Anterior a década de 1960, a depressão não era vista como uma doença relacionada à infância, porém atualmente não há dúvida de sua ocorrência nesta população. Em 1997, Andriola e Cavalcante encontraram uma prevalência em crianças de cinco e seis anos de 3,9% não revelando diferenças significativas em meninos e meninas.
De acordo com manual de diagnóstico DSM-IV-TR, a depressão infantil é semelhante a do adulto, de forma que os mesmos critérios de diagnósticos podem ser utilizados para avaliar a depressão na criança. Os sintomas de depressão são: humor deprimido na maior parte do dia, falta de interesse nas atividades diárias, alteração de sono e apetite, falta de energia, alteração na atividade motora, sentimento de inutilidade, dificuldade para se concentrar, pensamentos ou tentativas de suicídio.
Este manual faz pequenas ressalvas (muito importantes) considerando os níveis de desenvolvimento, a fim de facilitar o diagnóstico de depressão na criança. Estas ressalvas se referem à criança deprimida poder apresentar humor irritável ao invés de tristeza; ou ainda revelar uma queda no rendimento acadêmico em função do prejuízo na capacidade para pensar e se concentrar.
A depressão pode ser diagnosticada de forma errônea como uma dificuldade de aprendizagem sendo que o contrário também pode ocorrer. A baixa no rendimento escolar devido à dificuldade de pensar e se concentrar pode muitas vezes ser confundida com outros quadros como Transtorno de déficit de atenção ou ainda Transtornos de conduta devido ao humor irritável, ficando a desordem emocional sub-diagnosticada o que torna o processo de avaliação importante se for realizado de maneira criteriosa e cuidadosa. Um diagnóstico mal feito nestes casos podem acarretar em danos que irão refletir na vida adulta, pois o tratamento e intervenções nestes quadros são completamente diferentes.
Se os sintomas depressivos não forem identificados podem causar uma série de dificuldades que vão além do baixo rendimento escolar como a baixa auto-estima, e problemas na interação social, no futuro. A formação da auto-estima está diretamente relacionada à maneira como os pais ou pessoas significativas veem e falam sobre a criança desde muito cedo. Freud já dizia que as pessoas com que as crianças se apegam em seus primeiros anos ocupam uma posição central em sua vida psíquica.A depressão na infância é um quadro onde uma única abordagem (Psicanálise, Humanismo, Cognitivo-Comportamental entre outras...) da Psicologia não seria suficiente para explica-la, pois ocorrem alterações emocionais, biológicas e cognitivas acarretando prejuízos biopsicossociais.
A neuropsicologia é uma área em franca expansão, estudos recentes têm demonstrado alterações e remodelamentos no cérebro jovem até, no mínimo, os 25 anos (de forma mais lenta, mas ainda contínua por toda a vida, sendo que, até pouco tempo acreditava-se que os circuitos do sistema nervoso central atingiam o desenvolvimento até os 12 anos). Na infância e na puberdade, o cérebro descarta neurônios em desuso o que faz ser muito importante algo que todos já sabemos a estimulação!!!
Depressão sem tratamento é um flagelo que atinge não apenas as crianças, mas também pais, irmãos e professores. A introdução de tratamento medicamentoso, nesta fase, ainda é muito discutida devido à escassez de estudos sobre o impacto dos fármacos no cérebro, porém, Emslie estudiosa da área afirma que "o impacto da depressão até onde podemos julgar, é maior que o impacto do tratamento."Educadores necessitam estar informados sobre os sinais que as crianças apresentam, pois estes prejuízos serão refletidos diretamente no ambiente escolar".
Fonte: Cibila Vieira, psicóloga, professora do curso de Psicologia da Imed, especialista em neuropsicologia e mestranda em Psicologia.
terça-feira
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3 comentários:
Assunto muito sério, bom estarmos atentos, eu nem sabia que crianças poderiam ficar depressivas. Se bem que crianças que sofrem abusos, que são maltratadas podem ter tendência a esse mal.
Saudações!
Amigo William,
O seu texto de profunda relevância socio-educacional, vai ao encontro de milhares de cidadãos com informações preciosas...Devo lhe dizer que para mim, foi uma surpresa a abordagem da depressão na infância e o comprometimento da aprendizagem da clientela estudantil.
Parabéns pelo Texto!
LISON.
Gostei imensagemente da matéria.
Que coisa mais triste saber disso, também.
Todas crianças deveriam ser felizes.
É culpa dos pais, no geral?
Pretendo voltar!
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