Em todo o país existem projetos de Escola
de Pais: reuniões para discussões de temas diversos, relacionados aos assuntos
escolares e ao relacionamento familiar. Pais debatem suas ansiedades, angústias
e preocupações em relação aos seus filhos quanto à aprendizagem, ao desempenho
escolar, bem como ao polêmico conflito que envolve a questão dos limites. Hoje
gira em torno de como monitorar a internet e os contatos virtuais que os filhos
começam a ter com o início da puberdade e adolescência.
Nas minhas andanças pelas escolas, em
trabalhos junto aos professores e às direções, sempre surgiu uma intensa
preocupação com a família e um questionamento quanto à melhor maneira de chamar
os pais para junto da escola. Acontece que a escola sempre precisa insistir com
esse trabalho, que chega a ser cansativo porque o número de pais é sempre menor
do que o esperado, e mais, pais que realmente precisam estar presentes em tais
trabalhos, geralmente são os mais difíceis de comparecer.
Professores e gestores precisam usar muitas
estratégias para motivar a família. Quanto aos pais que vivem conflitos mais
intensos quanto à agressividade familiar e aos comportamentos inadequados de
seus filhos dentro do ambiente escolar, são os que se excluem desses encontros,
dificultando as intervenções saudáveis que podem ajudar a reverter algumas
situações.
Começamos a ouvir que em algumas cidades a
Promotoria da Infância e da Adolescência tem exigido que pais agressores
frequentem a Escola de Pais, onde podem aprender maneiras de educar seus filhos
sem que os atos agressivos sejam prevalentes na relação familiar.
A educação cabe aos pais e estes em
inúmeros casos não conseguem se ocupar desta tarefa. Encontramos mães
desajustadas psiquicamente, emocionalmente e assim muito agressivas. Mães que
abandonam e deixam seus filhos fazer o que bem entendem e outras que,
inclusive, estimulam a agressividade e o desinteresse pela escola. Mães que não
têm o amparo dos homens, pais de seus filhos, que vivem na promiscuidade ou que
elas próprias também se submetem aos maus-tratos de companheiros ocasionais.
Filhos que convivem com ambientes insanos, praticam em conjunto com os adultos
o uso de drogas, são violentos e violentados, abusam do álcool e vivem em
situações bem distantes daquelas minimamente importantes para que tenham uma
motivação para o estudo.
Estes pais ou apenas as mães precisam muito
da Escola de Pais para, quem sabe, serem resgatados em sua autoestima e no
desejo de mudar de vida através do conhecimento. Acontece que frente a estes
imensos problemas a tarefa dos professores se multiplica e, como defesa para
encontrar outras alternativas, alguns professores dizem que tais problemáticas
paralisam toda e qualquer ação da escola e, desestimulados, desistem de
acreditar em seus próprios alunos, muito menos na sua ação para ensinar e em
todas as práticas que possam modificar esse contexto que muitas vezes é
caótico.
Assim, vemos ainda alguns professores
desenvolverem comportamentos extremos de desvalorizar seu trabalho, não
acreditar nestes alunos que mostram dificuldades e eles próprios serem nocivos
para o ambiente escolar. Aqui encontramos aqueles que dizem para alunos
repetentes e agressivos que não serão ninguém na vida e entram em conflitos sem
fim em suas salas de aula, adoecendo o ambiente escolar que deveria ser
diferente da casa onde já se instalou a doença familiar.
A Escola de Pais precisa ser uma meta de
todas as escolas, assim, com mais esta ferramenta, se pode esperar que um dia
crianças e adolescentes encontrem mais desejo e estímulo para a aprendizagem,
que alternativas saudáveis apareçam no lugar da violência e que família e
professores voltem a acreditar em suas funções, a primeira educativa e a
segunda a do ensino.
Pais que possam ocupar seu lugar com
dignidade e professores que voltem a ensinar com convicção de que o caminho
para a mudança de vida está na aquisição do conhecimento e na relação afetuosa
e respeitosa entre família e escola.
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