A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia
(Febrace), ocorrida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli/USP), levou ao conhecimento do público mais de 330 projetos científicos
construídos por 746 estudantes pré-universitários de todo o país.
Engana-se quem pensa que os projetos não tiveram qualquer caráter prático, de intervenção na realidade. Muitas das propostas apresentam soluções e alternativas para problemas da sociedade, como a cadeira de rodas com um sistema eletromecânico que eleva o assento, permitindo ao cadeirante alcançar prateleiras mais altas em um supermercado. Mais: uma pulseira com dispositivo capaz de evitar o sequestro de crianças na saída das escolas.
Na edição deste ano, os trabalhos também
apresentaram soluções para economizar água e energia. Ao todo, 39 projetos
abordaram o tema de melhor aproveitamento dos recursos naturais. Seis
estudantes do Ensino Médio do Colégio 12 de Outubro, de São Paulo,
desenvolveram o Eco Laundry, sistema que reaproveita a água da máquina de lavar
roupas.
"Basicamente é um filtro com calcário,
areia e carvão ativo. Ele reutiliza a água da máquina que você acabou de usar
na lavagem. A água passa pelo filtro e vai para o reservatório. Você pode fazer
esse ciclo de cinco a seis vezes, até que a água não esteja pura o suficiente
para fazer mais uma lavagem", explicou à Agência Estado Vitor Pirolla, de
16 anos, um dos criadores do projeto.
Outro projeto que também estimula a economia de
água, e desde 2011 é aplicado na Escola Professor Mansueto Boff, em Concórdia,
Santa Catarina, é o que capta água de chuva para uso nas descargas de vasos
sanitários. O trabalho foi desenvolvido pelas estudantes da própria escola
Gabriele Ângela Pimentel e Ketlin Luane de Oliveira.
"Nossa escola é composta por um prédio escolar
e um ginásio, que é todo cercado por calhas. Essas calhas são responsáveis pela
captação da água da chuva, que passa por uma caixa de mil litros, onde ficam as
primeiras impurezas como galhos e folhas. Essa água vai então para um
reservatório de madeira", explicou Gabriele. De lá, a água vai para outra
caixa, que fica abaixo de uma quadra aberta na escola.
Para que a água chegasse até a parte superior da
escola, onde existe outra caixa captadora, seria necessário o uso de energia
elétrica. Então, para tornar o projeto sustentável, a solução encontrada pelas
alunas foi usar uma célula fotovoltaica. "Ela capta a energia solar,
transforma em energia elétrica, manda para a bomba que tem abaixo da quadra
aberta, acionando as boias que vão impulsionar a água para subir para os
prédios superiores da escola, espalhando-se pelos 27 vasos sanitários", disse
Ketlin.
Desde que foi implantado, o sistema trouxe para a
escola uma economia mensal de até 55% na conta de água. Sem considerar a célula
fotovoltaica, que foi doada à escola, o projeto custou cerca de R$ 7 mil,
disseram as estudantes.
Em suma, dá para nutrir esperança. Os jovens,
muitos deles, estão verdadeiramente preocupados com o futuro. E querem mudá-lo.
Que a Educação no Brasil seja estímulo a eles, não fonte de frustração e
acomodação.
Comente este artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário