Escolhida Amigo do Livro da 23ª edição da Feira do Livro de Passo Fundo, a biblioteca Mario Quintana fica no Presídio Regional de Passo Fundo e simboliza aos detentos as portas para a liberdade intelectual que só os livros são capazes de proporcionar. Veja que belo projeto:
"Libertas quae sera tamen" escreveu Virgílio. "Liberdade, ainda que tardia", traduziram e tomaram como lema os heróis da inconfidência mineira. Séculos mais tarde, entre as paredes do Presídio Regional de Passo Fundo, detentos encontram como saída para a angústia da interminável espera uma outra forma de liberdade, mesmo que concebida apenas em suas mentes. Ao ouvir o som do carrinho carregado de livros passando pelo corredor, eles entendem logo que o que vem não são somente páginas preenchidas de romance ou poesia, mas sim a chance de um valioso momento de fuga imaginária das cinzentas paredes, rumo a uma viagem em que a literatura é o guia, que permite que a vida ainda tenha cor.
Pode parecer exagero, mas é exatamente isso que simboliza o amontoado de obras que compõe a biblioteca Mario Quintana, localizada dentro do presídio passo-fundense há oito anos. Dando ao grande número de apenados uma chance de entrar em contato com o conhecimento, ao mesmo tempo em que alivia a pressão do tempo e da solidão, a biblioteca foi escolhida para ser homenageada como Amigo do Livro na 23ª edição da Feira do Livro de Passo Fundo, que este ano acontece entre os dias 6 e 15 de novembro, na praça Marechal Floriano.
A louvável iniciativa pertence à Escola de Ensino Fundamental e Médio Julieta Villamil Balestro, voltada especialmente aos presidiários e localizada também dentro dos limites da casa de detenção. Funcionando diariamente pela manhã e à tarde, com exceção das quartas-feiras, a escola possui 70 alunos, que se dividem entre as séries iniciais, o ensino fundamental, e o aprendizado do conteúdo voltado ao ensino médio. Além de aulas, os alunos contam com oficinas pedagógicas de xadrez, artesanato com material reciclado e informática.
Mas o destaque é mesmo a biblioteca. Responsável pela escola e pela biblioteca, seu Juarez Antonio Simão destaca o excelente resultado que a leitura vem obtendo entre os participantes. "Presos que antes não liam, agora se interessam, querem saber das notícias e tomaram gosto real pela literatura", afirma. Fixa em uma sala, e também itinerante, pelo carrinho conduzido por dona Lionita, a biblioteca e as aulas representam um passo importante para os detentos, já que a cada três dias de aula, é contabilizado um dia a menos de pena, e quanto melhor o comportamento do preso dentro da unidade, maior é o acesso aos livros.
A partir dessa dinâmica, os ideais de quem vive dentro do presídio parecem se ampliar, e o desejo de se dedicar a um futuro melhor torna-se cada vez mais claro.
Além de se mostrar um bem-vindo passatempo e uma inesgotável fonte de entretenimento em uma vida privada de tantas atividades, o acesso à literatura colabora de forma decisiva no aprendizado realizado na escola, que certifica os alunos por meio de exames fracionados, ou seja, os detentos realizam provas específicas ao longo do ano e assim vão eliminando disciplinas automaticamente, até chegarem à conclusão. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ampara a escola e a credencia para os exames do Ensino Nacional de Competências e Certificação de Educação de Jovens e Adultos, e também para os do Exame Nacional do Ensino Médio.
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Um comentário:
Essa iniciativa é muito louvável. Aprender é a melhor coisa que pode acontecer com uma pessoa e provavelmente muitos sairão da prisão tendo outra visão do mundo.
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