A arte
de governar, mesmo com toda sorte de controles oficiais, não funciona, a
contento, sem o controle externo constituído, pela sociedade contribuinte.
Quando você vota o faz por dever, de igual forma, quando paga tributos exercita
o dever de cidadão, esses deveres lhes dão o direito de controlar, fiscalizar
as ações dos gestores públicos.
Naquele tempo antigo, começo da primeira
república, a princípio, havia turbulências, muitas falhas, na arte de governar,
como aconteceu com a assembléia dos trinta tiranos, a que sentenciou Sócrates a
beber cicuta, colocando a república, em perigo. Coube ao estratego Sólon,
dotado de grande sabedoria, elaborar leis, aprimorar a constituição, criando
entre outros dispositivos, salvaguardas, a Eclésia, Assembléia dos cidadãos.
Foram esses dispositivos, e, mais tarde, outros levados a cabo, por Péricles,
estratego da grande geração, que viveu Atenas, por ocasião da guerra do
Peloponeso, que consolidaram a República, coube a Péricles proclamar, pela
primeira vez na historia, a igualdade de todos perante a lei, individualidade
política, individualidade esta, ainda hoje, pisoteada pelos cateis,
transformando os eleitos, em marionetes deles. Contudo, a assembléia, Eclésia,
controlando a Boulè, consolidou a república, marcando a história, legando as
gerações atuais, exemplo sobejo de governo, de dar água na boca, como se pode
constatar, mesmo, as ditaduras colocam, no seu frontispício, o nome de
república.
Atenas era Cidade Estado, com pouco mais de duzentos mil habitantes,
no entanto, não votavam, mulheres, escravos, estrangeiros, tão pouco jovens com
menos de 25 anos. Isto reduzia a 40 mil o número de cidadãos votantes que controlavam
a Boulè, que vem a ser o Congresso de hoje.
O inolvidável, na república, é que
todo governante, desde aquela época aos dias de hoje, passou a ser contratado
e, ao mesmo tempo, dispensado, de forma pacífica, por meio de eleições livres.
Avançando no tempo, Império Romano, o cidadão podia perder, em parte, ou no
todo a cidadania, neste caso, virava escravo, no outro, perdia parte dela.
Em
nossa era, com a corrupção endêmica, poder-se-ia promover estudos do processo
antigo, adaptando-o a atualidade, punindo, de forma razoável, os corruptos,
inimigos viscerais da república. A reforma política, sem a correspondente
reforma moral, ética na política, não passará de mais um engodo, o poder, pura
e simplesmente, pelo poder.
O partido dos trabalhadores (PT) tinha tudo para propor
uma reforma política de, como a república grega, dar água na boca, no entanto,
perdeu o bonde da história ao abraçar de corpo e alma o atual processo
corruptivo dominante. Reuniu a sua cúpula partidária, para anunciar ao país que
não era exclusivista, na arte de superfaturar, fraudar o erário público,
realmente todo o povo brasileiro sabe que essa prática hedionda é comum, no
seio de todos partidos, partidos rotos, inimigos do sistema democrático, as
penalidades da lei deveriam ser severas com eles, no entanto, o corporativismo
dominante, nas instituições oficiais controladoras faz ouvido mouco, em
especial, a justiça eleitoral, esta a razão, pela qual a sociedade contribuinte
tem que acordar do sono hibernal, sono este, provocado mais pelo atraso, em
cultura política, desde os primórdios.
Todo sistema de governo onde predomina a
liberdade de escolher, sociedade aberta, só funciona de forma legal, salutar,
com a sociedade eleitora cutucando, com vara curta, os gestores contratados
pelo voto. Não basta votar, alias, o vota é, como dito, passaporte para este
direito, o de fiscalizar os atos deles, como não são fiscalizados, por falta da
inusitada cultura política, no lugar de exercitar a política como a arte de
promover o bem estar, felicidade do povo, corrente universal, verdadeira,
clássica, aristotélica, passa a praticar a outra, a de Maquiavel, a arte da
velhacaria, tapear, à semelhança do lobo em pele de cordeiro, “Homo homini
Lupus”.
Esse mal leproso de corromper o estado, surrupiar os impostos pagos, a
duras penas, por todos brasileiros, do mais pobre ao mais abastado, os tributos
estão embutidos em tudo que se produz e consome, não tem como se escapar dele,
vem de longe, no entanto, na atual conjuntura ela, corrupção, se tornou, mais do
que endêmica, epidêmica, no município, estado e União, o atual descalabro,
orgia, leva-me a pensar: penso, logo existo, plagiando Descartes, filósofo
Francês, no regime anterior, enquanto outros mamavam nas tetas da nação, ela, a
geração do muda Brasil chupava os dedos, então, pelo que se observa, no
panorama público atual, o desejo maior dos atuais ocupantes do poder era
alcançar as tetas generosas do estado de direito, que virou sem querer
querendo, estado torto de direito, basta você ler trechos dos discursos de
campanha, para sentir, na alma, a contradição, alma penada, com tantos
desatinos praticados, em nome desse estado de direito, da raposa e o leão
contra a lebre, fábula de Sófocles, pensador da grande geração, já mencionada.
Faltou a cúpula do partido dos trabalhadores que avançou, com tanta sede ao
pote, pote de mel e de ouro, entender o espanto filosófico, se é que existe
filosofia neste processo de roubalheira, meditar sobre o pensamento de
Aristóteles, no tocante ao espanto, que aludia Platão, pois, a perplexidade,
com o tamanho da ignorância, neste processo de tomada de decisão, mostrando
luz, onde predominava trevas poderia ser dissipada, pelo conhecimento, bastava
para tanto, consultar, como fazia os gregos, na antiguidade aos seus oráculos, hoje,os
doutos em sabedoria política, antes de mergulhar, sem chance de retorno, no
maior escândalo corruptivo do país, creio eu, do mundo, traindo a pátria, com a
desculpa da colaboração.Fosse a nossa sociedade contribuinte, eleitora,
espectadora engajada estaria, com jactância, construindo a sua própria história
controlando os governantes revertendo a conjuntura atual, no lugar de dançar
segundo a música sem rítimo deles, reverteria o processo fazendo-os dançar
segundo sua música ritimada, pelo seu controle, afinal, é ela que paga as
contas de todos governantes.
A primeira vista confunde-se com pesadelo,
assistir de camarote, a arte de governar, a mais sublime delas, se chegar ao
fundo do poço, banalizar-se, justamente por aqueles que clamavam, pela abertura
democrática. O que estará sentindo a cantora Fafá de Belém, cantando, na
ocasião, de viva voz, em praças publicas superlotadas de patrícios, de boa fé,
o hino Nacional?Hino este, que vem sendo soberbamente desvirtuado, por quase
todos os gestores públicos, desde os sete anões, em cadeia, à conjuntura
politiqueira atual, encimada pelo escânda-lo do Petrolão.
Em meio a toda sorte
de malabarismo, na arte de governar, onde, o instinto vem cavalgando a razão, o
correto, na esfera pública, seria a razão cavalgar o instinto, paixão, ao longe
começa a aparecer luz, luz, lá no final do túnel, que é a segunda manifestação
cívica, deste ano, ordeira, creio pacífica, participe leitor, com todo ardor,
dela, no próximo dia 12 de abril, repudiando a orgia desenfreada com o dinheiro
arrecadado dos contribuintes.
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