“Se fosse ensinar a uma criança a beleza da
música
não começaria com
partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos
as melodias mais gostosas e
lhe contaria sobre
os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a
beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o
mistério daquelas bolinhas pretas
escritas sobre
cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e
as cinco linhas são
apenas ferramentaspara a produção
da beleza musical.
A experiência da beleza tem de vir antes”.
Rubem Alves
Um dos temas
recorrentes na comunidade docente diz respeito à aprendizagem. Sempre ouvimos e
falamos sobre aprendizagem significativa, sobre a não aprendizagem dos nossos
educandos, enfim, sobre o processo de aprender e ensinar.
Às vezes me
pergunto se estamos efetivamente fazendo o questionamento de forma adequada e,
se este mesmo questionamento tem nos levado àquelas reflexões que promovem
mudanças. O que é a aprendizagem e, o que realmente sabemos sobre ela?
Existem muitas
teorias que tratam desse tema. Cada uma delas, há seu tempo, contribuiu e
continua a contribuir com o desenvolvimento dos estudos voltados a melhoria
educacional.
Podemos citar
alguns pensadores, como Jean Piaget, que criou a teoria do conhecimento centrada
no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa
por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a
capacidade plena de raciocínio é atingida. Já para Lev Vygotsky, o professor é
figura essencial do saber por representar um elo intermediário entre o aluno e
o conhecimento disponível no ambiente. De acordo com Emilia Ferreiro, o aluno
não vem para a escola sem saber de nada, ele traz consigo, um aprendizado
importante que deve ser aprimorado e contextualizado para promover condições
favoráveis as suas necessidades cotidianas.
Para Paulo Freire,
o conhecimento é algo a ser construído na coletividade, pelo qual o movimento
da ação–reflexão é tida como fundamental. Sua pedagogia se caracteriza por ser
dialógica e também dialética. Ele dá sua contribuição para a formação de uma
sociedade democrática ao construir um projeto educacional libertador.
Segundo Howard
Gardner, representante da Teoria das Inteligências Múltiplas, não se deve
cobrar do aluno somente o desenvolvimento da inteligência lógico-matemática e a
linguística, pois, o ser humano tem outras competências e, qualquer uma delas
pode estar mais evidente que as outras, oferecendo condições de progressão
intelectual/produtiva. Diz ainda que o ser humano é dotado de múltiplas
inteligências e tem que ser valorizado por inteiro.
Outro pesquisador
da educação, David Paul Ausubel dizia que, quanto mais sabemos, mais
aprendemos. Famoso por ter proposto o conceito de aprendizagem significativa.
Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já
existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar
novos conteúdos.
O que me questiono
continuamente é se nós, enquanto profissionais de educação, conhecemos essas
teorias no sentido amplo de aplicá-las no nosso cotidiano em sala de aula
visando à melhoria da qualidade de ensino.
Há quem atribua a
ausência da aprendizagem nas unidades escolares do nosso país, apenas à falta
de disposição do educando em aprender, esquecendo que o professor ou professora
é ainda o profissional que tem qualificação para possibilitar a
construção e a reconstrução do conhecimento. Conhecer e aplicar as
teorias de pessoas que passaram anos estudando o comportamento humano nas
escolas, já seria um bom caminho a ser trilhado.
É evidente que a
falta da aprendizagem dos educandos não pode ser, de forma alguma,
atribuída somente ao profissional de educação, pois, como já dissemos inúmeras
vezes, o educando faz parte do seu meio e o meio também influi na sua
capacidade assimilativa, ou seja, como o ser humano é integral não teria como
atribuir suas dificuldades de aprendizagem unicamente à escola e aos seus
profissionais.
O que gostaria de
pontuar é a necessidade de compreendermos as teorias e buscar na nossa pratica
cotidiana a melhor forma de aplicá-las para buscar a formação real e integral
dos nossos educandos. E como bem disse Rubem Alves: “Eu quero desaprender para
aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram. Desencaixotar emoções,
recuperar sentidos”.
E como iniciei este
artigo com as palavras de Rubem Alves, terminarei também com um pensamento dele
que me encanta pela verdade e singeleza: “Ensinar é um exercício de
imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos
aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não
morre jamais”.
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