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segunda-feira

Saudade das brincadeiras de rua.

Tive o privilégio de crescer em uma época em que as brincadeiras eram nas ruas. Sempre brinquei muito na rua, em frente à casa de meus pais. Era a hora de cadeiras irem também para as calçadas e, assim, com muita alegria e segurança, sob o olhar atento dos mais velhos, as brincadeiras começavam com crianças de todas as idades. Era uma delícia...

Fui criado num ambiente com valores presentes, como obediência, horário e respeito aos mais velhos. Hoje, com grande alegria passo essa vivência aos meus filhos e alunos.

E é com pesar que noto que nas ruas não há mais brincadeiras, as crianças têm menos contato com outras, brincam menos com os pais. Até entendo, pois há uma onda de violência, intolerância e trânsito caótico, permeando a cidade.

Se, infelizmente, não temos mais segurança nas ruas, ao menos as brincadeiras deveriam ser repassadas nas escolas. Hoje, as crianças ficam em frente à televisão, assistindo incansavelmente a repetidos desenhos ou ao computador (infelizmente crescem sendo pessoas passivas). Quero deixar bem claro que não sou contra as novas tecnologias, acho-as fantásticas, mas deveriam estar ligadas a brincadeiras lúdicas.

Vemos hoje em dia crianças que mais parecem “manequim de vitrine”, todas arrumadinhas, limpinhas e impecáveis, cada qual com sua babá, normalmente nem descem do colo. Noto que o brincar virou supérfluo e ter uma pessoa só para a criança virou imprescindível. E mais um ser mimado e déspota é somado à sociedade. A criança autônoma, independente, crítica, dá trabalho, e como! Porém, é o trabalho que gera um ser humano lúdico, criativo, que sabe receber o primeiro “não” e sente que não será o último, que aprende a lidar com a frustração. Sabe também ganhar e partilhar com os que perdem, pois a competição para eles é a competição olímpica, da brincadeira, do jogo da vida. Essas crianças representam um oásis hoje em dia e sofrem, mas sempre estão questionando e indo em frente, pois convivem com interrogações o tempo todo. Por que levar as brincadeiras de rua para dentro das escolas? Porque é brincando que se aprende! Verdade das mais diretas e simples. Exemplos: cantar em rodas, dançar quadrilha, cantar sem se preocupar com a afinação, dançar sem se preocupar com a coreografia, mas cada um a seu modo, pelo prazer que vem de dentro e que embala e transforma. Outras brincadeiras e estripulias da infância cheia de energia e ávida por espaço: o pegador, o esconde-esconde, o pique, o rabo do gato, a toca do coelho, o pega-bandeira, a barra-manteiga, a queimada, a amarelinha, a bola de gude, o jogo-da-velha, a mímica, a adivinhação, o maestro, a batatinha-frita, o seu-lobo-está-aí, o carrinho de rolimã, a forca, jogar pião, pular corda, rodar pneu, fazer pipa e soltar, ficar sem fazer nada, só observar.

Gostaria de propor, com este artigo, aos pais, tios e professores, que neste Dia da Criança, em vez de darem presentes caros, que tirassem algumas horas para brincarem com seus filhos, sobrinhos e alunos.

Proponho que revirem no baú de suas memórias, as brincadeiras que fizeram parte de sua infância, compartilhem e repassem a estas crianças.

Tenho certeza que você será muito bem recompensando, com o mais lindo e puro sorriso de uma criança.

3 comentários:

Kleber Anderson disse...

Pra mim a criança é reflexo dos pais. Se eles não incentivarem as atividades ao ar livre, não há como a criança a mudar seus hábitos. O computador e a televisão, como você citou, são ferramentas que ganharam o título de babá devido a violência e o excesso de correria do dia a dia. Os pais e professores é que devem incentivar os filhos a deixar as histórias pré moldados dessas mídias e incentivarem a que a criança, através da imaginação, crie suas próprias fantasias.

Eu também fico perturbado com algumas “crianças” atuais. Elas estão crescendo cada vez mais rápido. Estando a melhor parte de suas vidas. Se elas soubessem...

Sonia Regly disse...

Também cresci brincando de pique bandeira, pique lata, rodas, amarelinhas etc... Que época maravilhosa!! Éramos mais felizes.Não tinha jogos eletrônicos e brincar na rua era nossa distração.Era muito bom!!

Consultor Previdenciário disse...

Hoje em dia esta assim mesmo, nenhuma criança brinca com as outras. Cada um fica em sua casa.
As escolas não oferecem nenhum tipo de encontro para brincadeiras, a hora da educação física é uma bola de volei para as meninas e uma bola de futebol para os meninos e esta pronto.
Resgatar as brincadeiras seria um sonho maravilhoso.