Se
Dilma Rousseff soubesse o que a conquista do segundo mandato acarretaria,
talvez pensasse duas vezes antes de concorrer à reeleição. O momento
brasileiro, capitaneado pela instabilidade política e econômica, é turbulento
como há muito não se via em nosso País. Dessa maneira, opositores – e
apoiadores – vão à mídia questionar se o governo, nos atuais moldes, tem
condição de suturar suas feridas. Será o impeachment de Dilma uma solução?
A
oposição ao PT, oficialmente liderada pelos correligionários do PSDB, é
cautelosa sobre o tema. Em palestra na Universidade Harvard, nos Estados
Unidos, o senador José Serra afirmou que “impeachment não é programa de governo
de ninguém”. O discurso do parlamentar, entretanto, atribuiu a responsabilidade
pela crise à presidente. “Não dá para fazer de conta que o Brasil está sem
problemas", disse.
Recentemente,
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso opinou de forma semelhante,
descartando a hipótese do afastamento de Dilma. FHC declarou que ainda
faltariam aspectos jurídicos para uma decisão dessa magnitude.
O
senador Aécio Neves, por sua vez, mudou de postura em relação a entrevistas
concedidas em março. Caso se comprove o envolvimento de Dilma no uso de
dinheiro de bancos públicos para reduzir o déficit do governo em 2013 e 2014 –
a mais nova denúncia contra o atual governo – Aécio determinou que o partido
vai protocolar pedido de impeachment. Os depoimentos dos líderes do PSDB,
portanto, demonstram divergência sobre o próximo passo a ser tomado.
A bem
da verdade, a oposição anda discreta nesses primeiros meses do ano. E há
motivos para o zelo, afinal, o governo tem feito todo o serviço sozinho. A
incapacidade em tapar furos de administração somada às denúncias de corrupção
contribui à aniquilação da imagem do PT e da própria Dilma. Difícil é ser
situação nesse Brasil instável. Os tucanos, como na natureza, aguardam o
momento certo para dar o bote. Não que isso vá reverter o resultado das urnas
em 2014, mas ao menos um rival histórico cairia.
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mostrou-se irredutível sobre a
possibilidade do impeachment. "Vou analisar sob a ótica dos argumentos,
dos fatos. É preciso um pouco de cautela. Tenho de agir de acordo com o que
prevê a Constituição", declarou a jornalistas no Congresso. Esta posição é
administrativa ou política? Pergunto: o PMDB deseja assumir o poder agora ou
prefere ver Dilma sangrar ainda mais?
Convenhamos,
não há louco que deseje essa herança maldita que aí está. Aguardemos os
próximos capítulos.
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