Não corra, não faça isso, não pule aí...
muitas vezes nos percebemos persistindo com os nãos repetidamente com a
intenção de colocar limites, orientar e proteger os nossos filhos de situações
ameaçadoras.
Geralmente costumamos fazer um mau uso
do não, que deveria ser utilizado como um último recurso para evitar que ele se
desgaste e perca a força com o tempo. Colocar limites e orientar vai muito além
e o equilíbrio está em utilizar o não para coisas realmente importantes. Se
alguém lhe pedir para não pensar em algo específico, o que lhe surge na mente?
Provavelmente o que está proibido de pensar.
Estava relembrando um vídeo em que a
neurocientista Suzana Herculano-Houzel explica de uma forma bem didática e
clara o porquê das crianças não obedecerem aos nãos nas situações de comandos,
como por exemplo: “Não pode subir aí”, “Não corra”. Em muitos momentos parece
que elas nem nos escutam. A questão é que independente da fase que possamos
estar nos referindo, do contexto e da personalidade de cada criança, temos que
lembrar do que a neurociência nos ensina. “Existe uma parte da frente do cérebro,
localizado bem atrás da testa chamado córtex pré-frontal, que entre muitas
outras coisas é a responsável por impedir que a gente responda aos estímulos de
maneira automática, sem pensar.” Segundo a neurocientista: “O problema é que
esta parte do cérebro só amadurece na adolescência e enquanto não está madura a
criança responde ao que vê e ouve fazendo o que dá na telha”.
Quando a criança escuta o “não toque” o
seu cérebro se vê diante de um dilema, pois palavras como correr, pular e tocar
ativam automaticamente estas ações e o cérebro se prepara para executá-las. Se
a mensagem surge com um não na frente o cérebro não está maduro para bloquear a
ação. Falar não pule, pode ser justamente um convite ao pulo. O que podemos
fazer em relação a isto? Com estas informações inicialmente devemos nos colocar
no lugar deles e pensar sobre as substituições, utilizando palavras como
“parado” e “cuidado” por exemplo em uma situação ameaçadora.
Isto tudo envolve avaliar algumas
crenças que temos sobre a relação pais e filhos e de refletir sobre outras
maneiras de orientar os filhos, dar ordens e ditar regras. Primeiramente
reavalie os seus hábitos e de que maneira os “nãos” são aplicados no seu
cotidiano, controlando a impulsividade de dizer não o tempo todo evitando o dilema
para as crianças. Em todas as situações as explicações do por que de não
realizar determinado comportamento se faz necessária, de uma forma simples sem
se prolongar demais e ao contrário de “não e pronto!”. Crianças e jovens
precisam aprender a agir dentro dos limites estabelecidos com cuidado, para
adquirirem uma estrutura segura para lidarem com as situações novas e
desconhecidas.
Por: Raquel
Barboza Lhullier. Psicóloga, psicoterapeuta de crianças e adolescentes e
especialista em Psicoterapia Cognitivo Comportamental
raquelbarbozalhullier@gmail.com
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