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domingo

Por que ser professor?


Porque ganhamos bem.
 Porque nosso trabalho é reconhecido.
 Porque temos boas condições de trabalho.
 Porque os governos nos recebem e atendem nossas reivindicações. Porque a maioria dos alunos se interessa e é sedenta por conhecimento.

 Se conseguíssemos responder a esta interpelação com toda esta satisfação, possivelmente não estaríamos no Brasil. Respondemos, entretanto, que somos professores porque possuímos vocação, ou porque queremos contribuir com o futuro do País, ou ainda porque acreditamos nos jovens de nossa cidade. Ninguém ingressa em um curso de licenciatura com o objetivo de enriquecer, muito pelo contrário, na educação básica pública os professores necessitam trabalhar 60 horas por semana (manhã, tarde e noite), para satisfazer necessidades básicas tais como: moradia, transporte, alimentação, água e luz. E se esse professor for mãe ou pai de família então nem se fala. 

Ganhamos pouco, e ainda por cima temos que fazer verdadeiros malabarismos para conseguir ministrar aulas. Como professor de Educação Física, a primeira coisa que aprendemos é improvisar, improvisar um cone com uma garrafa PET de dois litros, improvisar uma rede de vôlei com uma simples corda, improvisar uma quadra em terrenos baldios cedidos por vizinhos de bom coração. 

A educação pública não nos permite que seja muito diferente. Mesmo assim estamos lá, firmes e fortes, dispostos a transmitir humildemente parte de nossos conhecimentos para nossos alunos, somos reconhecidos por isso? Algumas vezes sim, porém nem sempre. Alguns alunos não se dedicam, não fazem trabalhos, matam aula, enfim, são totais desinteressados e a culpa e de quem?

 É lógico que é do professor, a aula do professor é sempre ruim, e, muitas vezes, adjetivada com expressões ofensivas, pejorativas as quais não necessitam ser citadas nesse texto.

 O professor está sempre errado, errado por querer dar aula de Educação Física contrapondo a cultura de largar a bola e tomar chimarrão, errado por fazer valer seu direito constitucional a greve, errado por cobrar interesse de seus alunos.

 Paradoxal que um professor em início de carreira esteja escrevendo estas poucas linhas, o grande problema é que a maioria de nós gosta do que faz, e tenta passar por cima de todos os percalços que nossa profissão nos impõe, sejam as portas fechadas dos governos, seja a contrariedade da opinião pública, seja o desinteresse dos alunos.

 Então, por que ser professor? Gostamos do que fazemos, talvez sejamos até mesmo masoquistas, mas não nos rendemos ao sistema, cansados, esgotados e até mesmo indignados estaremos lá, na porta da sala de aula no dia seguinte, pois lá estarão também os bons alunos, os interessados, enfim, o percentual de estudantes que nos faz acreditar nos valores da educação.

 Por. Jones Mendes Correia. 

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2 comentários:

Professor Gilberto Cantu disse...

Professor quero trocar umas ideias. Se eu estiver errado, por favor aceito outras opções. Tens toda razão, esta é a nossa situação. Às vezes, e não foram poucas,dá vontade de "chutar o balde" como falamos por aqui.
Razões:
*sistema educacional ultrapassado e falido tentando disfarçar qualidade como se fosse medidos pela quantidade;
*uns poucos e heroicos professores que acabam carregando os demais desinteressados nas costas;
*falta de recursos até mesmo quando se refere às TICs;
*ainda estamos na era do giz de cal e apagador;
*conteúdos que não agregam nada à vida do aluno;
*livros didáticos fora da nossa realidade regional e ainda somos obrigados a escolhê-los;
*salas super lotadas e sempre cabe mais um;
*lei do menor que deixa o professor à mercê de sua própria vida;
*salários insignificantes;
*se fizermos greve, o governo em qualquer esfera não perde nada economicamente falando, e ainda somos obrigados a repor para atingir os 200 dias letivos anuais;
*aumento de salário dividido em três vezes sobre a gratificação e não sobre o piso:8% em abril,6% em setembro, 6% em dezembro (pode um negócio desse?);
*baixo estima e desunião do professor;
*o professor faz de conta que dá aula e o aluno faz de conta que aprende;
*realmente alunos super desinteressados;
* falta recursos para qualificar o professor;
*se quisermos algo para a escola precisamos fazer festinhas ou vaquinhas para arrecadar fundos ou implorar para receber os recursos;
Enfim, enfim e enfins. Só não está pior justamente por causa dos heroicos professores que, mesmo com tantos desafios e decepções, mantém a chama do amor ás crianças acesa e lutam por um mundo melhor, mantendo viva a esperança de dias melhores.
E mais e o que me conforta: Professor não é somente emprego, mas principalmente vocação.Somente assim suportamos tamanha e frustrante realidade.
Professor desculpe meu desabafo. Mesmo com tudo isso tenho orgulho de ser chamado de professor Gilberto por onde passo.
Um grande abraço.

Unknown disse...

Coisa brava!