O Brasil, conforme pesquisa
atual, é o 2º país em realização de cirurgias plásticas. O segundo? Será que
tal estatística não está equivocada? Confesso que fiquei amolado. Isto porque
eu pensava que nesta matéria nós fôssemos também campeões. Mas, vá lá o vice
lugar também é honroso, até porque a diferença não foi grandes números.
Dentro
do meu encabulamento pus-me a pensar no que leva uma pessoa a trocar ou
implantar tantas partes, órgãos, peças ou substâncias no corpo. Alguém
aí, algum leitor ou leitora já teve idêntica preocupação? Aliás, faço esta
pergunta mais para elas, as mulheres, que são as campeãs em tais
procedimentos. Mulheres de todo o Brasil, socorrei-me! Dizei-me vós se forem
capazes e seguras de suas alegações. O porquê de tantas próteses, tantos botox,
tantos silicones, tantas aparas disso e daquilo em vossos corpos. Aliás, até
corrijo-me, não só preenchimento, mas esvaziamentos de barriga, de culotes, de
braços, de papadas.
Mas, já
que vossas senhorias não me convencem vão aqui algumas hipóteses. Poucas,
mas não menos verossímeis. A primeira vem da tese de que somos produtos do
criacionismo de Deus. Somos um corpo , arte e um sistema orgânico feitos à
imagem e semelhança do arquiteto-mor, o criador do universo e suas milhares de
forma de vida. Então mais que de repetente as pessoas (mais as mulheres)
começaram a ficar insatisfeitas com o acabamento. E tudo isto se iniciou com a
descoberta do espelho. Digo isto com muita obstinação e pertinácia porque antes
do espelho não se têm notícias de tais procedimentos(plásticas e silicones).
E aqui
nesta mea-culpa da espelhologia entra também a prática das tatuagens. Atenção,
eu disse espelho(speculu)logia, porque na espeleologia , vocês já estariam no
buraco, ou melhor, na caverna. Todavia, é bom que se faça justiça com os
precursores da tatuagem. Uma arte, hoje, de emporcalhar o corpo. Os
taitianos já faziam suas pinturas e desenhos corporais antes do invento do
espelho, mas só até nos segmentos corporais que alcançasse a visão, braços e
pernas por exemplo. Nunca no rosto, dorso ou partes mais pudendas. Esse povo
tinha critérios e comedimento em tatuar o corpo. Hoje a pessoa, de tanta
tatuagem, fica sem saber qual era a cor primitiva da pele. Diziam alguns
tabloides que Michel Jackson conseguiu mudar a cor do corpo inteiro através das
tatuagens. De fato antes ele era negro, aí endoidou a mudar de cor que ficou
branco. Isto é o que se pode considerar um racismo autólogo ou autopreconceito.
Então o
invento do espelho tem sim, muita culpa e participação na invenção e prática
das cirurgias plásticas e procedimentos estéticos. Dentro da espelhologia temos
que destacar os subprodutos destes instrumentos de se autoexaminar. É de
simples explicação, antes havia apenas o espelho plano. Então vieram os espelhos
curvos, os de corpo inteiro, os de aumento. Nestes de aumento, justiça e mérito
sejam feitos às lupas e lentes de aumento. Nesse estágio então foram que as
coisas desandaram. A mulherada, e alguns homens também, passaram a
considerar algumas imperfeições. É uma atrofia aqui outra protuberância nesses
e outros lugares, e todos recorrem a alguma recauchutagem para sair melhor na
foto .
Algumas
cirurgias essencialmente estéticas, de mudanças de aspectos e contornos
corporais deveriam ser pecado. Mas, como não está escrito nos mandamentos
bíblicos, tudo passa batido. Eu não duvido que se novas edições das escrituras
sagradas fossem feitas pelos primeiros evangelistas, lá estariam algumas
cirurgias estéticas como pecado. E refletindo bem estariam cobertos de razão os
escribas da Bíblia. Afinal é a criatura, adulterando, falsificando uma arte
original de Deus. Faz todo sentido. Seria um pecado de falsidade
ideológica ou estelionato nessa atitude de alterar tantos órgãos e aparências.
Pecado inafiançável !
A outra
razão do incremento das plásticas advém de outro pecado. Como assim? Da gula ou
glutonaria. Explico: a pessoa (mais a mulherada) além do pecado de tanto comer,
tem outro pecadinho da modernidade, a preguiça. Glutonaria ou gula mais
sedentarismo resultam em um biótipo obeso e disforme. Excesso de gordura na
barriga, na cintura e atrofia de coxas e glúteos. Solução prática o sem
esforços? Lipoaspiração e implantes de silicone. Os riscos são uma infecção
hospitalar e/ou um espichamento de canela. De quando em vez a imprensa noticia
alguém que foi fazer uma lipo e acabou abotoando a blusa ou o paletó. Riscos da
vaidade.
Por
fim, uma explicação sui generis para tantos preenchimentos quem as me deu foi
um neurologista. Ei-la em resumo e finalizo: O corpo humano precisa de um
contínuo equilíbrio. Vale para loiras e morenas e alguns homens. O que ocorre
nesta que agora se denomina hipermodernidade? Um cérebro pouco exigido e pouco
exercitado ou que o exercite , mas com excessos de futilidade, tem a propensão
de atrofiar com a redução do córtex e da massa cinzenta (as mais
pensantes e de raciocínio lógico). Para esses grupos de pessoas, explicou-me o
neurologista, necessário se faz buscar um equilíbrio corporal. Daí que resulta
então a busca frenética e não pensada implantação de substâncias no corpo
para compensar a anatomia e restabelecer o equilíbrio ponderal. Perde-se a
massa pensante cerebral mas ganha-se mais em massa erotizante como
bumbum, lábios e seios à la Fafá de Belém! Para quem demorou a me dar
respostas estão aí as razões de tanta cirurgia plástica ou estética, tenham
elas ou não algum senso dialético, escalafobético ou ético.
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