizer mais nada."
O problema é que já invadiram o Senado... Não! Não foram os baderneiros, ou caras-pintadas, acusados de intrusos do templo da democracia. Tratamos, aqui, dos que invadiram o cofre do povo.
Parece que Sarney, que se julga proclamado rei do Nordeste, com seus clones, julga-se inatingível pelo estado ético de direito. É momento crucial da democracia. Se os mandões também têm direito à defesa, é hora de termos apuração dos fatos, sem preconceitos, e também sem cairmos no absurdo do "the king can do no Wrong," que tornaria o presidente do Senado intocável. Este filme precisa ter final diferente, porque o povo já está cansado.
Por: Celestino Meneguini,advogado e jornalista.
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